domingo, 21 de dezembro de 2008

Siga esta idéia


Esta postagem é para registrar a bela iniciativa de nossa cidade. Um grupo participou de oficinas ofertadas pela prefeitura, em um espaço gentilmente cedido pela Associação Comercial e Industrial(ACI) e produziu os enfeites natalinos de garrafas plásticas, que provavelmente seriam jogadas na lixeira e poderiam ter destinos catastróficos, como estamos acostumados a ver em nossas ruas.
Um instrutor, do norte do Estado, ministrou as aulas gratuitamente. Além de embelezar nossa praça, estamos contribuindo com o meio ambiente. Esperamos que após o Natal este material continue a ser aproveitado, mesmo que de outra maneira.
Salve nosso município vizinho, Toropi, que também teve esta brilhante idéia e montou um grande pinheiro de garrafas pet.

Bernardo B. Bortolotto - *Acadêmico de jornalismo

E-mail: colunabbb@gmail.com

É, o Natal

Já estamos no final de 2008. Bem próximos do Natal. Tempo de reflexão, de harmonia, confraternização, solidariedade. Tempo de paz. Mas existe tudo isto no Natal? Quero questionar se há toda esta tranqüilidade, fraternidade. Você faz sua reflexão? Como ela é? Aliás, esta data é para celebrar o nascimento de Cristo?

O 25 de dezembro serve para aproximar pessoas. Famílias passam o ano inteiro separadas, em cidades distantes e no Natal estão todos juntos. Nem sempre, claro. Às vezes, o único contato possível é o espiritual ou as lembranças daqueles que já partiram. Então, reunir o pessoal de casa é motivo de alegria, é preciso aproveitar aquele momento. Aproveite! Pois, quando estará com a pessoa querida do seu lado de novo?

Ainda bem que existe o Natal. Os presentes? Eu adoro ganhar e distribuir presentes. Ainda mais se é surpresa. Porém, não passa de um consumo exacerbado nesta data. Consumo necessário, claro. Nós seres humanos estamos cada vez mais pobres de espíritos que os presentes precisam ser melhores, sofisticados e caros. Sim, eu sei, “ele(a) merece”.

Final do mês de novembro as vitrinas estão cheias de promoções para o Natal. De olho no décimo terceiro que vem por aí. “Compre em 20 vezes.” “Pague só no ano que vem.” Mais caem nestas tentações aqueles que mais precisam do salário(baixo) para sobreviver. Tudo bem. É a sociedade atual. O capitalismo. Todos tem o mesmo direito de ir e vir, embora a educação seja bem distinta entre um sujeito(ou indivíduo) e outro.

O nascimento de Jesus deve ser comemorado. Talvez Ele não soubesse que seria com tanto luxo para uns, menos para outros e nada para tantos mais. Quem sabe você nem leve em conta os ensinamentos do Senhor. Mas doa um brinquedinho no final de ano, enquanto nos outros 11 meses, desprezou crianças no lixo, com o rosto sujo e sem tomar banho.
Ainda bem que existe esta data. Pelo menos uma vez no ano pensaremos, por algumas horas, em melhorar a sociedade ou as relações familiares.

Bernardo B. Bortolotto - *Acadêmico de jornalismo

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Texto publicado no jornal Gazeta Regional do dia 20 de dezembro de 2008

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Pneu murcho em 2004, tanque vazio em 1996

A declaração do prefeito Victor Doeler(PTB) de ter recebido a prefeitura, em 2004, com apenas um carro e ainda por cima com os pneus murchos, gerou desconforto no ex-prefeito Walmyr Dressler(PMDB). Depois de ficar no executivo por oito anos(1996 a 2004), Dressler foi o responsável por entregar a chave da cidade ao atual prefeito naquele ano. O texto Saindo por cima: Victor Doeler se despede da política, publicado neste espaço, no dia 29 de novembro, está na internet no endereço: www.colunabbb.blogspot.com
Durante nossa conversa, Walmyr deixa claro que no sábado, dois dias antes de entregar o executivo para Doeler, em 2004, o carro da administração estava em boas condições, com “pneus cheios e tanque cheio”. Dressler destaca o “tanque cheio”. O ex-prefeito resolve falar de um assunto nunca relatado. O fato aconteceu em 1996, quando, desta vez, Victor passou a prefeitura para Walmyr.
O peemedebista revela que recebeu o automóvel da administração sem gasolina. “Não dava para ir e voltar ao local da posse”, comenta Walmyr. Ele ainda destaca que chamou um colega de partido na época, que hoje é secretário da administração de Doeler, para encher o tanque do veículo. “Nunca quis comentar o fato. Tive a serenidade de não deixar vir a público esta situação”, diz Walmyr.
São duas situações lamentáveis. A forma como receberam os carros, um sem gasolina, em 1996, de Victor para Walmyr(conforme relata Walmyr), o outro com os pneus murchos, em 2004, de Walmyr para Victor(de acordo com Victor) são resultados das picuinhas partidárias que existe no meio político e nas disputas em São Pedro do Sul. E quem perde ou ganha? Quem ganha é difícil dizer, mas quem perde sempre é o são-pedrense!
Bernardo B. Bortolotto - *Acadêmico de jornalismo
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Texto publicado no jornal Gazeta Regional do dia 13 de dezembro de 2008

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Iamandá apresenta: Ana Arend

Na noite de sexta-feira passada, 28 de novembro, no Espaço das Américas em São Paulo, brilhava a são-pedrense Ana Paula Arend, 14 anos, na final do Supermodel Brazil. De 700 mil inscritos, entre meninos e meninas, apenas 16 foram à capital paulista. Aquela noite foi de apresentações dos futuros modelos ao mundo da moda. Os desfiles foram transmitidos para diversos países pelo canal MTV.

Foi só descer da passarela e logo as agências de modelos estavam em volta de Ana. Recebeu três propostas de trabalho no exterior. Terá que sair do país, pois no Brasil só pode atuar a partir dos 16 anos. Se optar pelos Estados Unidos, na megalópole de Nova Iorque ou Japão, cidade ainda indefinida, a adolescente deverá fazer as malas no final de dezembro e partir em janeiro de 2009. A terceira oportunidade seria Milão, Itália, com partida em julho do próximo ano.

A família, que mora em Iamandá, há dois quilômetros do perímetro urbano, está contente e apóia a carreira escolhida pela filha. “Nós sempre apoiamos. É um sonho dela”, garante Terezinha Arend, mãe da menina. “Quero viajar bastante, conhecer vários lugares”, comenta a adolescente. Na primeira viagem, Terezinha vai acompanhar a filha. Os passaportes já estão prontos.

Ana é vista como promessa no mundo fashion. Inclusive já tem contrato de quatro anos com a agência internacional Ford Models. A loira de olhos verdes, 1 metro e 80 de altura, levará o nome da cidade para o planeta. Graças ao incentivo dos pais e sua dedicação ao que mais gosta de fazer, Ana começa a trilhar o caminho dos seus sonhos. Boa sorte!

Bernardo B. Bortolotto - * Acadêmico de jornalismo

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Texto publicado no jornal Gazeta Regional do dia 06 de dezembro de 2008

domingo, 30 de novembro de 2008

Saindo por cima: Victor Doeler se despede da política

Colando cartazes em postes. Assim, aos 18 anos, Victor Doeler iniciou sua carreira política. Convidado pelo tio Werner Doeler, Victor ingressou no Movimento Democrático Brasileiro, hoje o PMDB. Em 1974 não era simplesmente colar cartazes. Com a ditadura em alta, tinha que sair a noite e de olhos bem abertos.

Passado os anos de chumbo, em 1988, Victor venceu sua primeira eleição. Entrou como vice-prefeito de Walmyr Dressler. Quatro anos mais tarde, aos 36 anos, foi eleito, pela primeira vez, prefeito da cidade. “Eu era muito imaturo. Queria as coisas muito rápido”, lembra. Mas o tempo se encarregou do amadurecimento e da experiência do então prefeito.

Em 2005, Doeler conta que recebeu duas chaves. Uma delas era do prédio da prefeitura. A outra, do único carro da administração, que estava com os pneus murchos. Dentro do seu gabinete encontrou alguns documentos em cima da mesa. “Quando cheguei(na prefeitura) tive que ir juntando os documentos. Não tinha nada! Não tinham arquivos”, esclarece o prefeito.

