sábado, 30 de janeiro de 2010

Se não der num E NEM noutro, o resto é lucro

O Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) facilita o acesso dos brasileiros às universidades federais. Além disto, permite que o jovem com baixa renda ingresse na faculdade por meio do Programa Universidade para Todos (Prouni). Sem dúvida, estes meios de ingresso ao estudo aumentaram o número de jovens cursando uma graduação. Porém, as mudanças realizadas, na forma de ingresso em faculdades por meio do ENEM, me preocupam.

Sabe-se que a prova não tem o mesmo nível de dificuldade de um vestibular das universidades. Até aí, dá para entender o motivo. Alguns mestres põem em dúvida a forma como as questões são elaboradas. Falam em conotações. Estes enxergam algum tipo de campanha política por meio da prova. Bem, mas, a minha preocupação é outra.

O candidato recebe sua nota para se inscrever em um curso. Candidatos com as médias mais altas ganham as vagas. Eu, por exemplo, optaria pelo curso de Direito, da UFSM. Vamos supor que, minha media seria 50. O ponto de corte do curso de Direito na UFSM foi de 55. Bem, já não me serviria, porque eu não passei do corte. Portanto, eu escolho outra universidade qualquer. E a minha média também não seria suficiente para o curso de Direito em outras instituições. Então, eu poderia optar por qualquer outro curso que minha nota seja maior.

Cada um de nós escolhe uma profissão. Os critérios de escolha são diversos, mas, a partir do momento que se faz uma opção, a determinação e o empenho são maiores. Quando se escolhe uma graduação, apenas para entrar em uma universidade, além de tirar a vaga de alguém que realmente gostaria de estar lá, é muito provável que, o futuro profissional não sinta satisfação em seu papel na sociedade e isto deve acarretar em mão de obra desqualificada.

Geralmente, quando o jovem escolhe um curso e depois percebe que não é sua área, ele vai acabar desistindo e logo procurará algo que seja melhor para si. Mas, quando a escolha é baseada em “ingressar em uma universidade para ver no que dá”, “já que é de graça” o prejuízo é gritante para a sociedade.

Da importância de uma boa formação todos nós não temos dúvidas. Agora, o que muitos não enxergam, é que, enquanto um jovem leva 10 anos para se formar em um curso de cinco, os cofres públicos são onerados. O desleixo colabora com estes atrasos. As festas universitárias também. E, isso é normal, em universidades federais.

O governo quer empurrar o maior número possível de pessoas às universidades para obter índices. E, parece não estar preocupado com a conseqüência. E a sociedade, além de pagar em impostos, ainda pode sofrer com profissionais desqualificados.

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