segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Carta de despedida

 Hoje, eu escrevo para agradecer. Esta será a última vez que me lerá  neste espaço. Os desafios que escolhemos para nossas vidas nos fazem tomar decisões. Algumas trazem muita felicidade, outras, tristeza. É com muito pesar que me despeço do Gazeta Regional e de nossos leitores/colaboradores.

Faz três anos e três meses que escrevo ao jornal. Quando comecei, estava no segundo ano da faculdade. Tudo surgiu com uma troca recíproca. Eu precisava escrever. À época, o Gazeta necessitava de colunistas. Então, começamos esta parceria.

No início, sempre passamos por dificuldades. Eu dividia meu tempo entre os estudos, trabalho (de 2008 a 2010 repórter da rádio Santamaraiense) e os textos semanais. Mesmo assim conseguia me manter informado para sustentar textos com ênfase no município. Mas foi ficando ainda mais difícil.

Em janeiro de 2010, entrei para o Grupo RBS de Santa Maria. Era estagiário na área de telejornalismo. Na prática, era produtor de reportagens e de boa parte do que o Jornal do Almoço levava ao ar. Não podia aparecer na “tela” antes de estar formado. Mas não deixava de ser escalado para fazer matérias, que iam ao ar com meus textos, porém, sem a minha voz e imagem.

O tempo passou e o final de curso se aproximando. Foi ficando complicado escrever sobre o que acontecia em São Pedro do Sul. Então, em uma conversa com o editor chefe do Gazeta, chegamos à conclusão de manter o espaço com crônicas que poderiam abordar temas diversos e não teriam prazo de validade.

Novos desafios surgiram. Se já estava corrido, ficou ainda mais. No dia 2 de fevereiro de 2011 comecei a trabalhar como repórter freelancer do Diário de Santa Maria. Onde fiquei sete meses, até ser convidado para integrar a equipe da RBS TV dos Vales, em Santa Cruz do Sul. Nesse meio tempo, em agosto, eu estava formado.

Agora, o tempo extra é ainda mais estreito. Mas quando gostamos das coisas, a gente sempre dá um jeito de fazer. Porém, o Grupo RBS faz um contrato de exclusividade com seus funcionários e, por isso, preciso deixar de escrever neste espaço.

Tenho muito a agradecer à direção e funcionários deste jornal. Sempre foram parceiros e compreensivos. Nesta troca, tenho certeza, nós evoluímos juntos. E nós, nada seríamos se não fossem vocês, caros leitores. Todos fazem parte deste crescimento.

Escrevendo em viagem, dentro de um ônibus, agradeço com muito carinho todos que leram, criticaram, sugeriram e elogiaram. A todos que compreenderam minha falta de tempo, assimilando os erros de digitação e até de português.

Aos políticos irritados, e até àqueles que pensam que são, me acusando de ser deste ou daquele partido, os meus agradecimentos. Esta é a certeza da minha isenção. Pois o único partido que tomei neste espaço foi o da comunidade.

Um fraterno abraço e até breve!

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

A primeira impressão


O centro de Santa Cruz do Sul é muito bonito. A Rua Marechal Floriano Peixoto é como se fosse a 15 de Novembro de São Pedro do Sul. O forte do comércio e o movimento mais intenso de pedestres estão nesta via. Próximo à Catedral São João Batista, um Túnel Verde (como é chamada pelos santa-cruzenses) é formado por inúmeras árvores plantadas às margens da rua.

Caprichoso, o povo de Santa Cruz dá um exemplo de planejamento nas vias da cidade. É uma sociedade exigente, com fortes traços da cultura alemã e que não sorri ao visitante no primeiro encontro. Comportamento, que em um primeiro momento, parece dizer: “olha, aqui nós somos assim, trate de se adaptar ao nosso jeito”.

Hospedado em uma pensão, tenho aproveitado as caminhadas até o trabalho para observar e conhecer as ruas de Santa Cruz. Apesar dos elogios à exigência e organização dos moradores, o município sofre com um mal que toda e qualquer cidade impulsionada pelo desenvolvimento sofre: o trânsito!