De bermuda, chinelos e uma camisa
, Victor se revela tranqüilo. Está seguro de ter cumprido seu papel em São Pedro. “Estar aqui é a possibilidade de fazer algo. É gratificante quando vemos as coisas prontas”. Em quatro anos de governo, o prefeito está satisfeito por recuperar o maquinário municipal, além de transformar a cidade em um pólo de saúde na região. “As cidades vizinhas, como Mata, Toropi, Dilermando e até Santa Maria, estão buscando tratamento aqui”, destaca.

Quando vai me servir um copo de água, Victor abre o freezer e mostra os presentes que entregaram em seu gabinete. “Estas aqui ganhei de um pessoal de Guassupi(mostrando duas garrafas de cachaça, produzidas aqui na cidade)”, apontando com a satisfação e o sentimento do trabalho reconhecido pelos moradores.

“Temos que dar lugar para os mais jovens”
, explica depois de anunciar que vai deixar a vida política. Sua família não gostou quando ele entrou para este meio e agora “chegou a hora de sair”. Victor é casado com Deisy. O casal tem dois filhos, Frederico e Patrícia. O neto, Arthur Doeler Bayer, de 8 anos, é o xodó do casal.

Depois de quase uma hora de conversa, Victor exibe fotos de seu lugar preferido. Onde mais gosta de estar. Tem suas plantações e criação de cavalos crioulos. É uma fazenda no município de Cacequi. “Só de estar lá, já estou em férias”.

Victor Doeler deixa seu mandato com saldos positivos. Pergunto se ficaram mágoas por ter perdido a eleição e a resposta é imediata: “quem recebe 5.284 votos, não pode ficar triste”.

Depois das dificuldades enfrentadas quando assumiu o executivo em 2005, ele instalou um programa de computador, onde o prefeito eleito tem acesso a tudo, até mesmo de sua própria casa. As contas do município, todas elas, apresentam superávit. E a garagem da prefeitura, hoje conta com quase dez carros e Victor garante, “todos eles com os pneus cheios”.

Victor Doeler concorreu 6 vezes em São Pedro do Sul. Perdeu 3 e venceu 3.

* Foi derrotado em 1982 na disputa para vereança. Em 1996 e 2000 perdeu para prefeito.

* Venceu em 1988 como vice-prefeito. Em 1992 e 2004 elegeu-se prefeito.

Bernardo B. Bortolotto - *Acadêmico de jornalismo

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sábado, 22 de novembro de 2008

A ponta de um iceberg

A notícia de que o Ministério Público(MP), por meio do promotor de justiça de São Pedro do Sul, Davi Lopes Rodrigues Júnior, entrou com pedido de cassação do prefeito eleito, Marcos Ernani Senger (PT), da vice Elaine Pereira, a Neneca (PMDB) e do vereador reeleito Moacir Ramos, o Gauchinho (PSDB), na segunda-feira, 17, agitou a cidade.

Durante esta semana o promotor não quis se manifestar sobre o assunto. Um servidor informou que enquanto a representação estiver em trâmite, ele não falará. De acordo com a assessoria de imprensa do MP, as acusações contra o prefeito eleito giram em torno de um cantor contratado para tocar na Ronda do CTG Itaquatiá, em 2007. Este, teria feito um verso lançando a campanha de Marcos.
Conforme o site do MP, o promotor tem provas que este mesmo cantor, “amigo e colaborador”, teria feito campanha, inclusive uma apresentação em uma festa no Passo dos Barroso, em 4 de outubro, um dia antes das eleições. Neste evento, o artista teria pedido votos para Senger, com conotações em suas canções e versos.

Não pára por aí. A acusação também é de “distribuição de carne, bebidas e transporte gratuito” para aquela localidade no dia da festa. Segundo a assessoria de imprensa do MP, o promotor Davi Lopes Rodrigues Júnior, afirma que o Passo dos Barroso é “paragem de pessoas humildes”.

Marcos Senger se diz tranqüilo em relação as acusações. “Sempre procurei fazer as coisas corretas. Há denúncias contra atos praticados por um vereador que me atingiria, porque esta pessoa teria pedido votos para mim”, relata o prefeito eleito. Quanto ao evento no Passo dos Barroso, descrito pela assessoria de imprensa do MP, o petista nega qualquer envolvimento.

Marcos contribui com um piquete, doando camisetas antes do período eleitoral. “Eu como advogado sempre auxiliei as entidades. Eu dei umas camisetas, inclusive escrito meu nome como advogado. Não existe má fé alguma”. Senger deve apresentar sua defesa em breve. Pelo menos mais três pessoas foram acusadas pelo promotor, por compra de votos(conforme a assessoria de imprensa do MP).

Para piorar, o estresse para a formação do secretariado da prefeitura é grande. A coligação, essencial para a vitória nas urnas, aumenta a dor de cabeça. Quem fica com qual secretaria? Alguns nomes foram selecionados. Entre eles, está um ex-vereador de Santa Maria, que não conseguiu boa votação nesta última eleição e ficou de fora do legislativo.

O nome de Loreni Maciel causou indignação em alguns são-pedrenses. Poucos o conhecem. Uma questão paira no ar: não poderia ser alguém daqui para esta vaga? Faltam 39 dias para o novo prefeito assumir seu posto. Até lá, muita coisa ainda deve acontecer.

Bernardo B. Bortolotto - *Acadêmico de jornalismo

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Este texto foi publicado no jornal Gazeta Regional do dia 22 de novembro de 2008

sábado, 15 de novembro de 2008

Noites violentas

São Pedro do Sul vive numa época de insegurança. No interior, as famílias vivem amedrontadas e encolhidas, devido aos freqüentes furtos, assaltos e até mesmo homicídios. No perímetro urbano, lojas são assaltadas e as brigas tomam conta dos finais de semana, nos bairros e no centro. Em cidade pequena, como a nossa, isto é assustador.

Na madrugada de sábado passado, na Praça(quase Ring) Crescêncio Pereira, começou uma confusão. A desordem era generalizada. Cadeira para um lado, garrafas voando para outro, socos e chutes. Uma pessoa(não será identificada) viu tudo e estava apavorada. “A briga começou lá e veio até a esquina. Voava cadeira”, conta.

Não sei quem eram os envolvidos, nem quantos os machucados. Um leitor relatou um fato. Na madrugada(perceberam a hora?), de sexta-feira, na Praça(e o local?), um homem cortou a perna de outro com um facão, faca ou qualquer coisa afiada. Sabe-se que, a vítima ou acusado, foi levado a Santa Maria às pressas, pois o caso ficou grave.

Nisto tudo, o mais agravante são as pessoas saírem de casa para brigar. E o pior, por motivos fúteis! Preocupante também, é a falta de policiamento. Sabe-se das más condições de trabalho(falta de equipamentos, viaturas e policiais) da Brigada Militar e Polícia Civil, mas será que nada pode ser feito? Não se pode permitir que os casos de violência tomem proporções maiores.

Quem gosta de sair, se divertir, convive com as confusões. E pode ter certeza, todo final de semana tem tumulto. Muitas pessoas já escreveram para o e-mail deste espaço e relataram estarem com medo e, por isto, não saem mais de casa. Medidas de precauções devem ser tomadas. Daqui um pouco a violência pode invadir as casas dos são-pedrenses.

Bernardo B. Bortolotto - *Acadêmico de jornalismo

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Foto: Bernardo B. Bortolotto
Texto publicado nojornal Gazeta Regional de 15 de novembro de 2008

domingo, 9 de novembro de 2008

São Pedro exporta progresso

Na noite de domingo o IBAMA e a Polícia Rodoviária Federal(PRF) haviam apreendido 95 toneladas da pedra semi-preciosa Ágata, na BR 158, na serra que liga Santa Maria com Itaara. Quem me deu maiores detalhes foi o chefe do escritório regional do IBAMA em Santa Maria, Tarso Isaía. O carregamento saiu de Salto do Jacuí e seria levado para o Porto de Rio Grande, onde embarcaria para a China. No decorrer de nossa conversa, chegamos ao fato ocorrido no dia 7 de março deste ano, na BR 287, envolvendo as madeiras fossilizadas de São Pedro do Sul, onde foram apreendidos oito metros cúbicos ou uma caçamba de caminhão cheia.

