sábado, 28 de maio de 2011

Cinco centavos


Quem pega ônibus de Santa Maria para São Pedro do Sul sabe que a passagem custa R$ 5,95. Também sabe que se der R$ 6 de pagamento, dificilmente receberá os R$ 0,05 de troco. Se faltam moedas de cinco centavos em circulação no país ou se é norma da empresa não devolver o valor, é difícil saber, mas ainda existem cobradores dispostos a devolver o ‘pequeno’ troco.

A cada vez que não recebo os cinco centavos, sempre fico pensando que são cerca de 20 pessoas embarcando nos ônibus nas paradas, ao longo da saída de Santa Maria. Se todas pagarem a passagem com R$ 6 e nenhuma receber os cinco centavos, a empresa está embolsando R$ 1 por viagem. Supondo que sejam cinco viagens com este volume de passageiros, dará R$ 5 por dia e R$ 25 de segunda à sexta-feira. Ao mês são R$ 100.

Claro, é uma suposição. Só sei do meu troco que quase nunca volta. Tudo bem, o que são R$ 0,05? Podem ser R$ 100 (ou mais) em um mês. Aliás, quem tem R$ 5,95 contados na carteira? Já tentei levar o valor exato, mas são muitas moedas e não tenho onde carregar. Até já pensei em fazer um escândalo quando me dissessem que não tinham troco, mas do que adiantaria? Conservar minha paciência vale mais que esta pequena moeda.

No último coletivo que embarquei, há duas semanas, estava tão lotado que fiz a viagem em pé, com mais 16 passageiros enfileirados no corredor. Na hora de pagar a passagem, adivinhe: dei R$ 6 em moedas, então o cobrador disse:

            - Bá, não tenho cinco centavos.

Enquanto ele passava para cobrar o próximo passageiro, se espremendo entre um e outro, respondi:

            - Não tem importância, nenhum cobrador me devolve o troco.

Surpreso, ele olhou para trás. Colocou a mão lá no fundo do bolso, balançou um pouco e puxou para fora um punhado de moedas na mão. Catou aqui e ali sob a fraca luz interna do ônibus. Espichou o braço em minha direção, com um pequeno metal na ponta dos dedos.

            - Achei! Então vou ser o único a te devolver o troco – disse ao sorrir orgulhoso.

Retribuindo o esforço do raro cobrador em me devolver os cinco centavos, respondi com gesto de afirmação e um sorriso.

            Mas não fez mais que a obrigação.

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