Foto: Bernardo Bortolotto
Gritos e dores preenchem o espaço vazio de um quarto de hospital. Contrações e soluços deixam o ambiente mais apreensivo. Tensão e, de repente, um choro fino e desafinado. Lágrimas desaguam sobre o rosto de um homem. O alívio enrolado em uma coberta é levado aos braços da mãe por um senhor vestido de branco. “É um menino”, diz o médico. Olhares e sorrisos se entrelaçam diante da nova vida. Um círculo de amor e compaixão está formado.
O relógio não para. O pai acorda, está escuro. Uma luz alaranjada reflete na parede. São quatro horas da madrugada. Levanta duas horas mais tarde. O leite é de caixinha e servido em xícara. O bebê já é uma criança. Bate na porta: “Acorda guri. Vai perder a aula!”. Corre no médico. A febre é forte e o menino precisa ser internado.
Os ponteiros giram rápido. A criança vai sair à noite. “Toma cuidado”, recomenda a mãe. A porta bate. Mais tarde, a porta abre. Um casal chega pela madrugada pé por pé até o quarto. Já são três horas da tarde. Ele ainda dorme. O pai leva um copo de suco e a mãe prepara um prato de comida.
A mulher se olha no espelho, o tempo não foi de todo tão ruim. Passa um lápis no olho, faz a sombra e pega um batom. O homem coloca fogo na churrasqueira e vai temperar a carne. Logo, o filho já vai chegar para a visita de todo ano. Ele vem de longe, chega de viagem, traz consigo a namorada, quase esposa. Vai pedi-la em casamento daqui três meses.
A campainha toca. A mãe corre na porta. Sorri, abraça forte e derrama algumas lágrimas. O filho retribui da mesma forma. Dá um abraço e um aperto de mão no pai. Durante o almoço falam sobre a casa, os animais e lembram da infância. A mãe some por instantes. O filho diz como vai o trabalho. O pai se orgulha. A mãe volta com um papel luminoso na mão, afinal 12 de outubro é o Dia da Criança.
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