Na última quarta-feira resolvi quebrar a rotina e ir ao cinema. Poucas vezes estive em um. Chegando lá, logo na fila, senti a magia do lugar. Entre adolescentes, famílias, casais, brilhavam olhos de ansiedade. Todos prontos para mais uma história. Pipocas na mão? “Xiiii... vai começar”. Em cartaz o Sex and The City. Enquanto aguardava o início, tentei imaginar esta emoção em, São Pedro do Sul de quatro décadas atrás.
De longe, se ouvia o som da junção do Cine Áurea. Todos sabiam o caminho da Rua Expedicionário Almeida(onde hoje está a loja Quero-Quero). Com potentes alto-falantes, o proprietário, Leopoldo Stein, chamava a clientela. As sessões de sábado e domingo à noite, lotavam a imensa sala. Também havia a “Domingo Matinê”. Eram três longas por fim de semana. Época que se respeitava à indicativa de idade.
Nada de pornochanchado brasileiro. Tudo legendado. Os bang-bangs americanos pareciam sair da tela. Na sala, os espectadores batiam os pés contra o chão, como se estivessem em uma perseguição, verdadeira caça ao bandido. Novas amizades surgiam no escurinho do Cine Áurea. Longe do lanterninha, claro! Quem não podia ir, ficava na frente do prédio, só para não perder a paquera. Cerca de dois cruzeiros novos custava para entrar.
Mesmo com todas as dificuldades do final dos anos 60, São Pedro do Sul trazia civilizações, mitos, costumes, conhecimento para a sociedade através da tela grande. Hoje, no século da tecnologia e comunicação, a cidade anseia por alternativas culturais. O cinema está longe da realidade do município e o caminho mais perto, são as lembranças, histórias e a imaginação.
Bernardo B. Bortolotto
E-mail: colunabbb@gmail.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário