Na noite de domingo o IBAMA e a Polícia Rodoviária Federal(PRF) haviam apreendido 95 toneladas da pedra semi-preciosa Ágata, na BR 158, na serra que liga Santa Maria com Itaara. Quem me deu maiores detalhes foi o chefe do escritório regional do IBAMA em Santa Maria, Tarso Isaía. O carregamento saiu de Salto do Jacuí e seria levado para o Porto de Rio Grande, onde embarcaria para a China. No decorrer de nossa conversa, chegamos ao fato ocorrido no dia 7 de março deste ano, na BR 287, envolvendo as madeiras fossilizadas de São Pedro do Sul, onde foram apreendidos oito metros cúbicos ou uma caçamba de caminhão cheia.
A exportação destas pedras não é ilegal. Contra a lei é a forma de extração, pois degrada o meio ambiente. É necessário uma série de licenças para escavar a terra. Mas o agravante nisto tudo é a falta de conhecimento das pessoas, inclusive de autoridades. O patrimônio de madeiras petrificadas da nossa cidade é de extrema importância para a humanidade. São 200 milhões de anos abaixo da terra, é material de pesquisas, turístico.
Quando as “nossas” pedras foram apreendidas no início do ano, também pelo IBAMA e PRF, todos sabem qual o destino delas? Será que alguma pedra voltou à cidade? A resposta é não! Elas foram distribuídas para o exército e prefeitura de Santa Maria. Toda apreensão feita deste gênero é doada a órgãos públicos, como os citados. Mas estes órgãos entram em filas para disputar o material, não é fácil de consegui-lo.
Tarso Isaía, revela que naquela época enviou um servidor a São Pedro do Sul para devolver os fósseis e uma autoridade local teria lhe dito que não queriam as pedras, “porque a cidade já tinha o bastante”. “Como entulho nossas riquezas naturais vão sendo exportadas das cidades. Riquezas que qualquer europeu, chinês, paga dezenas de dólares, por um pedaço qualquer! Infelizmente isto é uma questão cultural. Lamentavelmente.”, desabafa Isaía.
O desenvolvimento e a riqueza de nossa cidade estão sob o solo. Porque não temos ainda um reconhecimento mundial? Nossa área de fósseis é 4 vezes maior do que a de Mata. E não escuto falar de nenhum um outro local com tanta abundância de madeiras fossilizadas.
Quem sabe quando os alemães chegaram a São Pedro do Sul e levaram o esqueleto do dinossauro encontrado em nossas terras, que hoje reside em cartazes espalhados pela cidade, não perguntaram antes se poderiam levar para seu país e a resposta dada foi: “pode sim, aqui nós temos bastante”. Quem sabe?!
Bernardo B. Bortolotto - *Acadêmico de jornalismo
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