sábado, 26 de fevereiro de 2011

Espiar e nada mais


Se, tem um programa de televisão que não gosto de olhar, é o Big Brother Brasil (BBB). Até confesso que, a primeira edição eu assisti. Depois, deixei de ver. Mesmo assim, sei o que acontece dentro da casa de câmeras, afinal, é o assunto do outro dia de muitas pessoas.

Na academia eu soube de um homem que virou mulher depois de fazer uma cirurgia. No trabalho ouvi dizer que tem mulheres dentro da casa que dançam em casas noturnas. Antes de começar um jogo de futebol, os comentários foram as mulheres lambendo algum doce no corpo dos homens.

Para saber o que acontece na casa do olho que tudo vê, do grande irmão, não é necessário assistir televisão. Está em muitos sites, revistas e na boca das pessoas. Mesmo que seja para dizer que não gosta do programa, como eu sempre digo. Prefiro um filme, um debate, até o programa do Chaves ou Chapolim Colorado.

Mas quando estou passeando pelos canais, e, de repente, está na hora do BBB, sou obrigado a dar uma espiada. É impossível desconhecer o que todos conhecem. Ficar de fora das conversas ou não entender aquela piada com nomes e gírias dos brothers. Eu não assisto, somente espio por alguns minutinhos, mesmo que seja para ter certeza que o programa não faz meu gosto.

Sinais do inverno

Tem gente dando tchau muito feliz e tem aqueles que já estão com saudade. Isso, porque o horário brasileiro de verão se despede nesse final de semana. As pessoas comentam suas preferências entre acordar mais cedo e chegar do trabalho ainda com luz solar.

O fato é que os ponteiros do relógio irão atrasar uma hora e os raios solares já começam a se despedir mais cedo. E com ele se vai a disposição. A preguiça começa a invadir os lares, junto com a noite, em frente à televisão.

E não é só o horário que está mudando. Já é possível reparar que o vento de outono sopra e a temperatura começa a cair. O friozinho da manhã acompanha quem cedo levanta para seus afazeres. De tarde é hora de tirar o casaquinho, porque já esquentou.

São os sinais de boas vindas de uma nova estação e de despedida do período de sol e calor. O verão começa a se afastar sem muito barulho, devagar, e, aos poucos, todos se acostumam com as novas temperaturas e horários. E, mesmo quando insuportável, o calor já vai deixando saudade para alguns e, o horário de inverno é felicitado por outros.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Em slow



Às vezes cinco minutos parecem levar uma hora para passar. É como um efeito de câmera lenta, um slow. A morena de pele bronzeada e cabelo comprido, até metade das costas e ondulado. Diante de seu, aproximado, um metro e 75 centímetros de altura, ela põe os joelhos no assento almofadado do graviton (aparelho de musculação). Segura na barra de ferro, com os braços espaçados, no ângulo de 90 graus.

Ela veste uma calça de lycra preta, colada nas pernas, marcando suas perfeições. As curvas desenham os músculos posteriores das coxas e da panturrilha. Ah, se Oscar Niemeyer estivesse aqui, teria uma inspiração arquitetônica. O tórax veste uma regata preta, de alças finas e coladas ao corpo. A blusa, um lance de estratégia para expor a supremacia do decote, é curta e apertada o suficiente para destacar a cintura, mostrar a barriga e as nádegas.

De costas para o público da academia, de vagar, ela faz os movimentos. Puxa-se para cima, lentamente, como se o esforço fosse massagem ao corpo. Os músculos das costas formam linhas que parecem estradas. Para onde levam? Repete os gestos. Sobe, e depois desce. Abaixo da cintura, os nervos se contraem. Quando desce, parece estar em uma banheira de espumas e pétalas de rosa. Relaxa.

Pelo espelho é possível enxergar o rosto. Dele verte uma gota de suor, perto da franja, ao lado da testa. O pingo escorre pela face, embala pelo pescoço e mergulha na profundidade do decote. Leva alguns segundos para novamente aparecer e desaguar no umbigo.

Entre uma seqüência e outra, ela descansa. Pega uma toalha e leva até o rosto. Como se estivesse sendo filmada debaixo para cima, balança os cabelos e prende na altura da nuca. Devagar, ela volta ao aparelho, joelho por joelho e braço por braço. Sustenta o peso do corpo sobre a máquina. E recomeça o espetáculo.

Algo começa a ficar estranho. Surge um som agudo de pesos se chocando. Homens e mulheres forcejam. Conversas. Motores foram ligados? À frente, o som do jump sobrevoa o salão e volta a entrar nos tímpanos. Correria. Perdi a noção do tempo percorrendo as silhuetas daquela morena. Uma longa e desejada aventura. Estou atrasado! Que nada, recém foram sete minutos de esteira.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Antes de dormir

Nesta noite fui dormir diferente. Mais cansado que de costume. Quis ouvir músicas clássicas, enquanto o pensamento tocava guitarras numa banda de rock. Resolvi virar, erguer os pés e escorar parede, deixar o sangue pesar na cabeça. O mundo pareceu virado. Às vezes é bom enxergar tudo ao contrário. A sensação no crânio, que depois de alguns minutos, parecia se esmagar, era relaxante. As pernas formigaram. Numa cambalhota, estava de bruços.

As pernas deslizavam sobre o lençol. De um lado, para o outro. Não era seda, mas cada centímetro do movimento aumentava a metragem do conforto. Ah, o colchão. Como pode ser duro e macio, ao mesmo tempo? O corpo surfou nas ondas da sua superfície. Lençol e colchão, um feito para o outro. Os dois a dar prazer às panturrilhas, coxas e costas.

E o travesseiro a guardar segredos. Todos os pensamentos circulando sobre um estofado de penas. Passam lembranças, alegrias, angústias e perdões. Também desfila a saudade nesta passarela. Um olhar escapa para um canto vazio. De um lado da face, a fronha gelada refresca o calor do dia que passou. A mão escorre por de baixo e abraça com carinho esse penacho confidente.

Tudo era perfeito, ou melhor, quase. O sono acanhado não apareceu. Numa noite de extremo cansaço físico, os pensamentos flutuaram horas e horas antes de se distanciarem. A empolgação do dia manteve uma dose de adrenalina circulando pelas veias. E nessa aventura de reviravoltas num colchão, que parecia missão de vida, desvendei os mistérios da minha cama. A sonolência bateu de repente, enquanto estava atravessado na diagonal, e levou a mente e o corpo, agora relaxados, a flutuar sobre o terreno dos bons sonhos.