Van Gogh / Noite estrelada
Sem camisa encolhido, os braços cruzados tremem. O vento gélido corta frestas e rasga a pele. Os cabelos molhados pingam. O banho esfria o corpo, não apazigua os pensamentos. Abandonado num canto qualquer. Lembranças atravessam o peito, perfuram a consciência.
É noite e as estrelas estão escondidas. A lua é forte, faz sua parte. Levanta e caminha. Sai sem direção. Sabe aonde quer chegar, desconhece o caminho. Segue o instinto. A estrada está coberta por uma neblina de dúvidas. Faz frio!
O corpo treme, perde a cor. Há uma luz distante. É uma casa, é o lugar. De longe a pele sente o calor lá concentrado. Corre! Espera! Nesse quente pega fogo. Coloca toda vontade a queimar, perde a sensibilidade. Volta o inverno.
Bate a porta. Abre um sorriso. Não sente mais frio, nem calor. Pensamentos, lembranças e consciência são extirpados pelo brilho da janela azul. Instinto e sensibilidade ardem noutra pele. A insanidade salta no cheiro. A leveza voa, o céu abre e as estrelas brilham.
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