Imagem: http://www.novaera-alvorecer.net/luz2.JPGDeitado sobre a cama de um hospital, aos 82 anos, o esgotado homem agonizava. Descobriu há cinco anos, ao sentir dores no corpo, que estava com uma doença terminal. Mal pôde desfrutar da tão esperada aposentadoria. O seu dinheiro foi, praticamente, destinado aos laboratórios médicos e centros cirúrgicos nestes anos. Chegou o momento. Sabia que não podia mais fugir. A morte não lhe assustava mais que, enfrentar a própria consciência antes de partir.
Pensou em sua trajetória no mundo terreno. Lembrou pouco de quando era criança. Recordou alguns brinquedos que ganhou e exibiu para os amiguinhos. Sorriu ao lembrar-se das farras quando jovem. Quantas aventuras, mulheres! Ganhou seu primeiro carro assim que completou 18 anos. Por sorte ou influência da tradicional família, não foi preso ao dirigir embriagado e arriscar manobras em público.
Os pais davam o melhor para ele. Afinal, em sua casa sobrava dinheiro. Mesmo assim, pouco se lembrou dos pais. Refletiu sobre as brigas constantes dentro de casa. Não esqueceu o quanto sua mãe chorou ao ver drogas no bolso de sua jaqueta. Nada que uma boa mentira não amenizasse a situação. Uma lágrima percorreu as rugas sobre o seu rosto. Marcas de uma vida de trabalho duro.
Muito ambicioso, tornou-se um negociante aos 30. Com o dinheiro da farta herança da família, fundou uma empresa. Ótimo administrador conquistou bens. Imóveis em praias, o carro importado do ano, móveis caríssimos e a maior casa de sua cidade. Fez um salão especial para as freqüentes festas dos finais de semana. Aliás, conseguia uma noite de lazer somente no sábado. Trabalhava 20 horas por dia.
Recordou de uma frase que ouvira. Não lembrava quem havia dito, nem quando. “Os filhos e os inimigos de Deus, cometem o mesmo erro. Eles subestimam o poder da oração”. Em fração de segundos sentiu alegria nas coisas simples da vida. Não sabia de onde vinha tanta esperança e energia. Minutos antes de morrer teve certeza que receberá outra chance de encontrar a fé, a paz e a felicidade. Em uma próxima vida.
Bernardo B. Bortolotto – Acadêmico de jornalismo
Pensou em sua trajetória no mundo terreno. Lembrou pouco de quando era criança. Recordou alguns brinquedos que ganhou e exibiu para os amiguinhos. Sorriu ao lembrar-se das farras quando jovem. Quantas aventuras, mulheres! Ganhou seu primeiro carro assim que completou 18 anos. Por sorte ou influência da tradicional família, não foi preso ao dirigir embriagado e arriscar manobras em público.
Os pais davam o melhor para ele. Afinal, em sua casa sobrava dinheiro. Mesmo assim, pouco se lembrou dos pais. Refletiu sobre as brigas constantes dentro de casa. Não esqueceu o quanto sua mãe chorou ao ver drogas no bolso de sua jaqueta. Nada que uma boa mentira não amenizasse a situação. Uma lágrima percorreu as rugas sobre o seu rosto. Marcas de uma vida de trabalho duro.
Muito ambicioso, tornou-se um negociante aos 30. Com o dinheiro da farta herança da família, fundou uma empresa. Ótimo administrador conquistou bens. Imóveis em praias, o carro importado do ano, móveis caríssimos e a maior casa de sua cidade. Fez um salão especial para as freqüentes festas dos finais de semana. Aliás, conseguia uma noite de lazer somente no sábado. Trabalhava 20 horas por dia.
Os últimos 40 anos passaram rápido demais, escorregaram das mãos como areia escapa pelo meio dos dedos. “O que eu fiz?”, perguntava-se. Lembrou-se da conta forrada no banco. Nem mesmo a soma mundial o tiraria daquela situação. Não tinha fé. Nem era religioso. Ouvia falar em deus, mas evitava esse tipo de conversa.
O médico não havia dito nada, mas sabia que, estaria morto em algumas horas. Pânico! Suor! Culpou os lanches rápidos que fazia no horário de almoço. Os empregados que não eram competentes o suficiente. Culpou a Microsoft por ter feito dele um escravo do computador. A medicina que não era “tão” avançada, incapaz de curá-lo. O peito queimava de raiva, desespero e dor.
O coração do velho homem não suportava mais aquilo tudo. Mal podia conter as lágrimas. Algo estava acontecendo. A tensão começava a passar. “Chegou a hora?”. Sua memória lembrava algo que não tinha vivido. Surgiam imagens de campos, de bosques coloridos pelas flores e borboletas. Havia árvores enormes, abençoando a todos com suas sombras e frescor. Pôde sentir a água gelada que caía da cachoeira visualizada pela sua mente. Sensação jamais vivida.
Recordou de uma frase que ouvira. Não lembrava quem havia dito, nem quando. “Os filhos e os inimigos de Deus, cometem o mesmo erro. Eles subestimam o poder da oração”. Em fração de segundos sentiu alegria nas coisas simples da vida. Não sabia de onde vinha tanta esperança e energia. Minutos antes de morrer teve certeza que receberá outra chance de encontrar a fé, a paz e a felicidade. Em uma próxima vida.
Bernardo B. Bortolotto – Acadêmico de jornalismo
E-mail: colunabbb@gmail.com
Texto publicado no jornal Gazeta Regional do dia 14 de fevereiro de 2009
Nenhum comentário:
Postar um comentário