domingo, 26 de junho de 2011

Imagens da manhã do primeiro domingo do inverno em São Pedro do Sul. Fotos: Bernardo Bortolotto


















Cama sagrada



Parece um imã, mas não são os opostos que se atraem. É a familiaridade, o calor e o conforto. Quase impossível passar pela cama da mãe e não querer tirar uma soneca. É tão mais quente e aconchegante. É seguro. Refúgio da infância nas noites de chuvas, raios e pesadelos.

A criança, quando está  com medo à noite, pede asilo no quarto da mãe. O pai pode até  resistir. A mãe irá se comover com aqueles olhos inchados e face contorcida de pavor. Vai achar um canto e acolherá o pequeno.

Cama de mãe está sempre arrumada. Os cobertores descansam sobre o colchão sem um amassado sequer, como se fossem estendidos e passados a ferro quente. Parece simples. Não é. Tem de ter experiência e mãos cuidadosas para isso. Cálculo perfeito para balançar as cobertas para cima, esticá-las e fazê-las balançarem ao vento até repousarem com suavidade. Puxa uma ponta aqui e outra lá. Troca as fronhas dos travesseiros, dá uma afofada e põe na extremidade.

Elas arrumam para os filhos bagunçarem logo depois. As mães reclamam, afinal de contas, não há tempo sobrando para ficar organizando a reveria. Móvel sagrado, que para ela, é o campo de energia, porto-seguro e o símbolo da organização. Os tons que o dia terá estampado em lãs e edredons. Mulheres que, na correria do dia, não percebem o que é para o filho estar sobre o terreno macio daqueles lençóis cheirosos, macios e limpos. Em meio ao casulo dos cobertores.

Filhos que, não importa quanto tempo passe, irão flertar com a cama da porta do quarto da mãe. Deitarão sempre que der. Sentirão o cheiro, sentirão aquela maciez. Segurança. Terão, em alguns minutos de sono, a paz e a tranquilidade que recebiam quando eram crianças. Se lembrarão de como a vida é boa, quando é possível sair no meio da noite para um canto, na cama da mãe.


sábado, 18 de junho de 2011

Não é para todas que fica bem


A minissaia foi a revolução feminina. As pernas e coxas antes escondidas passaram a desfilar pelas ruas do mundo. Embora ela exista desde o final de Primeira Guerra Mundial, foi na década de 60 que foi popularizada no mundo, graças à estilista Mary Quant. E que sucesso. Aprovada pelas mulheres e ovacionada pelos homens, a minissaia virou a rainha das vestes. 

No começo a minissaia sofreu certa resistência. Aqueles preconceitos todos, machismos e feminismos que permeavam as sociedades do século passado. Este pedaço de pano veio mesmo foi para provar que a mulher podia ser independente e ter personalidade. Elas, aos poucos, foram experimentando o sabor da apreciação e desejo masculinos. 

Não há dúvidas que os homens da época babavam e até caíam diante de um belo par de coxas. Afinal de contas, não era todo dia que uma joia vestia um pequeno pedaço de pano na cintura, pouco acima do joelho. A partir daí, aprovada com unanimidade, a minissaia ganhou outras formas. 

O mercado masculino, principal adepto da ideia, começou a fazer exigências, a selecionar as saias mais curtas e que vestissem os melhores pares de pernas. Hoje ela evoluiu e encurtou para microssaia. Essa mesma que há algum tempo era usada por cima de um macacão. Virou peça de luxo, aquela usada em ocasiões especiais e festas do fim de semana. 

A microssaia é, quando muito, vestida com uma meia-calça por de baixo. E ela é tão justa no corpo que desenha o pouco que esconde. Provoca ainda mais que a antecessora e mascara as imperfeições, proibidas neste mercado da beleza. E aí, entra a concorrência feminina. A disputa entre elas procura mostrar as coxas mais belas. Os homens agradecem. 

