Nesta semana me envolvi muito com animais de estimação, principalmente cachorros. Primeiro fiz uma reportagem sobre cães que vivem em ambientes fechados(apartamento, condomínio, casa) – tarefa para a faculdade. Na última quinta-feira entrevistei, em Santa Maria, – para a rádio Santamariense – um taxista aposentado, de 78 anos, ganhou mídia em todo estado depois de arrastar por três quadras um cachorro. Existe selvageria pior? Sim.
Talvez muitos tenham ouvido falar. Mas para relembrar, Alceu Pozati atou o cachorro no pára-choque de seu Fusca e o arrastou pela rua Rigoberto Duarte, após a Floriano Peixoto. Um empresário passava pelo local, viu o fato e jogou seu veículo contra o de Pozati tentando pará-lo. Ele conseguiu. A veterinária Marlene Nascimento recolheu o cão que passa bem. O animal levantou pela primeira vez, depois do caso, na última quarta-feira.
Pozati alega que não tinha a intenção de matar o animal, somente de levá-lo para outro lugar, pois o mesmo cachorro estaria incomodando na sua casa. Bem, ele não mediu as conseqüências(pensando pelo lado positivo). A população de Santa Maria e até de fora do Estado, ficou chocada. “De onde vem tamanha crueldade para fazer isto com um animal considerado o melhor amigo do homem?”, as pessoas questionam. “Um senhor de 78 anos”, complementam.
Alceu Pozati está com uma audiência marcada para o dia 30 e deverá pagar multa ou cestas básicas. Ainda há possibilidade de o caso ir parar na Polícia Civil. Com 78 anos, o aposentado leva sua vida em um casebre de madeira, com sua esposa deficiente das vistas – não enxerga um palmo à sua frente. Desde aquele dia a vida do casal mudou radicalmente. Além do assédio da imprensa, as pessoas não param de ligar para sua casa. Já ouviram muitos xingamentos. Pozati levará este episódio para o túmulo. E as pessoas não vão esquecer a imagem do “velho cruel” com os animais. Querem punição.
O “Mimoso”, como foi batizado o cachorro, será doado. Espera-se um dono responsável que alimente bem e dê amor e carinho. Enquanto isto, milhares de homens, mulheres e crianças dormem nas calçadas, passam frio, fome e fedem. Apodrecem a mercê da população. Dane-se tudo isto! Não passa de mais um caso “comum” da pobreza. Para muitos, um empecilho.
Bernardo B. Bortolotto - *Acadêmico de jornalismo
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A ilustração deste post é uma montagem, feita pelo autor do blog, a partir de imagens recolhidas na internet.
Texto publicado no jornal Gazeta Regional do dia 25 de outubro de 2008
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