A maior parte das ruas é de mão dupla e os cruzamentos têm poucas sinaleiras. Para um visitante, é difícil saber quais ruas são preferenciais. Em horários de pico, a desordem está armada. Mais um exemplo de que, mesmo em uma cidade como Santa Cruz, o trânsito necessita de planejamentos quando ainda nem é possível imagina-lo um problema.

sábado, 27 de agosto de 2011

Um novo desafio


Um novo começo é diferente de começar de novo. Ele chega de repente. Carregado de sonhos e planos. Vagão de expectativas, onde, lado a lado, também estão certeza e incerteza. Este ‘tal novo começo’  será bom? Mas se não for bem assim como pensamos? Só saberemos lá adiante. No vai e vem desta ansiedade, porém, está a consistência da certeza daquilo que deixamos para trás.

Quando me distraí, este trem apitou e já estava numa estação, onde as máquinas apenas esperavam um passo meu para partir. Estavam sobre trilhos de promessas, dos quais, apenas era capaz de imaginar até onde poderiam me levar. Pensei, calculei, conversei, pedi conselhos a maquinistas experientes por estes percursos da vida.

Assumi um trem rumo a Santa Cruz do Sul. A partir de agora, terei de conduzi-lo pelos vales da região da RBS TV, por, pelo menos, 10 meses. Dado este passo, um até breve aos que ficam.

Daquele jeito, com o trem em movimento, começando a partir, metade do corpo pela janela, a mão abana. O coração acelera. Felicidade de partir com a certeza de que existem pessoas que conquistamos a amizade e o carinho! Sentimentos que podemos carregar para qualquer lugar que formos. Lembranças felizes.

Apesar da mudança, continuarei a escrever  para este espaço, até  quando for possível. Porém, agora, com um novo olhar. Pretendo trazer relatos de experiências em uma cidade colonizada por alemães, assim como em São Pedro do Sul.

Sempre retornarei à terra. Sempre com o olhar crítico, de um fiscal do dia-a-dia, de um jornalista. Jamais deixarei de comentar, criticar se for preciso e elogiar quando merecido. Meus contatos permanecem os mesmos e todos podem e devem manter contato quando acharem necessário.

O mais importante a compartilhar com vocês, neste momento, é o sentimento de gratidão para com todos aqueles que contribuem com este trabalho. Aos leitores e críticos. Obrigado!

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Até a hora de parar



Começar, todos sabem e gostam muito. Mas parar, que pode ser mais importante, todos desconhecem como fazer. Relações sérias. De um, dois ou 30 anos. Não importa o tempo, as pessoas precisam aprender a dizer “chega”, que não dá mais para levar adiante.

No início de um relacionamento, o tempo passa e ninguém vê nada em volta, a não ser aquela paixão calorosa. O casal está lacrado em um casulo de adrenalina. É tão lindo e tão bom. Pena que não é para sempre. É aí que entra a sinceridade. Que os contos de fada fiquem apenas nos livros e animações. É preciso encarar a realidade, a vida a dois é difícil e exige sacrifícios.

As relações estão em um nível de superficialidade neste século 21, tais quais, as desilusões amorosas estão cada vez mais frequentes. È a corrupção dos casais. A famosa traição. Estes são egoístas. Não querem perder quem está ao seu lado. Aquele porto seguro, sabe? Então, cometem banalidades, aos tempos atuais, mas de conseqüências irreversíveis a quem sofre uma traição.

E o dizer “basta” serve também para quem há anos está com uma pessoa e, mesmo que não saia com outras, mantém o relacionamento por pena do companheiro (a). Ou, quem sabe lá por que. A pessoa está indecisa se quer ou não. Fica naquela. Que felicidade é essa? Este sacrifício é necessário? Se a pessoa está com dúvida, em respeito ao próximo, ela precisa parar por ali. Se resolva sozinha, depois assuma responsabilidades com alguém.

