sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

No dia-a-dia da vida


O ano passou. Ou melhor, voou. Já chegamos às festas de Natal e Reveillon, de 2010. Logo serão as de 2011. Nessa época, além de comprar, gastar e consumir em excesso, as pessoas costumam fazer suas retrospectivas internas. É o saldo do ano. As avaliações das decisões e resultados. Nessa oportunidade, todos dão uma olhadinha para frente. O futuro é projetado. Incerto!

Tem gente planejando construir uma casa, fazer uma reforma. Outros imaginam mudar de vida, procurar um novo emprego que lhes valorize mais e pague melhor. Elas, pensam em arrumar um namorado. Eles, querem trocar de namorada. Ou, o contrário. Final de ano é sempre um pacote entupido de expectativas.

O passado não existe mais e o futuro é hoje. O ser humano sonha com uma vida melhor. Os cães só pensam nos ossos do peru após a ceia de Natal. As flores aguardam calmamente o orvalho da manhã seguinte. Os pássaros se acalantam à noite, em galhos de árvores, para cantar durante o dia. Os seres naturais da terra vivem um dia de cada vez. Exceto o homem.

Os seres racionais dividem dois ou três dias em 24 horas. Esperam com ansiedade o amanhã. Um dia que pode nem chegar. Facilmente um pacote de expectativas e sonhos pode se tornar um saco de pressão e preocupações excessivas. Esperar muito pelo dia da realização, o amanhã vindouro, é deixar de viver o hoje. É tão fácil e gostoso flutuar sobre a nuvem das realizações. É tão difícil encarar o chão batido da estrada da verdadeira consumação. Da vida real.

Por isso, nesse novo ano, vou me ater aos pequenos estímulos da natureza. À ternura das flores, árvores, animais. A contemplar o belo e o simples da vida. Quero me inspirar no entusiasmo das crianças. Buscar a humildade dos desfavorecidos e enriquecer a paz de espírito. Quero me decepcionar, chorar e ficar triste com as desigualdades. Vou embarcar na montanha-russa das emoções. Vou ser consolado e consolar. Assim, tenho a certeza da felicidade.

Pretendo enriquecer minha sabedoria e trabalhar para o bem coletivo. São sonhos simples, pouco acima do chão. Por vezes difíceis de aceitar e até de por em prática. Estas convicções me tornarão mais terno e me ensinarão a lidar com as frustrações da vida. Lições escassas no mundo e que não se aprendem na escola, na faculdade ou se compram no supermercado em liquidação de fim de ano. É nas turbulências do dia-a-dia da vida que vou encontrar a paz da alma e concretizar sonhos.

domingo, 19 de dezembro de 2010

A índole do verão

Foto: Bernardo Bortolotto
Sete horas da manhã e o sol está forte. A temperatura está na casa dos 27ºC. A brisa gélida remanescente da madrugada ameniza o calor. O céu azul, sem o branco das nuvens é animador. Tem profundidade. Dá gosto de levantar cedo. Essa combinação é o bom humor do dia, do trabalhador.

O tempo passa e a brisa perde a força. O vento soprado pelo rei da natureza chega quente. Sensação de abafado. Condicionadores de ar ligados a todo vapor. Já é utensílio indispensável. A tarde passa rápido. Lenta para quem está ao sol. Suor. O corpo pede água.

Ao final da tarde o estresse já evaporou com o calor. Em seguida, uma piscina ou um rio cai muito bem. O cheiro de protetor solar na pele cria a expectativa de refresco. No mar! Na falta de um, serve até banho de mangueira nos quase 40ºC. O sol vai se pôr. A brisa volta a ficar gélida. Até cai bem um mate? Uma volta com os amigos ou com o cachorro. Bermuda, chinelo de dedos e uma camisa confortável. Respire fundo.

Depois da tarde assando no forno natural, no calor de 40ºC, ou enfurnado numa sala de ar condicionado, chega a hora do repouso. De se banhar com a luz da lua e o brilho das estrelas. É o momento da caminhada em família, de assistir as vitrinas e tomar sorvete. Já é hora de deitar na rede, balançar ao ritmo do vento e com a calmaria contemplar a chegada do verão.

sábado, 11 de dezembro de 2010

Fora do Mapa

Fotos: Bernardo Bortolotto


“Que lugar fantástico”, “é disso que estou precisando” e por aí vão os comentários das paisagens que fotografei há duas semanas. A pergunta mais freqüente é “que lugar é esse?”. A resposta é localidade de Sampaio, interior de São Pedro do Sul. Numa expedição para conhecer um antigo engenho de farinhas, desativado há décadas, encontramos um trecho do rio Toropi modificado pelo homem há cerca de 100 anos.

 
A primeira parada: o engenho desativado. Um tipo de casarão de quatro andares, com toda estrutura montada para receber a água e gerar energia para abastecer a produção local. No local, as paredes sobrevivem em pé, com fungos, insetos e mofos. Na parte de dentro, as máquinas, correias, moinhos, ferramentas e peças resistem às intempéries do tempo. Um acervo histórico no meio do mato e abandonado.

Pude estar nos quatro andares e conhecer como funcionava o velho engenho tocado pela correnteza da água. Aliás, o rio teve o curso alterado para chegar ao lugar e gerar energia. Essa alteração criou uma paisagem cinematográfica. Na época, os moradores abriram poços para a criação de peixes e manter a demanda do ano. Durante a visita, um destes poços virou uma piscina natural.

