Foto: Bernardo Bortolotto
Mãos duras, calejadas da lida. Dedos deformados de semear a terra e dela colher o alimento. São as mesmas mãos a acariciar o rosto de uma mulher, a tocar a pele sutil de sua donzela. Duas mãos se cruzaram e os dedos se entrelaçaram. No meio do caminho uma aliança e com ela uma nova vida.
Estas mãos que já secaram lágrimas e massagearam a dor, hoje moldam um novo ser. Constroem o futuro nos corredores da esperança. Acendem mais uma luz no planeta e a lançam à humanidade. Nas palmas, de onde verte o suor da emoção, estão as marcas da mãe. Traços de fé.
Punhos cerrados e dedos roxos. Não é fúria. Ao contrário, é a tensão da alegria descarregada naqueles nervos. Mãos que amoleceram no primeiro sinal vital, no choro da criança recém nascida
. Aquelas mesmas mãos calejadas de vida, agora são plumas do travesseiro mais macio a segurar as poucas gramas de um anjo. Elas pegam no colo, acalmam o choro e alimentam uma criança. Irão limpar e educar com a suavidade da experiência do mundo.
Os dedos deslizam sobre o rosto rosado, lábios que fazem bico, nariz e orelhas pequenos. E naquelas minúsculas mãos um infinito de sonhos se esconde. A imprevisão do futuro anseia o coração. As marcas da mãe estão cicatrizadas nas palminhas. As do pai estão nos dedinhos enrugados que torcem e destorcem como um ensaio ao teatro da vida. Nessas pequenas mãos estão guardadas esperanças, construções e ações de um grande homem no futuro.
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