É só ir para longe e ela se aproxima. Alguns minutinhos depois e já está com a gente. Só de pensar na saída, lá vem de novo. Mal educada não pede licença, chega aos gritos. Insuportável! Quer mandar a qualquer custo, em qualquer um. E tem poder para isso. Mas também tem motivos. Quando sai de perto, é um alívio. Pertinente, lembra o que não podemos fazer, nem estar perto. Dá prazer pensar em sua morte.
Acompanhando sua vítima com uma faca afiada no peito, dificulta a respiração, provoca suspiros e até choro. É responsável por atitudes não tomadas, caminhos não percorridos. Persuasiva, sabe justificar e convencer. Canalha! Sempre caímos nas armadilhas, mais cedo ou mais tarde. Contam-se os meses, semanas, dias, horas, minutos, para expulsa-la.
Distante das pessoas queridas, próximas, amadas. Longe de casa, do quarto, da cama, do travesseiro. Mesmo rejeitada, insiste em seguir. Fora da cidade, ela diz que as pessoas são desconhecidas, não sorriem. Não é como São Pedro. O sossego não é o mesmo. Nada é mais abençoado que o lar. Alguns pensam o contrário, estes bravos e corajosos são os próximos reféns da saudade.
Saudade é certeza de luta, de sacrifício, histórias deixadas para trás, em busca de algo maior, de um sonho. Sem saber onde vai dar, quais caminhos a percorrer. É bom manter esta intrometida por perto, tanto para quem vai e para quem fica. Mesmo com dor, é a fé que incentiva a vencer. E quanto mais ela atormentar, maior será a gana para matá-la, alimentando o reencontro e enaltecendo o coração de felicidade.
Bernardo B. Bortolotto - *Acadêmico de jornalismo
Crédito: a imagem utilizada nesta crônica é de autor desconhecido, captada na internet
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Texto publicado no jornal Gazeta Regional do dia 30 de agosto de 2008
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