Devido a imperfeição do solo, a água desenha cascatas. A natureza, seguindo seu trajeto, planta o verde em torno do caminho de pedras e águas rasas. Qualquer pessoa se sentiria abençoada em estar lá. Um lugar para conhecer num final de semana, num sábado de sol.

São imagens de um ambiente como este que atraem o homem, cada vez mais distante da natureza e sua simplicidade. Na localidade de Sampaio tive a oportunidade de ver parte da história de São Pedro do Sul antes de ser consumida do mapa. Um velho engenho e um vale foram construídos pelo homem. Um local esquecido, desconhecido que caberia muito bem em uma rota turística.

domingo, 5 de dezembro de 2010

As mãos de um anjo

Foto: Bernardo Bortolotto

Mãos duras, calejadas da lida. Dedos deformados de semear a terra e dela colher o alimento. São as mesmas mãos a acariciar o rosto de uma mulher, a tocar a pele sutil de sua donzela. Duas mãos se cruzaram e os dedos se entrelaçaram. No meio do caminho uma aliança e com ela uma nova vida.

            Estas mãos que já secaram lágrimas e massagearam a dor, hoje moldam um novo ser. Constroem o futuro nos corredores da esperança. Acendem mais uma luz no planeta e a lançam à humanidade. Nas palmas, de onde verte o suor da emoção, estão as marcas da mãe. Traços de fé.

            Punhos cerrados e dedos roxos. Não é fúria. Ao contrário, é a tensão da alegria descarregada naqueles nervos. Mãos que amoleceram no primeiro sinal vital, no choro da criança recém nascidaeceram no primeiro sinal vital,ntar as poucas gramas do menino que acabara de nascer. a nova vida nascia.

. Aquelas mesmas mãos calejadas de vida, agora são plumas do travesseiro mais macio a segurar as poucas gramas de um anjo. Elas pegam no colo, acalmam o choro e alimentam uma criança. Irão limpar e educar com a suavidade da experiência do mundo.

Os dedos deslizam sobre o rosto rosado, lábios que fazem bico, nariz e orelhas pequenos. E naquelas minúsculas mãos um infinito de sonhos se esconde. A imprevisão do futuro anseia o coração. As marcas da mãe estão cicatrizadas nas palminhas. As do pai estão nos dedinhos enrugados que torcem e destorcem como um ensaio ao teatro da vida. Nessas pequenas mãos estão guardadas esperanças, construções e ações de um grande homem no futuro.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Tito é tri-campeão do FEGAES

 Fotos: Bernardo Bortolotto 

A Escola Estadual Tito Ferrari de São Pedro do Sul, em parceria com a invernada artística do CTG Rincão, venceu o Festival Gaúcho Estadual Estudantil (FEGAES), em Cachoeira do Sul, no domingo, dia 28. Alunos - entre 13 e 17 anos - foram recepcionados com, pelo menos, 20 carros.
Os integrantes do grupo voltaram para São Pedro com o troféu do festival, que só é entregue à escola que já venceu três edições seguidas do FEGAES. O fato mereceu até caminhão de bombeiros na recepção dos alunos no retorno à cidade, na manhã de segunda-feira.

O desfile dos campeões foi por volta das 8h e percorreu o trecho entre o trevo de São Pedro do Sul até o CTG Rincão, incluindo a Avenida Walter Jobim e Ruas XV de Novembro e Expedicionário Almeida.

sábado, 27 de novembro de 2010

Homem e mulher. Paixão e amor

Lá vem ela. Avassaladora e detentora das minhas emoções e carrasco dos meus pensamentos. Paixão que me leva à insanidade. Me fixa naquele olhar, me estremece na alegria daquele sorriso e me conforta na maciez daquela pele. Sentimento instável que me derruba na tua ausência e do mundo me distancia. Na esfera da paixão nós somos cúmplices e sacanas.

O círculo ardente da paixão ficou pequeno. Nossa insensatez entrou no túnel da plenitude. Embarcamos num amor profundo, até então eterno. E nesse caminho descobri que amar é sorrir, chorar, aprender. Amar é nunca pensar sozinho. É sempre ter você, não importa como, nem aonde. É o conforto do coração, a estabilidade da minha alma. Assim se fez o nosso amor, como dois corpos em um e ideais que se completam.

Depois de fortalecer o amor, o tempo quebrou o nosso encanto e aos poucos acalmou a agitação dos sentimentos. As dores congelaram meu coração e uma onda de desânimo me trancou num quarto. Estava escuro. Passou horas, dias, meses e anos. Você ainda estava em mim e eu em você. O ódio, que passamos a sentir, borrou a poesia do teu sorriso e ofuscou o brilho do teu olhar.

Agora, o medo me corrói. Como posso, mais uma vez, me entregar a outra pessoa? Jamais! De agora em diante vou me preservar. Se for para tanto sofrer, prefiro me aventurar nas turbulências, não de uma, mas de várias paixões. Mas que o amor não me surpreenda.

domingo, 21 de novembro de 2010

A história das coisas

Navegando pelo You Tube econtrei esse documentário chamado A história das coisas. Ao assistir percebi a importância do assunto e reparei o quanto tem coisas que eu não sabia.

O vídeo está dividido em duas partes. Posto agora a primeira parte e a segunda deverá aparecer automaticamente quando terminar de assistir a Parte 1.

Espero que gostem, abraço!

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Um desafio à noite de sexta


Na sexta-feira à noite estava conversando pelo MSN com uma amiga. Ela me dizia que havia gostado dos meus textos.

Grato com as palavras que chegaram, pedi para ela sugerir um tema para uma próxima crônica. Ela disse: “então quero que vc escreva sobre a diferença entre a paixão e o amor”.

Missão complicada. Perguntei a ela, o que era paixão. Ela respondeu com muita propriedade.

Perguntei o que era amor. Pela maneira como descreveu o sentimento, vi que ela falava com o coração.

Então, eu a desafiei, pedi que ela escrevesse algo, porque as palavras dela estavam carregadas
com verdade, sentimento e envolvimento. Enquanto ela escrevia, eu também precisei fazer minha crônica sobre o assunto (será publicada aqui na próxima semana).

O resultado foi brilhante. Vocês podem ler abaixo.

Rota da Paixão
Por Ana Carolina de Avila
Você está com a sua vida toda planejada, acertada, seguindo seu rumo tranquilamente...
Tudo indo de vento em popa... como é bom dominar a situação, a sua rotina, seu trabalho, seus problemas.. tem as rédeas da sua vida..que maravilha!!
Então, inesperadamente, quando você menos imagina, surge algo na sua vida capaz de te tirar os pés do chão... capaz de te deixar flutuando...
 Bom ou ruim? Sinceramente, agora não sei dizer... neste exato momento não sei se é bom ou ruim perder o “controle” da situação...
Mas do que estou falando afinal???
Falo da paixão, daquele sentimento avassalador que toma conta da gente (exatamente quando você não pretende se apaixonar!!!)  chega de repente, sem avisar, sem planejar e sem pedir permissão!! Que ousadia!!!
Não há nada mais perturbador, mais instigante, mais excitante que estar apaixonado... é o despertar de todos os sentidos, é o desejo aflorando na pele, é o sentir-se vivo, desejado, envolvido... mergulhado numa infinidade de sensações maravilhosas... e perigosas!! Sim, há perigo na paixão, porque não se sabe onde ela pode te levar... porque se perde o controle e perder o controle nessa altura do campeonato não é bom!!!
Deveria existir um meio termo, como estar “meio apaixonado”. Mas isso não existe, porque na paixão é tudo ou nada, ou você se entrega de corpo e alma ou não é para valer!!!
Com todos os riscos que a paixão traz, no fim vou confessar, tenho que admitir,  que é melhor ter vivido uma grande paixão do que jamais ter experimentado esse sentimento tão intenso..
Tantas pessoas que jamais viveram uma paixão... gente jovem, bonita, mas ao mesmo tempo carente de sentimentos, de emoções..
Bom mesmo é permitir-se a entrega... é olhar para trás e ver que sua vida não é uma página em branco..terá o que reviver, o que lembrar..nada terá sido em vão..
As paixões vividas serão guardadas na memória e no coração, e não disputam lugar com os seus amores... os amores são eternos, estão na sua vida e ali permanecerão... não te fazem correr nenhum risco... você não perde o rumo porque seus amores são o seu rumo, são o seu destino...
Enfim... paixões vêm e vão..e assim você segue a vida... ao lado daqueles que ama,  daqueles que você sabe que  farão parte da sua vida para sempre...

Roedor de unhas

Pode ser um hábito considerado ruim, mas não sei viver sem roer as unhas. É como uma terapia. É quando situações tensas tomam conta que elas me salvam. Já levei tapa nas mãos, tentei parar. Me esforcei! Não consegui. Quando percebia já estava no segundo dedo.

            O costume de roer unhas inicia a partir dos três anos de idade. Toda vez que a criança se depara com algo novo leva a mão à boca. A turbulência na fase dos adolescentes aumenta a vontade de roer, graças ao nervosismo e a ansiedade.  Parece uma tradição do organismo.

As unhas compridas e pintadas de uma mulher me chamam a atenção pelo capricho. Dependendo a circunstância, elas são armas do desejo e do carinho. Parei para pensar como seria se tivesse que deixar as minhas unhas crescerem a tal ponto. Um desastre! Vejo homens pintando as unhas com base (esmalte transparente com brilho leve. É isso mesmo?). São parelhas, parecem desenhadas na ponta dos dedos, a união perfeita de unha e carne.

            As minhas não são assim. São ruídas e curtíssimas. Não tenho paciência para cortar (e nem coordenação na mão esquerda para segurar o cortador). Já fui incentivado a parar e alguém me disse para tirar as cutículas também. O que é isso? Na era da estética corporal eu sou um homem das cavernas.

Nesse mundo, as fêmeas sempre foram mais caprichosas e delicadas, principalmente com as mãos. As unhas ajudam na caça ao macho. É lindo, admirável, esplendoroso! Já os machos são desleixados. Faz pouco que esta cultura está mudando. Elas são responsáveis por revirar a cabeça do homem. Elas querem ser retribuídas em toda sua meticulosa organização corporal. Concordo com as mulheres! Precisamos dar atenção às suas belezas e retornar com mais capricho. Só não me peça que pare de roer as unhas.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Por onde ir?


Foto: Bernardo Bortolotto
A vida é feita de decisões. Algumas escolhas são mais fáceis que outras. Contudo, em alguns momentos devemos decidir entre o terreno do conforto ou a estrada da incerteza e das surpresas.

A estrada me atrai mais. Encarar novas aventuras e desafios, conhecer novos lugares e pessoas, aprender as lições da vida, "pegar mundo", como já disse meu pai.

Mas, o terreno da comodidade tem sombra, água fresca e companhias sempre prontas a me ajudar.

