segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Uma luta de fé e solidariedade

A lágrima percorre a pele lisa de rostos alvejados pelo desespero e pela dor. A gota do choro escorre pelo pó da face ao ter de sobreviver mais um dia com panelas e pratos vazios. São crianças, mulheres e homens. Todos passam fome. Sede! Ninguém sabe se irá sobreviver. Mas que diferença faz a morte para aqueles que perderam pai, mãe e filho. Têm familiares e amigos misturados a toneladas de concreto, sabem-se lá quantos metros abaixo da terra. O que resta para o Haiti? O que sobra para o homem?

Dinheiro e riqueza não são capazes de comprar uma migalha de pão. Não se tem onde buscar alimento. Não se tem onde plantar, colher e vender. A terra que um dia recebeu árvores e plantações ainda é o principal prato dos haitianos. Bolacha de barro. O que já era ruim ficou pior. Agora, este barro está misturado ao amianto do concreto derrubado pelo terremoto. É cancerígeno.

O seu futuro depende agora de colaboradores estrangeiros, que trazem água, comida, roupas, cobertas e colchões. Soldados da paz que apaziguam a luta selvagem por um gole de água ou por uma lata de sardinhas.

Sem casa. Sem ter para onde ir. Deitado, sentado ou em pé sob um céu estrelado, o haitiano vê, no brilho dos astros, um outro planeta. Existiria lá um bom lugar para viver? Não sabe. Pensa que seria muito melhor do que o país mais pobre das Américas.

O urro de socorro de um Haiti engolido pela terra retumba no planeta. Milhões de pessoas colaboram com este país flagelado. Seja com alimento, dinheiro, roupas ou apenas uma mensagem otimista. Seja como for. O mundo está sensível. Não só no Haiti, o planeta sofre com tragédias naturais de todas as formas. O homem está com medo.

Ao haitiano, resta a esperança, a força e a reconstrução, quem sabe, de um país melhor. Ao homem, sobram gestos simples que fazem da vida grandiosa, como a sensível lágrima que escorre pelo rosto carregado das marcas da perda. Como um sorriso de quem recebe um copo de água e renova sua fonte de fé. E como a solidariedade daquele que doa de si ao próximo.

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