A exportação destas pedras não é ilegal. Contra a lei é a forma de extração, pois degrada o meio ambiente. É necessário uma série de licenças para escavar a terra. Mas o agravante nisto tudo é a falta de conhecimento das pessoas, inclusive de autoridades. O patrimônio de madeiras petrificadas da nossa cidade é de extrema importância para a humanidade. São 200 milhões de anos abaixo da terra, é material de pesquisas, turístico.

Quando as “nossas” pedras foram apreendidas no início do ano, também pelo IBAMA e PRF, todos sabem qual o destino delas? Será que alguma pedra voltou à cidade? A resposta é não! Elas foram distribuídas para o exército e prefeitura de Santa Maria. Toda apreensão feita deste gênero é doada a órgãos públicos, como os citados. Mas estes órgãos entram em filas para disputar o material, não é fácil de consegui-lo.

Tarso Isaía, revela que naquela época enviou um servidor a São Pedro do Sul para devolver os fósseis e uma autoridade local teria lhe dito que não queriam as pedras, “porque a cidade já tinha o bastante”. “Como entulho nossas riquezas naturais vão sendo exportadas das cidades. Riquezas que qualquer europeu, chinês, paga dezenas de dólares, por um pedaço qualquer! Infelizmente isto é uma questão cultural. Lamentavelmente.”, desabafa Isaía.

O desenvolvimento e a riqueza de nossa cidade estão sob o solo. Porque não temos ainda um reconhecimento mundial? Nossa área de fósseis é 4 vezes maior do que a de Mata. E não escuto falar de nenhum um outro local com tanta abundância de madeiras fossilizadas.

Quem sabe quando os alemães chegaram a São Pedro do Sul e levaram o esqueleto do dinossauro encontrado em nossas terras, que hoje reside em cartazes espalhados pela cidade, não perguntaram antes se poderiam levar para seu país e a resposta dada foi: “pode sim, aqui nós temos bastante”. Quem sabe?!


Bernardo B. Bortolotto - *Acadêmico de jornalismo

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sábado, 1 de novembro de 2008

“É famoso neste meio e os policiais o chamam de são pedro”

Há uns sete anos atrás, não recordo bem ao certo, andando pela praça com um amigo, em uma manhã ensolarada, um menino, aparentando ter dez anos, nos parou e pediu dinheiro para comer. Tudo o que tínhamos eram moedas, alguns centavos que devia dar para alguns pães. Era o que dois piás poderiam ter no bolso. Continuamos a andar pelo centro, quando passamos em frente de um fliperama(casa de vídeos-game) e tivemos uma surpresa. O guri, que tínhamos dado nossos centavos, estava lá dentro contando “moedinhas” para jogar em uma máquina. A partir daí, evitei dar esmolas.

Um caso sério! Dar dinheiro assim, sem saber como vai ser gasto é complicado. Descobrimos que o garoto tinha uma relação complicada com os pais e por isto vivia nas ruas da cidade, de um lado para o outro. Pedia colaborações para, o que toda criança em situações normais deve fazer, se divertir. Da forma dele, é claro. Sem instruções, nem acompanhamento.

Talvez as suas companhias, quem sabe o jeito de enxergar a vida e encontrar soluções para ela ou uma soma de fatores de sua infância, tenha selado o seu futuro. Passou a ter uma adolescência conturbada. Como sempre estava pelas ruas, era fácil saber de suas travessuras. As safadezas passaram a ser de mau gosto. Suas roupas e jeito contribuíam para sua marginalização. Muito aquém da margem da sociedade.

Hoje este rapaz, com quase 18 anos, está em Santa Maria. Onde? Da mesma forma como em São Pedro, nas ruas. Encontrei ele na Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento(DPPA), quando fazia uma reportagem. Chegou acompanhado de dois policiais. “Indivíduo” comum no meio policial, já foi pego por furtos e roubos em mercados, farmácias, por invasão domiciliar. É famoso neste meio e os policiais o chamam de “são pedro”.

Naquela tarde ele me viu e perguntou, com sorriso e cheio de expressões: “O que faz aí? Como vai nossa cidade?”. Respondi que estava trabalhando em Santa Maria agora e perguntei: “E tu? O que veio fazer aqui?”. “Nada não. Eu só tava caminhando e fui pedir as horas pra uma mulher e ela me chamou de mendigo e disse que eu queria roubar ela. Mas eu não ia fazer isso”, respondeu. Passo dias refletindo sobre este inesperado encontro.

Bernardo B. Bortolotto - *Acadêmico de jornalismo

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A imagem acima foi recolhida do seguinte blog jlfreire.blog.uol.com.br

Este texto fou publicado no jornal Gazeta Regional do dia 1º de novembro de 2008

sábado, 25 de outubro de 2008

A bestialidade humana

Nesta semana me envolvi muito com animais de estimação, principalmente cachorros. Primeiro fiz uma reportagem sobre cães que vivem em ambientes fechados(apartamento, condomínio, casa) – tarefa para a faculdade. Na última quinta-feira entrevistei, em Santa Maria, – para a rádio Santamariense – um taxista aposentado, de 78 anos, ganhou mídia em todo estado depois de arrastar por três quadras um cachorro. Existe selvageria pior? Sim.

Talvez muitos tenham ouvido falar. Mas para relembrar, Alceu Pozati atou o cachorro no pára-choque de seu Fusca e o arrastou pela rua Rigoberto Duarte, após a Floriano Peixoto. Um empresário passava pelo local, viu o fato e jogou seu veículo contra o de Pozati tentando pará-lo. Ele conseguiu. A veterinária Marlene Nascimento recolheu o cão que passa bem. O animal levantou pela primeira vez, depois do caso, na última quarta-feira.

Pozati alega que não tinha a intenção de matar o animal, somente de levá-lo para outro lugar, pois o mesmo cachorro estaria incomodando na sua casa. Bem, ele não mediu as conseqüências(pensando pelo lado positivo). A população de Santa Maria e até de fora do Estado, ficou chocada. “De onde vem tamanha crueldade para fazer isto com um animal considerado o melhor amigo do homem?”, as pessoas questionam. “Um senhor de 78 anos”, complementam.

Alceu Pozati está com uma audiência marcada para o dia 30 e deverá pagar multa ou cestas básicas. Ainda há possibilidade de o caso ir parar na Polícia Civil. Com 78 anos, o aposentado leva sua vida em um casebre de madeira, com sua esposa deficiente das vistas – não enxerga um palmo à sua frente. Desde aquele dia a vida do casal mudou radicalmente. Além do assédio da imprensa, as pessoas não param de ligar para sua casa. Já ouviram muitos xingamentos. Pozati levará este episódio para o túmulo. E as pessoas não vão esquecer a imagem do “velho cruel” com os animais. Querem punição.

O “Mimoso”, como foi batizado o cachorro, será doado. Espera-se um dono responsável que alimente bem e dê amor e carinho. Enquanto isto, milhares de homens, mulheres e crianças dormem nas calçadas, passam frio, fome e fedem. Apodrecem a mercê da população. Dane-se tudo isto! Não passa de mais um caso “comum” da pobreza. Para muitos, um empecilho.

Bernardo B. Bortolotto - *Acadêmico de jornalismo

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A ilustração deste post é uma montagem, feita pelo autor do blog, a partir de imagens recolhidas na internet.

Texto publicado no jornal Gazeta Regional do dia 25 de outubro de 2008

domingo, 19 de outubro de 2008

Terra Preta

A parte inferior do solo da terra preta é repleta de fragmentos de cerâmica pré-colombiana. Esta terra é encontrada somente onde haviam pessoas, o que significa que trata-se de um solo artificial, resultante da atividade humana anterior à chegada dos europeus.
Um dos elementos cruciais da terra preta é o carvão vegeta, obtido da queima de plantas e outros detritos orgânicos em baixa temperatura. Adicionados em solos ruins, o carvão moído e a fumaça líquida, provocam um crescimento exponencial na população microbiana, dando início ao ecossistema subterrâneo, essencial à fertilidade. O carvão proporciona um habitat aos micróbios em parte porque os nutrientes ficam presos, isto é, não são levados embora.
A agricultura responde por mais de um oitavo da produção humana de gases associados ao efeito estufa. O cultivo intenso da terra libera dióxido de carbono ao expor matéria orgânica antes no subsolo. A criação de terra preta em todo o mundo consumiria tanto carvão vegetal rico em carbono que compensaria suficientemente a liberação na atmosfera do carbono presente na terra.