A humanidade está carente de sinceridade. Um ato sincero é ter coragem. É assumir responsabilidades planejando o futuro. Que todos possam começar um romance, o amor e a paixão fazem bem. Mesmo que não seja algo como num livro de romance. Contudo, saiba a hora de parar, não seja covarde, não pise naquele (a) que tanto já lhe deu. Dizer “não dá mais”, quando verdadeiro, também é bonito.

sábado, 13 de agosto de 2011

A luta tem de ser local


Segurança. Essa é a palavra de ordem em São Pedro do Sul. A que tem estado em todas as rodas de conversa da cidade. Acontecimentos violentos que têm repercutido na imprensa e chamado a atenção da sociedade, nos últimos meses, suscitam o debate. Nas últimas semanas, a Brigada Militar (BM)intensificou as ações nas ruas, com a realização de blitze em diversas regiões do município.

Geralmente contando com o apoio do efetivo de Toropi, a BM está parando veículos, pedestres e identificando suspeitos. Passou a circular mais pelas ruas centrais e em alguns bairros. Levando a sensação de segurança. Espantando aqueles que promovem a desordem e coibindo assaltos. Mas o principal, e que mais chama a atenção, é a redução das brigas e confusões na praça.

Uma simples ação da polícia. O básico que a BM deveria fazer e, que hoje, precisa do apoio de policiais de cidades vizinhas. Os governos (estadual e federal) estão esquecidos das cidades pequenas. Pouco investem em segurança e educação. O estado deixa a desejar nestas áreas. Conta com as estratégias dos comandos locais, para que se virem como possam. Assim mesmo, se virem como der. É assim que tem sido feito há muitos anos.

Os governantes não estão preparados para conter a violência. Não há efetivo suficiente, condições de trabalho adequadas e salários dignos. Quanto vale a vida de um policial para o estado? Para vítimas e a sociedade os serviços de um policial não têm preço.

Está na hora das políticas públicas serem pensadas para o interior. A prioridade ainda é para grandes cidades. Mas as drogas, principalmente o crack, não conhecem fronteiras. Elas promovem a violência e a sociedade de cidades menores não está preparada para esta onda criminosa. Essa é a hora de unir forças entre todos poderes locais. A população, por meio de associações e autoridades, precisam se reunir e buscar soluções. Somente assim, acredito, será possível dar um basta nos atos de violência.

sábado, 6 de agosto de 2011

O fim da bandidagem

Agora os bandidos e vândalos de São Pedro do Sul estão com os dias contados. Adeus vagabundagem! Ninguém irá ver estes rapazes de má índole destruir bancos, pichar a caixa d’água, destruir o patrimônio público. Chegou o fim dos esfaqueamentos e garrafas quebradas em cabeças. Ora, estes meliantes (como costuma dizer a polícia) são ingênuos! Jamais pensariam que um dia a prefeitura pudesse e teria a audácia e a coragem de podar as árvores da praça. Comemorem seres de bem e de paz, que pagam os impostos em dia, a segurança está garantida, os galhos foram cortados.

            Essa coisa de instalar câmeras de vigilância para flagrar os bandidos, como sugere o Ministério Público Estadual (MP) ao município, é coisa ultrapassada. Além disso, é muito caro! E pode ser constrangedor para os assaltantes. Imaginem só, eles seriam reconhecidos e, quem sabe, depois, até presos. Ah, e o direito de imagem? Quem iria pagar! Quantos processos isto não daria, hein?

            O negócio bom é podar galhos. A luz do sol passa mais. E à noite? Por um período tem lua cheia. Todo mundo se enxerga nesta fase. Não pense que as oito lâmpadas, fixadas no centro da praça, são insuficientes para iluminar todo local. Não! Eram os galhos das árvores que atrapalhavam. Você não percebe isto? Agora a luz viaja no espaço. Exceto embaixo da caixa d’água. Mas quem vai passar por ali mesmo? Ah, tem uma lâmpada lá.