São momentos de reflexão, sobre a cerca das dúvidas, que determinam o que somos e iremos ser. Devemos imaginar horizontes antes de escolher um lado.

Não estamos livres de cometer erros nas escolhas, aliás sabemos que todo chão é desnivelado, com altos e baixos, mas sempre estaremos certos de ter feito o melhor para alcançar nossos objetivos.

É só lá na frente que podemos olhar pra trás e notar o quanto choramos, nos decepcionamos, conquistamos, rimos e amamos... porém, acho que o mais importante, é que teremos somado uma quantia valiosa de aprendizado e, aí sim, sentiremos orgulho das nossas decisões e escolhas.

Independente dos turbilhões da vida, sentiremos um conforto de espírito...

domingo, 14 de novembro de 2010

Meu calor em você

Van Gogh / Noite estrelada

Sem camisa encolhido, os braços cruzados tremem. O vento gélido corta frestas e rasga a pele. Os cabelos molhados pingam. O banho esfria o corpo, não apazigua os pensamentos. Abandonado num canto qualquer. Lembranças atravessam o peito, perfuram a consciência.

É noite e as estrelas estão escondidas. A lua é forte, faz sua parte. Levanta e caminha. Sai sem direção. Sabe aonde quer chegar, desconhece o caminho. Segue o instinto. A estrada está coberta por uma neblina de dúvidas. Faz frio!

O corpo treme, perde a cor. Há uma luz distante. É uma casa, é o lugar. De longe a pele sente o calor lá concentrado. Corre! Espera! Nesse quente pega fogo. Coloca toda vontade a queimar, perde a sensibilidade. Volta o inverno.

Bate a porta. Abre um sorriso. Não sente mais frio, nem calor. Pensamentos, lembranças e consciência são extirpados pelo brilho da janela azul. Instinto e sensibilidade ardem noutra pele. A insanidade salta no cheiro. A leveza voa, o céu abre e as estrelas brilham.

Noite de reviver

Foto: Bernardo Bortolotto
“Tu nasceu no ano errado”, muito já ouvi essa frase. Concordo, também acho que poderia ter nascido nos anos 60 ou 70. Mesmo chegado ao mundo em 87, sou um amante das músicas das décadas anteriores. Gosto do ritmo dos instrumentos, da inteligência das letras e da identificação social.

            Na metade do mês passado, estava comemorando o aniversário de um amigo ao som dos clássicos do rock anos 60, 70 e 80. Outro aspecto tornou o clima ainda mais característico. Ouvíamos as músicas em toca disco. Antes de começar a canção, ouvia-se o estouro da agulha ao tocar o vinil. Todos da mesma faixa etária, nem eram nascidos em 60 e 70, mas lembramos das atitudes das épocas e da sociedade embalada por gêneros musicais.

            Nesses primeiros dez anos do século 21 a música sofreu impacto profundo. A internet ajudou a difundir novas bandas, músicas e tribos. A liberdade de expressão artística aumentou a produção na web. Inclusive, a venda de CD’s caiu no mundo inteiro. Qualquer música está ao alcance de um clique.

            Talvez, seja por isso que não cultuamos mais uma banda como antigamente. Quem sabe, também seja por isso, que as músicas das décadas passadas ainda estejam presentes. Hoje nós temos bons músicos, boas bandas, ótimos trabalhos, mas não fenômenos como Beatles e Cazuza, para citar dois.

            Os embalos dos anos 60, 70 e 80 são muito mais que os sons de baterias, guitarras, contrabaixos e violão. As canções são a superfície de um contexto histórico. A música foi fundamental para conquistar a liberdade de expressão, à luta contra a ditadura. Foi responsável pelas mudanças sociais, pela construção do futuro. É o presente da criação livre, independente e abundante.

            Canções que jamais serão esquecidas. O difícil primeiro beijo, os namorados que prometiam casar e a roda de amigos de todos os dias tem suas trilhas. Recordações que serão revividas e recontadas num “embalo de sábado à noite”, no Clube do Comércio.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

O meio amargo da paixão


Um pedaço de chocolate está na boca. Os lábios não mexem. Ele derrete no calor daquele pequeno espaço. Sente-se a composição de açúcar, cacau e leite se espalhar sobre a língua abaixo de um céu salivante. Aos poucos o meio amargo também toca o paladar. Ele escorre pela boca e a saliva escoa pela garganta. Saboreie cada centésimo de milésimo enquanto o chocolate abusa de você. Sinta o prazer com um suspiro prolongado. Lembre-se, daqui um pouco ele será consumido e deixará de existir. Você ficará com o gosto na lembrança, entranhado na língua, mas não poderá senti-lo ou tê-lo novamente.

Desejo. Só mais um pedaço. Pequena parte recheada de provocações. O amargo sutil fica preso à língua e você o sente. Vontade de voltar àqueles instantes de sensações intensas. É impossível provar um tablete, sempre se deseja mais do chocolate meio amargo. A textura vira líquida na boca, é provocante, causa overdose de prazer e parece sob controle.

Fogo. O chocolate é como chamas causadoras de incêndios destruidores que insistem acesas enquanto um batalhão luta contra elas. Arde em pequena escala até que se revolta e põe a língua a salivar. Basta lembrar do último pedaço. Há segundos sua respiração emanava o delicioso aroma ao leite.