Baseado na revista National Gegraphic do mês de setembro, edição 102.
Reportagem: “Nossa boa terra”, por Charles C. Mann (página 52 à 77)

O futuro do mundo em baixo dos teus pés

O mundo embarcou em uma onda de crises. Tudo acontece ao mesmo tempo. O aquecimento global, a falta de crédito nos bancos americanos(graças à prepotência do Tio Sam), escassez mundial de alimentos e tantos outros, levam a pensar que logo o mundo vai ser exterminado pela raça humana. Mas não é bem assim. A solução para muitos problemas do homem está sob teus pés, o solo.

Mais de 6 bilhões de pessoas dependem de alimentos cultivados em apenas 11% da superfície terrestre. Deste percentual, somente 3% abriga solos naturalmente férteis. A degradação da terra pode transformar zonas produtivas em locais estéreis com rapidez. Isto já está acontecendo. O uso em excesso de venenos, agrotóxicos e até mesmo de maquinários responsáveis pela compactação do solo, contribui para a improdutividade e degradação do ambiente.

O aquecimento global pode ser atenuado com o uso de carbono na recuperação de solos ruins. Sem gastos excessivos. A “terra preta”, encontrada no solo Amazônico, apresenta abundancia de minerais essenciais, como fósforo, cálcio, zinco e manganês. Seu elemento principal, que dá a cor escura à terra, é o carvão vegetal. Ele é responsável pelo crescimento exponencial na população microbiana, dando início ao ecossistema subterrâneo, fundamental à fertilidade. (Saiba mais sobre a terra preta na postagem acima).

Em países pobres, a escassez de alimentos é provocada principalmente pelos solos degradados. A solução é importar a alimentação, tornando-a mais cara, e por isto, muitos de seus habitantes passam fome. No Brasil já se tem notícias da crítica situação das regiões norte e nordeste. Em São Pedro do Sul, já começamos a sentir as dificuldades impostas pelo tempo. Portanto, cuide bem do teu solo, pois ele pode garantir o teu futuro e de milhares de pessoas.

Bernardo B. Bortolotto - *Acadêmico de jornalismo

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Texto publicado no jornal Gazeta Regional do dia 18 de outubro de 2008

sábado, 11 de outubro de 2008

A vida e a política de Senger. Perfil do futuro prefeito

Seu Mário João Senger, ecônomo do Clube do comércio, em meados de 1973, já recebia a ajuda dos filhos. Uma hora atendia na copa, outra, armava o bolão enquanto os mais velhos jogavam. Assim era o dia-a-dia de Marcos Ernani Senger, na época com 7 anos. Aos 8, foi trabalhar na Ferragem Central, na rua Expedicionário Almeida. O ofício foi necessário desde cedo. Talvez a convivência com as pessoas tenha despertado o interesse pela mudança. Em 1986, quando ingressou no setor jovem do PMDB, deparou-se com o desagrado da mãe Welcir. “Ela pensa que a política atrapalha a minha vida”, revela Marcos.

Formado em matemática e física pela Faculdade Imaculada Conceição, hoje UNIFRA, foi professor por alguns anos até sair advogado da Universidade Federal de Santa Maria, em 96. Na carreira política foi eleito vereador de São Pedro do Sul, em 2000. Radical, não aceitava opiniões diversas e seus projetos não eram aprovados. Foram 4 anos de experiência. Reeleito em 2004, aprendeu que é necessário conversar, debater e ouvir novas idéias. “Hoje estou mais aberto a diálogos e opiniões”, confessa Senger.

Dois dias depois de ser eleito, o telefone não pára de tocar. “Não paro de receber ligações”, comenta o novo prefeito. Pessoas, amigos de todos os lugares desejando felicitações e sucesso. O encontro casual na tarde de terça-feira, entre um velho companheiro e também futuro governante, no calçadão de Santa Maria, relembrou tempos de Piratini. Marcos Senger trabalhou de 89 a 90 na Capital com Cezar Schirmer. Bem, foi uma troca de elogios.

Aos 42 anos, Marcos recebe uma enorme responsabilidade. Muita gente desconfia do futuro governo e ele terá que conquistar a confiança destas pessoas. Para isto, pretende trabalhar em parceria e com a participação popular. “Precisamos gerar empregos e financiar melhor o agricultor”. Para alcançar estes objetivos, o advogado se espelha na personalidade e persistência do presidente Luís Inácio Lula da Silva e no ex-governador Olívio Dutra.

Senger assumirá a prefeitura em janeiro de 2009, mas na quarta-feira(8), foi a Porto Alegre ver possíveis projetos na FUNASA, já visando o novo mandato. Até lá, o novo prefeito deve seguir o seu trabalho na câmara de vereadores, no escritório de advocacia e é claro, passar o maior tempo possível com a esposa Valéria, os filhos Athos de 6 e Joana de 3 anos. E também com a mãe Welcir Weber Senger, hoje, muito feliz com os resultados que a política deu ao filho.
Bernardo B. Bortolotto - *Acadêmico de jornalismo
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Texto publicado no jornal Gazeta Regional do dia 11 de outubro de 2008

Esta entrou para a história do PT

A eleição 2008 entrou para a história de São Pedro do Sul. Quem esperava uma lavada decepcionou-se. A diferença apertada de 449 votos entre o prefeito eleito, Marcos Senger(PT) e o atual, Victor Doeler(PTB), vem em segundo lugar, depois da inédita eleição de um candidato petista. É a primeira vez que o Partido dos Trabalhadores(PT) ocupará a prefeitura. Outro fato, é que o novo prefeito estará atuando ao lado do governo estadual e federal. O Partido da Social Democracia Brasileira(PSDB), da governadora Yeda Crusius, faz parte da coligação eleita. E já está confirmado o apoio. Sem dúvidas, a aliança do PT com outros partidos foi fundamental para o triunfo da eleição para prefeito.

No Rio Grande do Sul, o PT foi o partido que mais avançou nas eleições 2008. De 43 prefeituras, passou para 60. Este número ainda pode aumentar, pois o partido tem representantes no segundo turno de três cidades – Porto Alegre, Canoas e Pelotas. O Partido Trabalhista Brasileiro mantém 31 prefeituras, mesmo número de 2004. Ainda pode sair do lugar, pois tem um representante disputando segundo turno, em Canoas. Confira a lista completa de outros partidos no post abaixo.

Na terça-feira(7), pela tarde, entrevistei o novo prefeito de São Pedro do Sul. A idéia é apresentar o perfil daquele que vai estar a frente da prefeitura pelos próximos 4 anos. Para a edição da Gazeta Regional do dia 29 de novembro, um mês antes da troca de prefeitos, pretendo relatar aqui o perfil e balanço do mandato(2004-2008) de Victor Doeler(ainda por combinar).
Bernardo B. Bortolotto - *Acadêmico de jornalismo
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Texto publicado no jornal Gazeta Regional do dia 11 de outubro de 2008

Balanço de prefeitos eleitos no RS por partido

PP (concorre em segundo turno em uma cidade)
2008 - 146
2004 - 134
PMDB (concorre em segundo turno em uma cidade)
2008 - 143
2004 - 136
PDT
2008 - 64
2004 - 97
PT (concorre em segundo turno em três cidades)
2008 - 60
2004 - 43
PTB (concorre em segundo turno em uma cidade)
2008 - 31
2004 - 31
PSDB
2008 - 19
2004 - 17
DEM
2008 - 13
2004 - 18
PSB
2008 - 12
2004 - 9
PPS
2008 - 4
2004 - 3
PHS
2008 - 1
2004 - 2
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Fonte: ZEROHORA.COM

sábado, 4 de outubro de 2008

Está nas tuas mãos

Amanhã, dia 5, é de muita importância para o Brasil. A população vai escolher o prefeito, de sua cidade, para a próxima gestão e também seu representante na câmara de vereadores. O voto consciente, como já foi escrito nesta coluna outras vezes, é de muita importância na seleção do candidato. Alguns eleitores ainda estão indecisos. Outros, confiantes. Cidadania é um dever de todos. Votar e cobrar o candidato no futuro é fundamental, mas não basta, também é preciso fazer.
No domingo saberemos quem será o prefeito dos próximos 4 anos. Mesmo ouvindo os dois partidos dos candidatos à prefeitura, anunciarem vitória com larga vantagem sobre o outro, me soa que esta eleição será disputadíssima. Mas, independente de quem vença, o papel da população ainda é o mais importante.
A cidade é o reflexo de seus moradores. O espelho das atitudes de cada um. Será que uma pessoa é capaz de solucionar todos os problemas? É um super-homem? Lixeiras destruídas, calcinhas vestindo placas de trânsito, pessoas brigando e discutindo nas ruas, bares, clubes. Não basta criticar sem tomar atitudes para solucionar o problema. Debater, com inteligência, as questões pertinentes às reclamações.
Ser cidadão é cobrar o prefeito, o vereador, candidatos, vizinhos, moradores, todos aqueles que fazem parte da tua comunidade. O progresso é coletivo. Choros, acusações, críticas e brigas, não cabem mais à sociedade contemporânea, se não vierem acompanhados de sugestões e atitudes. Os representantes eleitos pela sociedade, devem saber disto, o poder está nas mãos dos sãopedrenses.

