domingo, 5 de dezembro de 2010

As mãos de um anjo

Foto: Bernardo Bortolotto

Mãos duras, calejadas da lida. Dedos deformados de semear a terra e dela colher o alimento. São as mesmas mãos a acariciar o rosto de uma mulher, a tocar a pele sutil de sua donzela. Duas mãos se cruzaram e os dedos se entrelaçaram. No meio do caminho uma aliança e com ela uma nova vida.

            Estas mãos que já secaram lágrimas e massagearam a dor, hoje moldam um novo ser. Constroem o futuro nos corredores da esperança. Acendem mais uma luz no planeta e a lançam à humanidade. Nas palmas, de onde verte o suor da emoção, estão as marcas da mãe. Traços de fé.

            Punhos cerrados e dedos roxos. Não é fúria. Ao contrário, é a tensão da alegria descarregada naqueles nervos. Mãos que amoleceram no primeiro sinal vital, no choro da criança recém nascidaeceram no primeiro sinal vital,ntar as poucas gramas do menino que acabara de nascer. a nova vida nascia.

. Aquelas mesmas mãos calejadas de vida, agora são plumas do travesseiro mais macio a segurar as poucas gramas de um anjo. Elas pegam no colo, acalmam o choro e alimentam uma criança. Irão limpar e educar com a suavidade da experiência do mundo.

Os dedos deslizam sobre o rosto rosado, lábios que fazem bico, nariz e orelhas pequenos. E naquelas minúsculas mãos um infinito de sonhos se esconde. A imprevisão do futuro anseia o coração. As marcas da mãe estão cicatrizadas nas palminhas. As do pai estão nos dedinhos enrugados que torcem e destorcem como um ensaio ao teatro da vida. Nessas pequenas mãos estão guardadas esperanças, construções e ações de um grande homem no futuro.

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