Descontrole. Você se dá conta que o controle foi perdido na prova, no primeiro pedaço quando não passava de uma vontade insignificante. Tudo começa aos poucos, com o sabor do novo, diferente. O chocolate acaba. Foi tão rápido. E você quer sentir novamente as sensações que escorriam pela boca, passavam pela respiração. O desejo arde em descontrole. Você procura, revira e não encontra. Nada está ao alcance do meio amargo.

A paixão é um pedaço de chocolate meio amargo. Derrete na boca, escorre pela garganta e deixa o gosto na língua, no suspiro e na memória. É provocante, percorre as vias respiratórias, prova teu sabor como se você estivesse com o controle. São chamas que não se apagam. É a vontade expelida no suor. A paixão, assim como o chocolate, vai embora e deixa o desejo de só mais uma vez em seu lugar.

sábado, 30 de outubro de 2010

Mensagem de Luz


            Sinos dourados brindam a chegada de uma nova estrela ao povoado estelar. O brilho radiante ofusca olhares atentos e curiosos. Os sorrisos de boas vindas aumentam à proporção que a luz do orifício diminui com a silhueta do novo ser aproximando-se. O som das badaladas é mais rápido. Os violinos angelicais embarcam no compasso dos sinos. Harpas e clarinetas juntam-se à melodia.

            Aos poucos o desenho do novo ser vai se formando e já é possível reconhecê-lo. Estranhamente ele olha para os lados, vê um céu de azul intenso e poucas nuvens. Logo ao lado enxerga flores brancas, amarelas e vermelhas se destacarem sobre a imensidão verde de um campo plano com cabanas simples de madeira. As pessoas seguem a sorrir e a aplaudir.

As crianças são as primeiras a lhe saudar com pétalas de flores. Logo, os adultos o abraçam e dão as boas vindas. O ambiente é de paz e calmaria. A luz, agora com pouca intensidade, está em todas as pessoas e a música segue a anunciar sua chegada. Crianças e mais crianças correm em sua volta.

A nova estrela sente seu corpo leve, suas roupas são simples panos brancos pendurados em seus ombros. O volume da canção lírica ficava distante. Ele percebeu um movimento suave passar pelos ares. O que era aquilo, um bebê de asas? Um anjo desceu para perto com um violino. A emoção contagiou sua alma a ponto dos olhos lacrimejarem. Ele sentia alguém lhe falando. O inconsciente entendia as palavras de luz.

Uma estranha energia invadia seu peito. Eram agradecimentos, lembranças de momentos de felicidade, mensagens de carinho. Assim, o ser chegava ao céu. Com o coração sentia seus familiares e amigos orarem em seu nome. Lá de cima, ele emanou fluídos de ternura, gratidão e amor a todos os bons pensamentos presentes na terra. Juntou-se aos demais e passou a sorrir, aplaudir, colher flores, apreciar a melodia dos anjos e a recepcionar as novas estrelas lançadas ao céu.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

A viagem

Por Paulinho Sangoi 
Bem depois de todos terem comentado a viagem, só me resta dizer algumas palavras. Me lembro daquela noite em sala de aula de Projeto Experimental em TV, quando foram decididos os roteiros. O grupo havia optado por viajar para Livramento. Tudo bem, mas depois foi trocado por São Miguel das Missões, acertou com a viagem, hospedagem e tudo mais.

Data programada, tudo certo! Saída sexta feira, às 18 horas, do dia 08 de outubro 2010. Dito e feito! Destino? Quê destino? Éramos os MOCHILA NAS COSTAS rumo à tão esperada Missões. Sim, tínhamos que dormir, mas a eficiência da Thaís nos proporcionou um belo pouso e sem falar da janta.

Horas nem pensar. Já passava da meia noite, veio a reunião para o próximo dia, depois o despertar às 06 horas, café e viagem rumo a Santo Ângelo. UFA! Dia cansativo para todos, pagamos a estrada de novo rumo a São Miguel das Missões, chegando todos com cara de cansados e aquele hotel pedindo um descanso, mas tínhamos traçado um roteiro e deveríamos cumprir.

Matéria no hotel pronta e rumo ao parque onde estão as Ruínas. Nosso tempo era curto. Confesso não tinha estado naquele lugar antes. É lindo. Procurei fazer as imagens melhores possíveis. E ele, o iluminado sol proporcionou cenários inesquecíveis.

Enfim, missão do dia cumprida veio a noite e mais trabalho. Retornamos já era 22h30min. Todo mundo tem o direito de descansar, tomar banho, jantar no hotel com direito a sobremesa... Conversa vai conversa vem e programamos o roteiro do dia seguinte: despertar 6h e tomar cenas do hotel. Claro que café às 7h. O domingo foi legal, concluímos as gravações às 17h. Era hora de voltar.

Que viagem! Das muitas que já realizei através da minha profissão, esta marcou muito! Obrigado a vocês,  BERNARDO , CAROLINE , THAIS , LUIZA , TIANE... VALEUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUU

sábado, 23 de outubro de 2010

A honestidade de um palhaço

Tenho visto nas ruas um povo desacreditado, pessoas indignadas com os resultados nas eleições 2010, para citar o caso Tiririca. Vejo eleitores insatisfeitos com os selecionados a disputar o cargo de presidente, governador e deputados. Aliás, a impressão que fica é que nós brasileiros vamos eleger o “menos pior” e não “o melhor” para administrar o Brasil.

Os debates desse segundo turno, pelo menos até agora, não passaram de discussões mesquinhas. Os candidatos entram num círculo de acusações, um chamando o outro de mentiroso. Eles se esquecem dos eleitores. Não saem propostas concretas. O último debate parecia que a disputa era pelo governo de São Paulo.

Alguns chamam estas brigas de democracia. O que tem de útil ficar repetindo na televisão uma agressão a um candidato? Vamos incentivar? Quantos minutos sem propostas construtivas para provar que um é pior e mais mau caráter que o outro? O Brasil transborda corrupção, a mídia escancara roubos, o judiciário está entupido de processos de cassação e muitos outros.

Foi com um “sim nós podemos” que Barack Obama se elegeu o primeiro presidente negro dos Estados Unidos. Foi a promessa de mudança, explícita no discurso, nos gestos, na cor e na campanha feita na internet do republicano. Americanos que não são obrigados a votar superaram as marcas e foram às urnas. Mudança, a palavra de ordem.

No Brasil, passam quatro, oito, 12 anos e os candidatos, discursos, brigas mesquinhas são os mesmos. Há quanto não sentimos o gosto do novo, da mudança? Por que nós eleitores caímos nessa roda da descrença? A única mudança destas eleições foi a vitória legítima do Tiririca. Seria uma indicação de que somos palhaços e um profissional vai nos representar? Ou é um reforço daquela frase ouvida nas desgraças políticas, “vamos rir para não chorar”? De qualquer forma, o Tiririca fez a campanha mais honesta dessas eleições, talvez isso, justifique o mais de um milhão de votos que recebeu.

domingo, 17 de outubro de 2010

O roteiro não é tudo

Por Caroline Cechin
Quatro mentes meio malucas. Muitas ideias e uma forte amizade. As aventuras durante a viagem dispensa apresentações, a Luisa e a Thaís já se encarregaram disso. Tínhamos alguns contatos, muitas ideias, e sempre o atrevimento de viajar sem um roteiro muito certo. Alguns acreditam que isso é loucura, sair de Santa Maria percorrer tantos quilômetros sem ter tudo programado. Mas acredito que essa é nossa característica mais forte, sair para experimentar. Poderíamos nos dar mal, porém, a sorte até agora sempre esteve em nosso lado. Acho que Deus, ou seja lá o que nos acompanha, gosta das nossas aventuras.

O trabalho ocorreu tudo bem. Cansativo é claro, o dia inteiro de gravações, muitas caminhadas. Mas com certeza o aprendizado tanto na nossa área, o jornalismo, quanto no conteúdo histórico que o lugar carrega é muito gratificante. A parceria entre o grupo facilita muito as decisões. Como disse a Thaís em seu depoimento, sempre houveram discussões para o lado bom, ouvindo a opinião de todos e chegando na melhor solução para o momento. Não podemos deixar de agradecer sempre a parceria do Paulinho, nosso câmera, que durante a faculdade se tornou um grande amigo, nosso conselheiro em alguns momentos.

A experiência sempre é válida, dando certo os planos, ou não. Para mim, foi ainda mais marcante, motorista de primeira viagem, nunca tinha dirigido tantos quilômetros. Com certeza nossas histórias durante esse período e durante toda a faculdade ficaram na memória de cada uma que passou pelas nossas vidas. São quatro anos de uma amizade considerada por muitos incomum, tantas mulheres juntas reunidas sem brigar hehehe, e o Bê nosso fiel escudeiro ouvindo as loucuras das “lokas”.

Sobre mais esta aventura, Mochila nas Costas versão TV, ficam as lembranças dos momentos e do empenho de todos para que o programa fique o melhor possível. Agora é aguardar a edição, tarefa que não será nada fácil, pois temos muito material para transformar apenas em 15 minutos. Despeço-me agradecendo meus queridos colegas sempre companheiros de loucuras e dizendo que estamos sempre aí né aceitando novas propostas de aventuras hehehe. E fiquem atentos em breve mais um “Mochila nas Costas” estará no ar.

sábado, 16 de outubro de 2010

Folga temperada

O que fazer quando se está de folga? No meu caso, geralmente, descanso e só. Nada além de um sofá ou uma cama e um controle remoto na mão. Aliás, tem coisa melhor que ficar zapeando na TV? Massagear o cérebro com imagem, luz e blá blá blá? Comunicação com o ‘mundo exterior’ somente pela internet ou celular. Aliás, tenho escutado muito de outras pessoas: “quando consigo parar, estou tão cansado que não faço nada”. Faz sentido. E quando se chega tarde em casa, no final da noite depois de um dia exaustivo, e a geladeira está vazia? Ainda há pique para cozinhar? A solução é lanche.

            A correria é tanta que perdemos alguns prazeres da vida. Às vezes, um passeio em volta da quadra, uma corrida até o trevo, um chimarrão na praça, uma roda de amigos embaixo de uma sombra de árvore. Eu já tinha perdido a noção de quanto é bom cozinhar. Fazer a janta sem pressa, saboreando o fatiar dos temperos e a combinação que podemos fazer com eles.

            Na última segunda-feira, surgiu uma folga à noite e resolvi preparar a janta. Um prato exclusivo para mim. E quais eram os ingredientes em casa? Guisado de carne, massa caseira, ervilha e diversos outros temperos. Macarrão a Bolonhesa (nome bonito) acompanhado de um vinho tinto seco. O sangue italiano favoreceu a escolha da comida. Uma ligação para tirar uma dúvida e confirmar a mistura de água e óleo de soja para ferver a massa. Mãos à obra!