            Quem se interessa por estes troncos, cheios de folhas, destas raízes fincadas há um século, no solo são-pedrense? Um pouco menos, quem sabe um pouco mais que cem anos. Tanto faz! A prefeitura tem toda liberdade para fazer o que bem entender com as árvores. Está na legislação. Pode até cortar a facão, deixar lascas. Primeiro segurança, depois se pensa no resto. Esta história de meio-ambiente, camada de ozônio e CO2, aquele papo furado dos ambientalistas, é coisa de cidade grande e de quem, provavelmente, não tem o que fazer.

            Tem gente tão feliz com a idéia que já podou todas as árvores do pátio de casa. O cachorro, acostumado a cuidar do espaço ocioso, tirou férias. De furioso e “rosnento” passou a bobão e babão. Sai para a noite atrás de cadelinhas no cio. Não se preocupa mais com o ladrão que pula o muro com um saco nas costas. Virou coisa de desenho animado. As árvores foram podadas. Para garantia da família, algumas até foram decepadas.

            Investir em iluminação para quê, se a galera do mal vai destruir os postes depois? Povinho sem educação esse, hein? Este choro de pouco policial, deixe para lá. É só “limpar” a praça que todo mundo vê o que acontece. Bandido não gosta de ser visto. Se a idéia é levada adiante às grandes cidades, será a revolução do século 21. Será o fim da violência! E das árvores também.

domingo, 31 de julho de 2011

Onde passado e presente se encontram

Foto: Bernardo Bortolotto
Talvez seja o ponto de referência mais lembrado pelos são-pedrenses. Não há de haver uma pessoa na cidade que não tenha passado por cima ou por baixo da Ponte Seca. Sejam as crianças a brincar pelos trilhos, os adultos espiarem o horizonte nas caminhadas à noitinha ou os mais velhos, a recordar quantos trens já pegaram e rodaram por aqueles trilhos que cortam pátios e ruas.

Quem sabe a Ponte Seca, como nós são-pedrenses a chamamos, tenha algum nome, em homenagem a alguém especial da nossa terra, e não sabemos. Ela é conhecida desta forma, porque ali está desde os primeiros anos de São Pedro do Sul e as pessoas já a  tinham como referência geográfica.

A Ponte Seca está impregnada de história. Época dos trens de transporte. Da ligação São Pedro-Santa Maria pela malha férrea. Este era apenas um dos itinerários possíveis. Viagens passíveis de muitos causos, risos, prazeres e descontentamentos. Quilômetros percorridos que hoje transitam somente a memória de quem embarcou naqueles vagões.

A ponte de concreto, não é apenas uma ligação da Avenida Walter Jobim com a Rua 15 de Novembro, é o elo com o passado são-pedrense. Ponte que hoje é pouco valorizada, afinal, lá, de vez em quando, passa um trem por de baixo.

Embora a cidade tenha muitas características que remetam ao município, para uns o barco do santo pescador, para outros a ossada do dinossauro encontrado neste chão e, ainda, as madeiras petrificadas. Para mim, o símbolo e a maior referência de São Pedro do Sul é a Ponte Seca.

De lá é possível de enxergar e admirar o céu rosado quando o sol nasce e o alaranjado do entardecer. Das guardas da nascem a perspectiva para o centro da cidade e às torres das principais igrejas são-pedrenses, católica e evangélica. É lá que o presente se encontra com o passado.

domingo, 24 de julho de 2011

Embarque das 7h55min

O sono desperta com o berro de um rádio relógio desafinado. Estica o braço, com toda a preguiça da manhã depositada sobre ele, e dá um tapa no botão soneca. Cinco minutos depois, pontualmente, afinal pontualidade é a honra dos ponteiros, o aparelho volta a fazer uma gritaria. Após levantar da cama, no inverno, a primeira coisa a se fazer no dia é espiar entre as frestas das persianas e procurar o sol.

Muitos dias já amanheceram cinza. Nas ruas, as pessoas somem em meio a tanta neblina e umidade no ar. O nariz congelado é um termômetro do corpo a amaldiçoar o frio. Apesar de inúmeras roupas pesadas, encolhido em meio a lã pendurada nos ombros e cintura, nada se pode fazer com a chuva. Ou pior, aquela garoa desgovernada a vir de cima, dos lados e por baixo do guarda-chuvas.