A minissaia revolucionou o mundo. Tornou-se objeto de desejo de homens e mulheres, impulsionando as exigências e tendências mundial. É hoje, banalizada em microssaias que mal cobre a virilha. É um pedacinho de pano, que cai muito bem nas cinturas deste planeta, a desfilar pelas passarelas urbanas. Belas microssaias, mas que à própria mulher do camarada não combina.

sábado, 11 de junho de 2011

Ciúme, só com remédio



Já defendi teses contra o ciúme. Interpretei este sentimento da pior maneira possível, como um destruidor de casais e lares. Extirpei do peito quando percebi que começava a esquentar o sangue. A exclusão desta reação, aos poucos, tornou tudo mais calmo e tranquilo. No começo até que foi bom, mas depois, esta ausência foi ficando chata.

Ciúme é uma linha tênue entre o controle e o descontrole. É o efervescer do sangue, expelido em palavras nas relações de milhares de casais. É um alerta sem a iminência de perigo. É o sinal vermelho sem hora marcada para acender. Ciúme é a pura provocação, birra e discórdia, disfarçado. Afirma que trabalha em nome de paixão.

É o irmão chato, desconfiado e metido a protetor do coração. Acha que o mundo conspira contra ele. Faz alardes, gosta de chamar a atenção. Tanto que passou a ser desprezado. "Ah, deixa isso pra lá, é puro ciúme", dizem por aí. Mas não, o ciúme não pode ser deixado de lado. Ele é um amigo que levanta a poeira e precisa de conselhos.

Sentir ciúme é quebrar os pratos e se arrepender. É a certeza de que ninguém é dono de ninguém. Mas que existe alguém que vale a pena preservar. O controle deste sentimento está na maneira de interpretá-lo e como vamos deixá-lo sair do peito. E não adianta, só existe uma maneira de controlar os impulsos ciumentos: é na base do remédio. Somente doses exageradas de amor e suor podem acalmá-lo.

Então, deixe-se contaminar pelo ciúme, dê os conselhos certos a ele e vá se tratar com muito, mas muito amor, neste dia dos namorados e sempre!


sexta-feira, 10 de junho de 2011

Preconceito com dias contados


O preconceito está com os dias contados. Embora ainda esteja enraizado nos corações humanos, ele ser extinto. Ei, você, que mantém este sentimento guardado, prepare-se para o futuro. Reveja seus hábitos. As discussões em torno do assunto, embora estejam lentas, já começaram.

Toda transformação começa devagar. O fato é que a luta contra o preconceito já iniciou. Quando esta palavra é dita, o primeiro assunto que vem na memória é o da homofobia, bastante discutido pelo governo federal nos últimos dias. A intenção do estado é combater as agressões contra pessoas com opções sexuais distintas. Atitudes insanas movidas pela ignorância de quem as praticam.

Para agredir qualquer pessoa não é necessário um golpe de karatê, basta uma palavra, um gesto e uma ação mal intencionados. Quantas vidas e mentes brilhantes se perdem por aí, graças a pensamentos preconceituosos, pequenos e baixos, que resultam em atitudes semelhantes?

O mundo ingressou em um período de transição, onde, no futuro, afirmam especialistas, na haverá mais esta coisa de sexo. Fulano é heterossexual, Siclano é homossexual, Beltrano é bissexual. As pessoas vão se atrair pelo que são e sentem uma pelas outras. Pelo amor. Difícil pensar assim? Pode ser o preconceito batendo à sua porta.

Por que uma pessoa tem o direito de interferir nas opções das outras, pelo simples fato de não se agradar de tal escolha? A liberdade, a democracia, nos impõe a responsabilidade de ter respeito ao próximo. O mundo, hoje, é para quem sabe ouvir mais do que falar. Ainda vivemos sob a sombra da herança deixada pela ditadura, mas isto também vai acabar.

O Brasil tem líderes do século passado, estão defasados. Porém, uma parcela da população mundial, que não se envolve com a sujeira da politicagem, realiza as verdadeiras políticas sociais no combate às injustiças e a favor dos direitos humanos. É desta parte do planeta que surgem as ações que estão direcionando os caminhos da raça humana.

A população do mundo luta pela liberdade há séculos. Está registrado nos livros por quantas mudanças o homem passou desde sua existência. Quanta evolução e civilização. Basta ler as páginas da vida, que terás a certeza de que a mudança, para melhor, é inevitável, apesar de lenta. E, para estar pronto para este futuro, devemos nos livrar da prisão dos pequenos e grandes preconceitos. É preciso ter tolerância e capacidade para compartilhar os bons sentimentos.