Na hora de votar
Não esqueça do título eleitoral ou carteira de identidade. Leve sua cola. O eleitor pode até usar boné, camiseta, bandeira de seu candidato, mas jamais pedir voto(direta ou indiretamente), isto pode ocasionar uma prisão em flagrante.
Pessoas com 70 anos para cima não são obrigados a votar e não precisam encaminhar papéis ou justificar. Em caso de justificativa, esta pode ser feita até 60 dias depois das eleições em cartório eleitoral.

Bernardo B. Bortolotto - *Acadêmico de jornalismo

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Texto publicado no jornal Gazeta Regional do dia 03 de outubro de 2008

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Semana das avaliações

Esta é a última semana antes da eleição municipal. Eleitores indecisos deverão fazer a sua escolha. A disputa por esses votos será aguerrida. Quem já decidiu, pode reavaliar propostas dos candidatos, fazer comparações e analisar as possibilidades de realização de tais sugestões.

Em São Pedro do Sul, são 45 candidatos a vereadores(32 homens e 13 mulheres) e dois para prefeito, conforme o site do Tribunal Superior Eleitoral(TSE). Selecionar um, de cada, é uma tarefa árdua. Não é pela beleza ou simpatia. A campanha “Escolha bem quem vai trabalhar para você”, do Grupo RBS, apresenta o eleitor como “patrão” do candidato e selecionando os currículos do futuro “funcionário”.

Tudo pode acontecer nestes últimos dias. Nós, eleitores, sabemos da responsabilidade de um voto consciente. Questione seu candidato, suas propostas, como pretende administrar problemas da comunidade, visando o progresso. Vereadores não detêm o poder de realizar obras, portanto, não acredite em promessas deste gênero. Escolha alguém que saiba ouvir opiniões, defenda melhorias para o município, fiscalize a atuação da prefeitura.

Não venda seu voto! Se não fizesse diferença, ninguém tentaria comprar. Saiba também que é crime. Ao presenciar troca de voto, por dinheiro, cestas básicas, matérias de construção, denuncie ao juiz eleitoral, promotor ou Comitê 9.840(saiba mais http://www.lei9840.org.br/). Não aceite ameaça como demissão do emprego ou agressão física.

Lembre-se, teu voto dá poder e põe em jogo milhares de pessoas.

Bernardo B. Bortolotto - *acadêmico de jornalismo
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Este texto foi publicado no jornal Gazeta Regional do dia 27 de setembro de 2008

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

A cláusula do gaúcho, por Simões Lopes Neto

A Revolução Farroupilha, homenageada hoje, dia 20, em todo Rio Grande do Sul, resgata as formas de vida dos nossos antepassados. O escritor, João Simões Lopes Neto, deixou registros do meio físico e sociológico, de quase um século atrás. No livro Contos Gauchescos, escrito em 1912. O autor destaca os “Artigos de fé do gaúcho”. Normas indispensáveis, aqui reproduzidas.
1. Não cries guaxo: mas cria perto do teu olhar o potrilho pro teu andar.
2. Doma tu mesmo o teu bagual: não enfrenes na lua nova, que fica babão; não arrendes na miguante, que te sai lerdo.
3. Não guasqueies sem precisão nem grites sem ocasião: e sempre que puderes passa-lhe a mão.
4. Se és maturrango e chasque de namorado, mancas o teu cavalo, mas chegas; se fores chasque de vida ou morte, matas o teu cavalo e talvez não chegues.
5. A maior pressa é a que se faz devagar.
6. Se tens viajada larga não faças pular o teu cavalo; sai ao tranco até o primeiro suor secar; depois ao trote até o segundo; dá-lhe um alce sem terceiro e terás cavalo para o dia inteiro.
7. Se queres engordar o teu cavalo tira-lhe um pêlo da testa todas as vezes da ração.
8. Fala ao teu cavalo como se fosse a gente.
9. Não te fies em tobiano, nem bragado, nem melado; pra água, tordilho; pra muito, tapado; mas pra tudo, tostado.
10. Se topares um andante com os anelos às costas, pergunta-lhe - onde ficou o baio?...
11. Mulher, arma e cavalo do andar, nada de emprestar.
12. Mulher, de bom gênio; faca, de bom corte; cavalo de boa boca; onça, de bom peso.
13. Mulher sardenta e cavalo passarinheiro... alerta, companheiro!...
14. Se correres eguada xucra, grita; mas com os homens, apresilha a língua.
15. Quando dois brincam de mão, o diabo cospe vermelho...
16. Cavalo de olho de porco, cachorro calado e homem de fala fina... sempre de relancina...
17. Não te apotres, que domadores não faltam...
18. Na guerra não há esse que nunca ouviu as esporas cantarem de grilo...
19. Teima, mas não apostes; recebe, e depois assenta; assenta, e depois paga...
20. Quando 'stiveres pra embrabecer, conta três vezes os botões da tua roupa...
21. Quando falares com homem, olha-lhe para os olhos, quando falares com mulher, olha-lhe para a boca... e saberás como te haver...


Bernardo B. Bortolotto - *Acadêmico de jornalismo
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Texto publicado no jornal Gazeta Regional do dia 20 de setembro de 2008

sábado, 13 de setembro de 2008

A luta contra o relógio

Centenas de leitores entraram em contato durante esta semana. Foram e-mails(colunabbb@gmail.com), ligações, pessoas me parando na rua. Todos muito discretos. Não foi por menos. Afinal, colocava que no dia 7 de setembro o Brasil estaria completando 508 anos. Um absurdo. Na verdade, foram 186 de “independência ou morte”. Contudo, explico a falha com os sintomas da doença que atinge mais da metade da população mundial: a falta de tempo.

Esta indisposição exige muita disposição. É sinônimo de correria. Faz isso, aquilo, vai trabalhar, estudar, cuida das crianças, leva o cachorro para passear, em último caso você descansa. O acúmulo destas tarefas gera o estresse. Esgotamento físico, dores de cabeça, memória fraca, tiques nervosos, ansiedade, autoritarismo, podem fazer parte da rotina de quem vive correndo. Se estiver sentindo tudo isto, procure um médico urgente. Principalmente se tiver entre 35 e 45 anos.

Tem casais que passam o dia sem ver o(s) filho(s). Primeiro vem a exaustiva rotina de trabalho. Começa cedo, logo pela manhã. Quando voltam para casa, o filho está na escola. Quem sabe, de noite eles se encontram. Onde está a babá? Assim, as crianças começam a contrair os indícios da doença.

A busca pela sobrevivência, o corre-corre de todos os dias, fazem das 24 horinhas insuficientes. É necessário tirar momentos do sono, da boa alimentação, dos filhos, para investir no trabalho, no ganha pão. Este é o principal sintoma responsável pela epidemia da doença. Mas ela tem cura, está na conciliação. Dar a tudo e a todos seus merecidos segundos, minutos e horas, administrando melhor o seu tempo.

Bernardo B. Bortolotto - *Acadêmico de jornalismo

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Devido a venda de espaços, este texto não foi publicado na Gazeta Regional do dia 13 de setembro.

sábado, 6 de setembro de 2008

Você é o Brasil

O Brasil completa 186 anos de Independência no domingo. O 7 de setembro é marcado pelos desfiles nas principais ruas das cidades brasileiras. Exaltação à bandeira, ao exército, às escolas, que levam o futuro da nação para as ruas. Mas sem tanto entusiasmo. O patriotismo nunca foi o forte do Brasil. Conheço pessoas que odeiam ter nascidas brasileiras. São tantos os corruptos que muitos já desistiram.

