domingo, 14 de novembro de 2010

Meu calor em você

Van Gogh / Noite estrelada

Sem camisa encolhido, os braços cruzados tremem. O vento gélido corta frestas e rasga a pele. Os cabelos molhados pingam. O banho esfria o corpo, não apazigua os pensamentos. Abandonado num canto qualquer. Lembranças atravessam o peito, perfuram a consciência.

É noite e as estrelas estão escondidas. A lua é forte, faz sua parte. Levanta e caminha. Sai sem direção. Sabe aonde quer chegar, desconhece o caminho. Segue o instinto. A estrada está coberta por uma neblina de dúvidas. Faz frio!

O corpo treme, perde a cor. Há uma luz distante. É uma casa, é o lugar. De longe a pele sente o calor lá concentrado. Corre! Espera! Nesse quente pega fogo. Coloca toda vontade a queimar, perde a sensibilidade. Volta o inverno.

Bate a porta. Abre um sorriso. Não sente mais frio, nem calor. Pensamentos, lembranças e consciência são extirpados pelo brilho da janela azul. Instinto e sensibilidade ardem noutra pele. A insanidade salta no cheiro. A leveza voa, o céu abre e as estrelas brilham.

Nenhum comentário:

Postar um comentário