Lá vem ela. Avassaladora e detentora das minhas emoções e carrasco dos meus pensamentos. Paixão que me leva à insanidade. Me fixa naquele olhar, me estremece na alegria daquele sorriso e me conforta na maciez daquela pele. Sentimento instável que me derruba na tua ausência e do mundo me distancia. Na esfera da paixão nós somos cúmplices e sacanas.
O círculo ardente da paixão ficou pequeno. Nossa insensatez entrou no túnel da plenitude. Embarcamos num amor profundo, até então eterno. E nesse caminho descobri que amar é sorrir, chorar, aprender. Amar é nunca pensar sozinho. É sempre ter você, não importa como, nem aonde. É o conforto do coração, a estabilidade da minha alma. Assim se fez o nosso amor, como dois corpos em um e ideais que se completam.
Depois de fortalecer o amor, o tempo quebrou o nosso encanto e aos poucos acalmou a agitação dos sentimentos. As dores congelaram meu coração e uma onda de desânimo me trancou num quarto. Estava escuro. Passou horas, dias, meses e anos. Você ainda estava em mim e eu em você. O ódio, que passamos a sentir, borrou a poesia do teu sorriso e ofuscou o brilho do teu olhar.
Agora, o medo me corrói. Como posso, mais uma vez, me entregar a outra pessoa? Jamais! De agora em diante vou me preservar. Se for para tanto sofrer, prefiro me aventurar nas turbulências, não de uma, mas de várias paixões. Mas que o amor não me surpreenda.
"A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca e que, esquivando-nos do sofrimento, perdemos também a felicidade".
ResponderExcluirCarlos Drumond de Andrade