A corrupção tira a esperança de qualquer um. Mas aí, é bom recorrer aos livros de história ou pensar na professora das séries iniciais. O Brasil é explorado desde sua descoberta. Tudo produzido aqui, era entregue de mãos beijadas aos portugueses. Estes usavam, abusavam do povo daqui. A própria designação brasileiro vem da extorsão. Pois quem trabalhava no corte de Pau Brasil, era brasileiro. Vem do trabalho.


O Brasil é jovem. Um adolescente, em relação a paises europeus. Aliás, um grande prazer de um brasileiro é exibir produtos europeus, mesmo sabendo que maior parte destes são chineses. Sabendo também, das nossas matas, nossa água, da biodiversidade de invejar qualquer país desenvolvido.

O mau começo. Estratégias mal elaboradas. O individualismo e o egoísmo de governantes foram e são os responsáveis pelo atraso do desenvolvimento no país. Lalaus, Valérios, Dantas, entre outros, estão sendo descobertos. É humilhante ao cidadão ver tantos ladrões no poder. Já bastam aqueles que roubam para comer. Um Brasil digno e respeitoso está por vir. E as boas mudanças estão nas singularidades, nos gestos, no caráter de cada brasileiro.


Bernardo B. Bortolotto - *Acadêmico de jornalismo

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Texto Publicado no jornal Gazeta Regional do dia 6 de setembro de 2008

sábado, 30 de agosto de 2008

Impertinente e inevitável

É só ir para longe e ela se aproxima. Alguns minutinhos depois e já está com a gente. Só de pensar na saída, lá vem de novo. Mal educada não pede licença, chega aos gritos. Insuportável! Quer mandar a qualquer custo, em qualquer um. E tem poder para isso. Mas também tem motivos. Quando sai de perto, é um alívio. Pertinente, lembra o que não podemos fazer, nem estar perto. Dá prazer pensar em sua morte.

Acompanhando sua vítima com uma faca afiada no peito, dificulta a respiração, provoca suspiros e até choro. É responsável por atitudes não tomadas, caminhos não percorridos. Persuasiva, sabe justificar e convencer. Canalha! Sempre caímos nas armadilhas, mais cedo ou mais tarde. Contam-se os meses, semanas, dias, horas, minutos, para expulsa-la.

Distante das pessoas queridas, próximas, amadas. Longe de casa, do quarto, da cama, do travesseiro. Mesmo rejeitada, insiste em seguir. Fora da cidade, ela diz que as pessoas são desconhecidas, não sorriem. Não é como São Pedro. O sossego não é o mesmo. Nada é mais abençoado que o lar. Alguns pensam o contrário, estes bravos e corajosos são os próximos reféns da saudade.

Saudade é certeza de luta, de sacrifício, histórias deixadas para trás, em busca de algo maior, de um sonho. Sem saber onde vai dar, quais caminhos a percorrer. É bom manter esta intrometida por perto, tanto para quem vai e para quem fica. Mesmo com dor, é a fé que incentiva a vencer. E quanto mais ela atormentar, maior será a gana para matá-la, alimentando o reencontro e enaltecendo o coração de felicidade.


Bernardo B. Bortolotto - *Acadêmico de jornalismo
Crédito: a imagem utilizada nesta crônica é de autor desconhecido, captada na internet

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Texto publicado no jornal Gazeta Regional do dia 30 de agosto de 2008

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Divergências da moda


As pessoas gostam de estar na moda. Mas o que é a moda? No dicionário, moda é: “comportamento, estilo, usos, costumes que prevalecem durante algum tempo e que variam segundo os gostos e as vontades das pessoas”. Daí surge “aquilo que está na moda”, o modismo. Certo? Então, a moda não sobrevive só de grifes. A boa moda deve sugerir condutas. É um tipo de construção de personalidade. Artificial, talvez. Mas o que vale, é o status.


Na sociedade de consumo(época atual), é preciso ser igual e diferente ao mesmo tempo. Se o indivíduo não se adequar aos outros, está por fora. Excluído do meio social. Vive em outro planeta. É obrigado a comprar isto ou aquilo. Já no patamar igual do próximo, vem o ser diferente. A construção do estilo próprio. Aparecem diversos penteadas, rostos pintados, acessórios, cores berrantes, camisas amarrotadas. Até carro do próximo ano. Consumo incontrolável.


Sobretudo, surge outra tendência. É a conscientização com o meio ambiente e o compromisso social. Mobilizações informam a importância da conservação da natureza. O quanto as pessoas devem se unir para não poluir, desmatar, economizar água e alimentos(feliz daquele que tiver terra para plantar e água para beber daqui uns anos). A sociedade faz ou tenta(ou não) a sua parte.


É um choque! De uma hora para outra vem a mudança de hábitos. Deixar de lado o carro e não poluir? Evitar comprar jeans e tênis da hora(algumas marcas faturam fortunas do comprador, ao mesmo tempo, exploram o trabalho infantil no Oriente Médio)? Tem coisas que não dá para entender! E jamais sairão de moda. Como a do salário, lançada no Rio Grande do Sul e municípios. O aumento para executivos, legislativos, entre outros secretários. A moda é isto! “Varia segundo gostos e vontades das pessoas”.




Bernardo B. Bortolotto - *Acadêmico de jornalismo

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Texto publicado no jornal Gazeta Regional do dia 23 de agosto de 2008

sábado, 16 de agosto de 2008

Percebendo o ordinário

Passamos tantas vezes por certos lugares, paisagens, objetos, que com o tempo, deixamos de vê-los. Um exemplo pode ser algum item fora do lugar em sua casa. Ele está lá faz alguns dias e de tanto cruzar com o mesmo, não o enxerga mais. Torna-se comum para os olhos. Isto é normal. Em determinada ocasião, você vai ajeitá-lo se necessário. Logo, treinando seu olhar, verá o que outros não estão vendo. Levará tempo para se adaptar, mas as ruas de São Pedro são ótimas para praticar.

Na XV de Novembro, esquina com a Exp. Almeida, duas placas indicam o nome das ruas. A diferença está no patrocinador. Seria suficiente apenas uma e daria mais espaço aos pedestres. Em frente à Igreja Matriz, enquanto é substituído e consertado o calçamento da via, um telefone público(orelhão) se equilibra para não cair. Excelente objeto de estudo para os olhos que não vêem.

Caminhando à frente, vai encontrar uma biblioteca pública típica de outono, murcha, desbotada e com rachaduras. A que tantas andam aquelas paredes? Mas o preocupante mesmo está na entrada da cidade. Há mais de ano, um motorista chocou seu carro em um poste e o derrubou. Está lá até hoje, atirado no trevo, são quase dez metros de concreto esparramados. Viu isto? Não? A iluminação não tem como ver mesmo.

Ponha em prática o exercício do ver o habitual. Basta prestar um pouco mais de atenção à sua volta. O poste no trevo me intriga. Há tanto tempo lá, tem de haver um motivo. Até a grama aparam ao seu redor. Então, num dia desses, adestrando minha visão e reflexão, veio a conclusão. Os quase dez metros de concretos esparramados, serve de banco para quem quiser ir até lá, tomar um chimarrão e contemplar o outdoor à frente, anunciando a XX FEMASP nos dias 5, 6, 7 e 8 de junho.

Bernardo B. Bortolotto - *Acadêmico de jornalismo

OBS: a foto desta postagem foi removida.

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Texto publicado no jornal Gazeta Regional do dia 16 de agosto de 2008

sábado, 9 de agosto de 2008

Só isso?

Na última terça-feira, 5 de agosto, a Assembléia Legislativa gaúcha aprovou o aumento salarial da Governadora Yeda Crusius, em 143%. De R$7,1 mil passou para R$17,3 mil. O vice-governador, Paulo Feijó e os secretários de governo, receberam quase 89% de aumento: de R$6,1 mil foi para R$11,5 mil. Neste mesmo dia, a Governadora estava em Brasília, buscando apoio para reverter a lei que criou o piso salarial de R$950,00 para os professores. Com a mesma desculpa: o Rio Grande do Sul não tem condições de pagar tudo isto.


Os cortes de funcionários da Associação Riograndense de Empreendimentos de Assistência Técnica e Extensão Rural(EMATER), a “enturmação” que afastou professores e também alunos das escolas(aliás, o que é a educação hoje em dia?), o abandono das viaturas da Brigada Militar, sem concertos. Estes, não são suficientes para tirar o Estado do lodo.


