quinta-feira, 21 de abril de 2011

Choque de realidade

Esta semana (14.04) tive o contato com uma realidade distante do mundo que me rodeia, no dia-a-dia. Apesar de ter conhecimento da miséria que atinge parte da população, foi um choque visitar algumas casas em condições desumanas. Durante a produção de uma reportagem, em um bairro pobre de Santa Maria, me deparei com pessoas sobreviventes da nossa sociedade.

Foi na manhã de quinta-feira, abaixo de muita chuva, que saí para cobrir os estragos provocados pela chuva forte da madrugada, que atingiu nossos vizinhos. A primeira informação dava conta que duas famílias seriam removidas de suas casas, pois a água havia invadido as residências e um barranco ameaçava desmoronar.

As famílias residem em casas de madeira, que podem ser chamadas de casebre. Uma improvisação da vida. Havia parede e teto. Na primeira que visitei, eram apenas dois cômodos: cozinha e sala/quarto. A segunda, não passava de uma caixa quadrada de madeira. Tudo se amontoava ali: televisão, geladeira, cama. Em cada uma três pessoas: uma mãe e dois filhos pequenos.

De repente, mais tarde, deitado no sofá, vem na lembrança o modo de vida daquelas pessoas. Como podem viver naquele lugar? Quais são as perspectivas destas crianças? Como seria a vida sem o quentinho do edredom, da água do chuveiro. Não sentir o piso gelado, com os pés descalços. Chegar em casa e ter a mesa vazia. Como pode ser a vida sem a certeza do amanhã?

São pessoas que vivem à margem da sociedade, em condições humilhantes e muitas vezes descartadas pelos seres humanos.

Ao final da reportagem, quando já me despedia, as crianças salvavam seus cadernos escolares e, ainda abaixo da chuva, sem saber para onde iriam, conseguiam sorrir. A chama da esperança está acesa.

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