Se fosse capaz de fazer previsões, Paulo havia construído uma arca. Como a de Noé. Ao invés de animais, lotaria com vizinhos, amigos e familiares. Ninguém previu e a força da água impiedosa não tomou conhecimento da vida. Foi passando por cima, por dentro das casas, arrastando móveis, corpos e almas.
Embora a destruição em massa da região Serrana do Rio de Janeiro seja incalculável, uma onda gigante de solidariedade seguirá o caminho da reconstrução. Comboios de carretas chegam a todo instante nos locais das catástrofes com donativos de todo país.
É desta ação fraterna, de desconhecidos de todos os cantos, que Paulo vai tirar forças para se erguer. Vai chorar a perda de parentes e colegas. Vai olhar um terreno coberto de lama, onde um dia teve uma casa, um jardim florido. Vai chorar. E, aos poucos, o lamaçal vai limpando e os destroços surgindo sob um céu cinza e ameaçador.
Paulo vai olhar ao chão e reconhecer um objeto de sua ex-esposa levada pelas águas. Olhará ao céu com olhos úmidos de dúvida e revolta. Cada 24 horas do dia serão intermináveis para quem perdeu tudo e terá de reconstruir casa, vida e família. Então, o ser humano vai se agarrar naquela força que ninguém sabe de onde vem.
A dor será compartilhada por milhares de pessoas espalhadas pelo mundo. Uma corrente de orações tomará os túneis de energias invisíveis do espaço. Chegará com alento aos corações despedaçados pela força da natureza. Agasalhos, materiais de construção, alimentos e água serão doados. Aos poucos, a vida precisa recomeçar.
Em homenagem às centenas de vítimas dos temporais na região Serrana do Rio de Janeiro. Para saber como fazer para realizar doações Clique Aqui
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