A salvação, já está a caminho. O empréstimo junto ao Banco Mundial, o Bird, de R$1,1 bilhão será utilizado para pagar dívidas com encargos elevados. Assim, a Fazenda espera economizar entre R$150 e R$200 milhões por ano. Se sair tudo como o esperado e não for necessário pagar juros sobre este valor(1,1 bi), as classes trabalhistas podem ter seus pedidos realizados. Será?


Enquanto policiais não tem condições suficientes para proteger, professores sofrem para educar a multidão dentro da sala, outros muitos são chutados de seus cargos e buscam novas alternativas, porque o Estado não tem dinheiro para suprir tais necessidades, Yeda Crusius goza de 10 mil a mais no seu ordenado mensal. Tudo pago por aqueles que caem abaixo do seu nariz.

Bernardo B. Bortolotto – *Acadêmico de Jornalismo
Email: colunabbb@gmail.com

Texto publicado no jornal Gazeta Regional do dia 09 de agosto de 2008

domingo, 3 de agosto de 2008

40 anos/km até o cinema

Na última quarta-feira resolvi quebrar a rotina e ir ao cinema. Poucas vezes estive em um. Chegando lá, logo na fila, senti a magia do lugar. Entre adolescentes, famílias, casais, brilhavam olhos de ansiedade. Todos prontos para mais uma história. Pipocas na mão? “Xiiii... vai começar”. Em cartaz o Sex and The City. Enquanto aguardava o início, tentei imaginar esta emoção em, São Pedro do Sul de quatro décadas atrás.


De longe, se ouvia o som da junção do Cine Áurea. Todos sabiam o caminho da Rua Expedicionário Almeida(onde hoje está a loja Quero-Quero). Com potentes alto-falantes, o proprietário, Leopoldo Stein, chamava a clientela. As sessões de sábado e domingo à noite, lotavam a imensa sala. Também havia a “Domingo Matinê”. Eram três longas por fim de semana. Época que se respeitava à indicativa de idade.


Nada de pornochanchado brasileiro. Tudo legendado. Os bang-bangs americanos pareciam sair da tela. Na sala, os espectadores batiam os pés contra o chão, como se estivessem em uma perseguição, verdadeira caça ao bandido. Novas amizades surgiam no escurinho do Cine Áurea. Longe do lanterninha, claro! Quem não podia ir, ficava na frente do prédio, só para não perder a paquera. Cerca de dois cruzeiros novos custava para entrar.


Mesmo com todas as dificuldades do final dos anos 60, São Pedro do Sul trazia civilizações, mitos, costumes, conhecimento para a sociedade através da tela grande. Hoje, no século da tecnologia e comunicação, a cidade anseia por alternativas culturais. O cinema está longe da realidade do município e o caminho mais perto, são as lembranças, histórias e a imaginação.



Bernardo B. Bortolotto


E-mail: colunabbb@gmail.com
Texto publicado no jornal Gazeta Regional do dia 2 de agosto de 2008

domingo, 27 de julho de 2008

Respirar Melhor

Desfrutar das sombras das árvores, sentir o ar mais puro e fresco, admirar as cores vivas de flores e frutos, é relaxante e faz bem à saúde física e mental. Programa de fim de semana, feriados ou férias? Por pouco tempo. Entidades e moradores discutiram na terça-feira, 22, um projeto de arborização nos bairros e centro de São Pedro do Sul. Os palestrantes, Mara Schuch, Fernando Brüning e Fernanda de Oliveira destacaram a importância e como funcionará o plano.


O encontro realizado na Casa de Cultura sugere melhorar a estética da cidade e contribuir com o bem estar dos sãopedrenses. Parece simples, mas não é. Alguns cuidados com encanamento, altura das árvores a serem plantadas, para não esbarrar em fios e construções, manutenção destas e o espaço para o plantio na região central.


Isto exige um planejamento muito detalhado. Foi falado no alargamento de calçadas, em ruas como Expedicionário Almeida e XV de Novembro que dispõem de largas vias para conduções. O desafio é encontrar maneiras de conciliar árvores, pedestres, veículos. Sem que, daqui a 15, 25 ou mais anos, seja preciso desfazer tudo, devido ao aumento de carros, motos, população. Como exemplo, a Rua Floriano Peixoto, próximo ao Calçadão da Bozano, em Santa Maria. Ela tem as calçadas alargadas com árvores plantadas e hoje, com o caos do trânsito naquela cidade, há intenção de diminuí-las.


A idéia de arborização demonstra a conscientização e preocupação da cidade em relação ao meio ambiente. Sem dúvidas, é ótimo. Mas por enquanto, está em fase inicial e terá muitas discussões pela frente. E antes, São Pedro do Sul, tem outras barreiras a quebrar, daí sim, dar suporte a esta belíssima iniciativa. Até lá, já vai pensando na flor ou fruto da árvore que combine com a pintura de sua casa.



Bernardo B. Bortolotto E-mail: colunabbb@gmail.com
Texto publicado no jornal Gazeta Regional do dia 26 de julho de 2008

sábado, 19 de julho de 2008

Um círculo de beneficios

A campanha “coloque o lixo na lixeira” está ultrapassada. Hoje, a população mundial luta contra a poluição e a degradação do meio ambiente, afinal, estes dias de calor em pleno inverno não são por acaso. As pessoas devem separar os materiais recicláveis do restante do lixo e entregar no posto de coleta mais próximo. Está aí um motivo de orgulho para São Pedro do Sul, a Cooperativa Bem Viver que há mais de um ano, dá o destino de tratamento aos detritos da cidade.


Resíduos como papéis, vidros, plásticos e metais, são coletados pela Bem Viver. Os cooperativistas buscam os materiais nas casas, basta deixar o lixo separado na frente da residência. A coleta seletiva é uma lição de cidadania. Benefício mútuo entre cidade, população, meio ambiente, trabalhador.


Formada por catadores, a cooperativa proporcionou melhores pagamentos pelo material arrecadado. Segundo a Presidenta da Bem Viver, Sandra Oliveira da Cruz, cada catador estaria recebendo, em média, 500 reais por mês. “Quanto mais o catador coletar, mais ele vai receber”, explica Sandra. Atualmente há 19 cooperativistas e este número pode aumentar.


A iniciativa da cooperativa veio dos catadores que procuraram apoio do LEO e Lions Clube da cidade. O projeto foi elaborado pela acadêmica de Psicologia do Centro Universitário Franciscano(UNIFRA), Daiana Vieira. A coleta seletiva é muito mais que reciclagem, é bem viver! Colabore.

Bernardo B. Bortolotto E-mail: colunabbb@gmail.com
Texto publicado no jornal Gazeta Regional do dia 19 de julho de 2008

sábado, 12 de julho de 2008

Alerta na hora de eleger

Faz mais de um mês que escrevo para a Gazeta Regional e, mesmo 2008 sendo ano eleitoral, não toquei no assunto “política”. Afinal, é complicado falar sobre partidos e candidatos. Contudo, é importante ressaltar alguns aspectos que merecem atenção no dia de escolher os representantes do legislativo e executivo na eleição municipal.
Uma coisa é clara na política brasileira, os partidos não mantêm as ideologias pregadas há alguns anos atrás. Nem cogitavam a idéia de coligar-se com rivais. Hoje isto é normal. O importante mesmo é estar no poder. Comandar. As promessas, estas sim, continuam as mesmas. Saúde, segurança, o pão de cada dia, emprego, melhores condições de vida. Sim, o Brasil inteiro precisa disto.
É importante acompanhar passo a passo a campanha política dos candidatos. Depois, poderá cobrar o prometido neste período. Muitas vezes uma cidade, um estado ou país, faz queixa de não haver dinheiro nos cofres públicos, até o ano das eleições, é claro. Como as propagandas são voltadas à imagem do concorrente, tente analisar o caráter deste. Quais condições têm de comandar uma cidade?
Muitos dizem que as sessões do legislativo da cidade é uma piada. Os vereadores estão lá porque a sociedade elegeu. São Pedro do Sul está em fase de desenvolvimento. Birras partidárias e discussões medíocres não interessam à população. Faltam debates para o progresso do município. Para trancar projetos, há de sobra.
A política é um jogo de interesses. Não tem limite. Porém nada está perdido, tudo está nas mãos dos eleitores. Escolher um representante, acompanhar seu mandato e participar da evolução da cidade, estado e país, é mais do que um direito, é um dever. E como diz um amigo: “depois não vá chorar sobre o leite derramado”.