Quando o sol brilha o mundo muda. As pessoas deixam de resmungar. Falam, cantam, comemoram no calorzinho do sol, nos intervalos de jornadas indispensáveis. No ônibus que pego todas as manhãs, o motorista dá bom dia em tom maior. Sorri, faz um comentário sobre o frio com certo desprezo e, ao fim, com gosto diz: “pelo menos teremos um solzinho para esquentar”.

O cobrador conta as moedas animado. Libera a roleta e segue conversando com os clientes. A todos passageiros que embarcam, uma palavra sobre um assunto qualquer e, para o grande final, fala do tempo. O sol sairá nesta manhã. O azul do céu e o espaçamento entre as nuvens anunciam a manhã ensolarada.

O bom humor coletivo que o sol transmite torna a vida mais simples e agradável. Terceira parada, a porta do ônibus abre e ela embarca. Com o som do salto das botas no piso metálico se anuncia. Denuncia seu estilo e poder. O cobrador, que já estava tagarela com o provável surgimento do sol, lhe deseja um bom dia, distribui sorrisos e atira palavras ao ar.

Ela senta, em meio ao casaco de lã preto que cobre todo tronco, passa pela cintura, quase chega às botas de couro também pretas, quase batendo nos joelhos. Olha pela janela. Espia para o céu. Deve estar pensando sobre o tempo. Sorri de volta para o cobrador a falar, quase pular, já não se sabe mais se pelo sol ou pela presença daquela mulher.

De pele clara, quase branco neve, e cabelos escuros na metade das costas. Não pude ver seus olhos, mas deviam, pelo descompasso do homem que a contempla, ser de uma profundidade desigual. O sinal toca, alguém irá descer. Ela vai desembarcar. Atravessa o corredor. Segura-se nos mastros para não desequilibrar ao frear do carro. A porta abre. O cobrador não para de desejar um “ótimo isso, ótimo aquilo”. Ela vira o pescoço, balança os cabelos lisos e compridos, se despede e desce à calçada. Só não desce seu perfume que fica a vagar no corredor.

O sol já começa a aparecer, mas aquele rapaz emudece. Olha pela janela, mira para a calçada e a vê se distanciar. Desaparecer na quebrada de uma esquina. Conta moedas, mexe nas mãos, balança as pernas. Está ansioso. A espera do ônibus das 7h55min, do dia seguinte.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Abaixo de zero


A sequência do frio que tem feito no Rio Grande do Sul é a maior da última década. Coisas que os gaúchos já haviam percebido no dia-a-dia, ao despertar todas as manhãs e sair de casa. Neste período de temperaturas negativas, quem pode, assiste da janela, no quentinho da lareira, fogão a lenha ou de um cobertor enrolado no corpo, o branco da geada que cobre os campos, árvores, pátios.

O inverno é a inspiração do conforto. É a procura do calor. A estação da calmaria, quando as pessoas se recolhem para seus aconchegos. Assim como pássaros encolhidos dentro de seus ninhos fofos e quentes. É dormir embaixo de uma pilha de cobertas pesadas, aquelas que incentivam um bom sono. Até dá vontade de deitar mais cedo.

O frio é a xícara de café quente e esfumaçada na mão, em pé na janela, ao amanhecer. A feijoada, carreteiro, a sopa e a massa, em um jantar demorado. O vento no rosto, enquanto os pés quebram o gelo formado da geada. Temperaturas abaixo de zero que fazem os gaúchos vestirem uma pilha de roupas. É a estação mais eclética, das passarelas urbanas e seus modelos a desfilarem casacões, toucas e mantas.

Inverno é o estalo da madeira queimando, enquanto o fogo se alimenta da lenha do fogão. É o calor e a reunião da família em volta da lareira. O livro aberto. São os meses do pinhão cozido ou assado. Dias para estar com os amigos. É quando os solteiros se cansam da solidão e se rendem à companhia. Nela encontram o calor de alguém disposto a dividir abraços, filmes e pipoca. E, claro, o calor para aquecer a alma, o amor.