            Com colher de pau e muitos temperos a janta foi ganhando forma. Sem receita ou fórmula exata testei tempero aqui, outro lá. Sente o cheiro desse e daquele para descobrir qual vai ficar melhor. Os dois, por que não? Louro e manjericão na panela. Extrato de tomate com azeitonas e algumas colheres de ervilha.

            O macarrão ficou ótimo. Melhor que o resultado foi construí-lo. A preparação dos alimentos, a estratégia na mistura de temperos, o suspense de “como vai ficar isso?” e, o melhor de tudo, sem o compromisso de errar ou acertar para alguém. Num dia de cansaço cheguei direto para a cozinha, foi bom, foi relaxante e delicioso. Até me esqueci do controle remoto e redescobri um prazer fundamental e simples para a vida e auto-estima. Bom apetite!

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

10 pela coragem!!!


Por Luísa Schneiders
Quatro aspirantes a jornalistas. Um câmera experiente. Um projeto experimental para televisão a ser feito. Destino: Rota das Missões. Assim começou a nossa viagem. Pegamos a estrada na sexta-feira à tardinha. Nas mochilas, além do básico (roupas, produtos de higiene pessoal, equipamentos, etc...), também levamos adrenalina, expectativas, muitas ideias, planos e também incertezas.
Depois de cerca de três horas de viagem, chegamos ao nosso primeiro destino: Vitória das Missões. Após fazermos o reconhecimento do local, vencemos o cansaço e encaramos uma reunião de pauta, madrugada adentro. Tudo decidido, era hora de dormir para recarregar as energias.
Após poucas horas de sono, o despertador tocou, dando o sinal que tinha acabado a moleza, e que muito trabalho nos esperava. Carro novamente carregado, era hora de partir para Santo Ângelo, mais precisamente, para a Catedral Angelopolitana. Chegando lá, nos deparamos com a incontestável beleza da Igreja. Sua imponente arquitetura exterior contrastava com os pequenos e lindos detalhes internos, rendendo-nos belíssimas imagens. Foi nesta hora que surgiu o primeiro contratempo. Não tínhamos nenhuma fonte oficial para nos ceder uma entrevista, pois o padre tinha ido viajar, e não conseguimos fazer contato com o Bispo.
Mas, de repente, como que numa prece atendida, surgiu em nosso caminho um casal muito simpático. Vagner, jornalista e escritor e sua amiga. Eles estavam lá, pois participariam da Feira do Livro que estava acontecendo na cidade, e logo que ficaram sabendo do nosso projeto, nos apresentaram ao Secretário de Educação que, imediatamente, colocou-nos em contato com uma fonte que tinha muito a nos contar.
Raquel. Este é o nome da nossa fonte oficial. Uma mulher simples, simpática e muito disposta a nos ajudar. Formada em História, com Pós em Arqueologia, ela participou das escavações da antiga Catedral e em algumas horas em que passou conosco, deu-nos um banho de cultura e informação. Após finalizarmos essa etapa do trabalho, partimos rumo a São Miguel das Missões, deixando para trás, além de toda a beleza da Catedral de Santo Ângelo, pessoas generosas, que nos ajudaram e contribuíram para o nosso programa.


Depois de rodarmos mais uns 80 km, chegamos a São Miguel das Missões. A primeira parada na cidade foi no Wilson Park Hotel, que nos deu apoio logístico sábado e domingo. Lá, fomos recebidos pela Venívian, rapidamente, chamada por nós de “Vê”. Depois de conversarmos com ela, e conhecermos todas as instalações do Hotel, era hora de partir rumo ao Sítio Arqueológico São Miguel Arcanjo, mais conhecido como as Ruínas de São Miguel das Missões.
Chegando lá, restava-nos apenas uma hora para gravar, pois o Parque já iria fechar. Aproveitamos este momento para filmar o pôr do sol entre as Ruínas e tirar muitas, mas muitas fotos. Registros feitos, só restava esperar anoitecer para podermos conferir o Espetáculo Som e Luz, apresentado diariamente no Sítio Arqueológico. Quando a noite chegou, fomos surpreendidos pelo frio. O público chegava para assistir a apresentação carregando cobertores e mantas, e nós, não tivemos outra solução a não ser encarar o vento gelado na raça. Depois de gravarmos uma passagem e entrevistarmos algumas pessoas, voltamos ao hotel para encerrar o segundo dia de gravações. O cansaço já tomava conta, mas ainda tínhamos muito trabalho pela frente.
E como dizem, não há nada como uma noite de sono bem dormida para recarregar as energias. A manhã de domingo nos presenteou com um lindo céu azul. O tempo bom, que nos acompanhou desde sexta-feira, continuava do nosso lado. Depois do café da manhã, era hora de arrumar as malas, carregar o carro e fechar a conta do Hotel, pois era o nosso último dia de gravação e quando tudo estivesse pronto, voltaríamos direto para Santa Maria.
De volta às Ruínas de São Miguel, pegamos no batente, pois o tempo corria e ainda havia muita coisa a ser feita. Depois de gravarmos toda a manhã, demos uma pausa para o almoço. Encontramos um pequeno restaurante e quando entramos no estabelecimento, nos deparamos com o casal simpático que conhecemos em Santo Ângelo, Vagner e sua amiga. Sentamos próximos a eles e começamos a conversar. Vagner, um jornalista com uma bagagem incrível, apimentou nosso almoço com seus “causos”, histórias e opiniões.
Mesmo com a barriga cheia, não podíamos nos dar ao luxo de descansar. Voltamos ao Sítio Arqueológico na parte da tarde para finalizarmos as gravações. À medida que terminávamos de gravar os depoimentos e fazer os últimos takes, o cansaço que tomava conta de nós, foi dando espaço à sensação de dever cumprido, de objetivo alcançado.
O relógio marcava 5 horas da tarde quando encerramos as gravações. Agora era só carregar o carro com as malas e equipamentos para pegarmos a estrada de volta até a nossa cidade. Só que, na prática, não foi tão fácil assim. Onde guardar, em um carro lotado, tanto conhecimento, histórias, pessoas, imagens e a alegria de termos conseguido realizar o nosso projeto?
 Viajamos espremidos, trazendo conosco novas e empolgantes experiências, mas tendo a absoluta certeza de que crescemos como profissionais e, principalmente, como seres humanos. E, ao final dessa viagem, só temos que agradecer pelo desafio, pela oportunidade, pela ajuda, pela boa vontade, pelo profissionalismo e pela amizade, que foram componentes fundamentais para o sucesso da nossa empreitada.



quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Nosso segundo destino


Por Thaís Bueno
Região da Quarta Colônia, essa foi nossa primeira experiência, mas em rádio. Agora outra viagem super interessante, no entanto, na Região das Missões. Novamente o “Mochila nas Costas” rodou alguns quilômetros, para uma nova aventura. Mas sempre focados no objetivo principal, nosso projeto experimental. Desta vez tivemos a companhia do cinegrafista Paulinho e da nossa colega Luísa. Uma pequena observação, que agora vamos ter imagens, muitas imagens!

Optamos por iniciar a viagem na sexta-feira, dia 8 de outubro. Gravamos as primeiras cenas, arrumando o porta-malas e nossas expectativas. Nosso primeiro destino foi Vitória das Missões, onde pousamos e na manhã seguinte fomos para Santo Ângelo. Onde nossa pauta era a Catedral Angelopolitana. Lá, ficamos toda a manhã, o Bernardo conversou com a Raquel. Então almoçamos e seguimos viagem, até São Miguel das Missões.

Nossa chegada era aguardada pelo pessoal do Wilson Park Hotel, principalmente por “Vê”, que estava trabalhando no sábado só por nossa causa, coitada! Mas ela é uma pessoa muito querida e atenciosa, fomos recebidos muito bem! Nosso primeiro plano era deixar as bagagens e seguirmos para as Ruínas, mas mudamos totalmente, pois queríamos “dispensar” a Vê. A Caroline a entrevistou e o Paulinho fez algumas imagens pelo local.

Tínhamos a autorização para entrarmos no Patrimônio Cultural da Humanidade (conhecido pela UNESCO, em 1983), as Ruínas de São Miguel de Arcanjo. Chegamos lá já era passado das cinco da tarde, sendo que o local fechava às 18h. Mas que nada, somos da imprensa (risos), conseguimos ficar até quase 19h. Digamos que fizemos um reconhecimento do território. O Paulinho gravou o sol se pondo entre as Ruínas, uma imagem belíssima. Muitas imagens e fotos neste dia.



Logo mais tínhamos que aguardar o início do Espetáculo de Som e Luz, que acontece diariamente, às 20h, com duração de 48min. Estava frio, as pessoas chegavam enroladas nos cobertores e nós lá, apenas com casaquinhos, nada muito quentes. Fizemos a chamada para o show todos juntos e então começou o espetáculo. Teve gente xingando o Paulinho, por estar com a luz da câmera acesa. Pois estava tudo escuro, as vozes contando a história da saga dos padres jesuítas e índios Guarani, habitantes da Região Missioneira nos séculos XVII e XVIII e algumas luzes aleatoriamente focadas em pontos das Ruínas. A história realmente é atraente, saber que antigamente as pessoas passaram por tudo aquilo. Mas sinceramente, achei que se fosse uma encenação com pessoas, o espetáculo se tornaria mais real. Porém, foi bonito.

Voltamos para o hotel, jantamos e fomos dormir, pois o dia tinha sido muito intenso e cansativo. Na manhã de domingo, acordamos e tomamos café. O Paulinho mais uma vez, foi fazer imagens externas do hotel. E então seguimos novamente para as Ruínas. Fomos almoçar quase duas horas da tarde. Ah, esqueci de contar que em Santo Ângelo, sem querer, encontramos um escritor, que já havia trabalhado como jornalista, que morava em São Paulo, o Vagner Carlos. Ele estava acompanhado de uma amiga. Nas Ruínas, encontramos a dupla novamente. E no almoço também, estavam lá sentados na mesa do lado. Uma pessoa gente fina, legal de conversar, com experiências jornalísticas interessantes.


Depois de nos alimentarmos, adivinhem?! Fomos para as Ruínas, mais uma vez e a última desta viagem. Fizemos os detalhes finais, gravamos nossos depoimentos e terminou nosso trabalho. Quer dizer, terminou lá em São Miguel, pois agora temos que assistir todas as gravações, definir as melhores imagens e editar nosso produto final. Nossa viagem de volta, foi um pouco mais calma, o cansaço estava em nossos corpos...

Esta viagem, esses dois dias e mais algumas horas de convivência, foi uma experiência única. Podemos até voltar lá, mas certamente não será igual. A equipe é muito prestativa, o companheirismo é muito bom. Nossas ideias, nossos pensamentos eram bem próximos. Creio que, nosso projeto experimental, foi bem experimental mesmo. Não sei qual será nossa nota, mas se depender de nós será dez pela coragem!!