Bernardo B. Bortolotto.
Texto publicado no jornal Gazeta Regional do dia 12 de julho de 2008.

O incentivo da arte

O grupo SESI Show, de Santa Rosa, se apresentou na abertura da XI Feira do Livro de São Pedro do Sul, na quarta-feira, dia 2. Não somente a idade e o brilhantismo dos artistas merecem destaque. Mas também, as histórias do Rio Grande do Sul e dos movimentos sociais que mudaram o Brasil, transformadas em gestos, coreografias e canções.
37 integrantes com idades entre 10 e 18 anos, subiram ao palco da Praça Crescêncio Pereira, com enorme vitalidade, disposição e entusiasmo. Os bailarinos e músicos entrevam e saiam de cena e cada encenação ganhava um figurino novo. Na representação do tema da revolta contra o regime militar, Pra não dizer que não falei das flores, de Geraldo Vandré, uma cela de cadeia foi levada ao palco. Quem não se arrepiou naquele momento?
A idéia do SESI Show é tornar-se referencia para as crianças. É resgatar a juventude do passado que batalha pelos seus direitos, para o acomodado da atualidade. O coordenador do grupo, Vilson Kunzler, 45 anos, revela: “é uma valorização do jovem. Que deixe a situação de conforto e lute por coisas boas e quem sabe melhorar a sociedade”. Um exemplo são os caras pintadas, estudantes foram às ruas pedir o impeachment do Presidente Fernando Collor, em 92.
O projeto tem apoio da Lei de Incentivo à Cultura do Governo Federal. Conforme Kunzler, fazem parte crianças de todas as classes econômicas de Santa Rosa. Basta ter vontade, estudar e manter boas notas na escola, para participar das oficinas de teatro, musica e dança do SESI. Como enfatiza a Patrona da Feira, Moema Giuliani, “é a formação da cidadania, através da cultura”.

Bernardo B. Bortolotto
Texto publicado no jornal Gazeta Regional do dia 5 de julho de 2008

Deixe te consumir

Te leva para lugares onde nunca esteve, praias, montanhas, campos, cidades, restaurantes, clubes, paisagens incríveis. Dá alegria, paixão, ódio, tristeza, causa arrepios. Permite sonhar, voar, navegar, acreditar. Faz sorrir, chorar, suar, vibrar. Exala aromas, perfumes, flores, odores. Te envolve!
Abre caminhos e portas, traz confiança, esperança, te anima. Aconselha, conta histórias, faz companhia, fala verdades. Inspira, acalma, te irrita, conquista, confunde, perde, alucina! Dirá coisas que, talvez o amigo mais próximo não fosse capaz. Conforta! Seduz e ilude!
Te tem no trabalho, faculdade, escola, na rua. Te tem em casa! No pátio, na sala, cozinha, corredor, no quarto! Na grama, sobre o sofá, na cadeira, no chão, em cima da mesa, na cama. Te excita, te dá prazer! Vai te consumir!
A leitura mexe com a sua imaginação e amplia seus horizontes. De 2 a 5 de julho, XI Feira do Livro de São Pedro do Sul. Envolva-se!

Bernardo B. Bortolotto
Texto publicado no jornal Gazeta Regional do dia 28 de junho de 2008

O calendário está atrasado

Chegou antes do tempo e sem avisar. As geadas roubaram a cena das folhas secas sobre o chão, paisagens de outono. Provocando mudanças radicais no dia-a-dia de cada um. O inverno iniciou sexta-feira, 20, mas só no calendário. Bom para quem gosta de acessórios como manta, casaco, gola alta. Preparar chocolate quente e beber vinho, de preferência em boa companhia. Contudo, crianças e idosos ficam vulneráveis a doenças respiratórias, como pneumonia, bronquite e asma.
Já na metade de abril foi necessário recorrer às roupas e cobertas mais quentes. Levantar da cama de manhã cedo se tornou mais complicado. Nas ruas todos se defendem dos ventos gelados com mantas, luvas, tocas, palas, o máximo de agasalho. As chaminés das casas sopram fumaças dos fogões à lenha e lareiras. A água do chimarrão quase ferve no duelo com a friagem. Chás, sopas, feijoadas, tudo vale para manter-se aquecido.
Com a variação do clima é fácil pegar resfriado ou gripe. Sem falar das desagradáveis sinusite e rinite. Em São Pedro do Sul, pessoas com 75 anos ou mais registraram a maior parte dos casos de bronquite, asmas, complicações respiratórias, conforme o Hospital Municipal. A busca por medicação (nebulização) e remédios, aumentou nos últimos dois meses. Ingerir bastante liquido, frutas, verduras, ajudam a manter a imunidade a estas doenças.
Mesmo com desafios, esta época se torna muito interessante. O frio é responsável por unir pessoas. Seja na roda do mate, no jantar, em volta da lareira ou do fogão, na hora de dormir, em baixo das cobertas. Ao amanhecer, presenteia a todos com belas paisagens. A moda aproveita para lançar as tendências da estação. O inverno dá lugar à primavera em 22 de setembro, até lá cuide-se e aproveite.

Bernardo B. Bortolotto
Texto publicado no jornal Gazeta Regional do dia 21 de junho de 2008

Estava incrível

Uma grande reunião aconteceu em universo repleto de alegria. Para ir até lá, bastava atravessar a ponte sobre um riacho de águas claras. Um cercado de bambus mostrava a entrada daquele reino. Todos foram bem recebidos e surpreendidos pelo que viram. Tendas, como em aldeias, ofereciam artigos aos convidados. Milhares passaram por lá.
Crianças corriam, brincavam em enormes escorregadores, castelos. Euforia jamais vista. Havia um espaço onde muitos se reuniram para lanchar. Até mesmo uma paquera rolou por ali. Jovens, adolescentes, formavam diversos grupos e puderam contemplar suas bandas favoritas. Dançar todos os ritmos. Uma grande festa.
Comerciantes, empresários estavam felizes com as vendas. Os que por ali passaram aproveitaram os preços baixos. A variedade oferecida ia das roupas íntimas aos melhores automóveis. Encarregadas dos participantes, a linda rainha e suas belas princesas, distribuíram sorrisos e simpatia. Tudo para transmitir conforto e segurança. Aliás, não houve brigas nem roubos. A tranqüilidade imperou por lá.
Nem mesmo um dia nebuloso e com chuva seria capaz de estragar a alegria deste encontro. O mundo inteiro participou. Muitos viajaram para participar e aproveitaram para rever velhos amigos. Uma verdadeira confraternização. Alguns que adorariam estar por lá, mas não puderam, saciaram a vontade pelo vídeo do computador. E se você teve o privilégio de estar na XX FEMASP, viveu este lugar!

Bernardo B. Bortolotto
Texto publicado no jornal Gazeta Regional do dia 14 de junho de 2008

Preparado para a vaga?

São Pedro do Sul ganhará uma nova loja. É a 3 Passos. Ela comercializa artigos de cama, mesa e banho, confecções, calçados e vestuários. A promessa é de preços baixos. O consumidor agradece. Mas a atenção está voltada às oito oportunidades de trabalho que a empresa oferece. Contudo, poucas pessoas foram selecionadas à disputa, devido os insuficientes títulos dos pretendentes.
O Sistema Nacional de Emprego (SINE), da cidade, divulgou uma lista com 40 candidatos que disputarão as vagas. Este número corresponde a 2,77% dos 1443 nomes cadastrados na agência. É um percentual baixo. A explicação é a falta de qualificação no currículo. O coordenador do SINE no município, Anderson Campos, revelou ao Gazeta Regional do dia 31 de maio que, grande parte das empresas exigem ensino médio e curso de informática. No mínimo.
No mundo onde a tecnologia agiliza o serviço humano, é raro ver um estabelecimento comercial operar sem computadores. Saber lidar com estas máquinas é obrigatório. A exigência do mercado de trabalho é maior a cada dia. Mesmo após uma formação é necessário acompanhar mudanças e aperfeiçoar-se. O progresso deve ser constante.
Quanto mais títulos, maior a chance de conquistar uma vaga. Com isto, surge a possibilidade de assumir cargos de alta relevância. É preciso correr atrás. O que exige mais empenho, dedicação e responsabilidade. Tudo para que, seu nome não seja mais um, entre outros, na lista de espera de uma agência de empregos.

Bernardo B. Bortolotto
Texto publicado no jornal Gazeta Regional do dia 7 de junho de 2008