sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

No dia-a-dia da vida


O ano passou. Ou melhor, voou. Já chegamos às festas de Natal e Reveillon, de 2010. Logo serão as de 2011. Nessa época, além de comprar, gastar e consumir em excesso, as pessoas costumam fazer suas retrospectivas internas. É o saldo do ano. As avaliações das decisões e resultados. Nessa oportunidade, todos dão uma olhadinha para frente. O futuro é projetado. Incerto!

Tem gente planejando construir uma casa, fazer uma reforma. Outros imaginam mudar de vida, procurar um novo emprego que lhes valorize mais e pague melhor. Elas, pensam em arrumar um namorado. Eles, querem trocar de namorada. Ou, o contrário. Final de ano é sempre um pacote entupido de expectativas.

O passado não existe mais e o futuro é hoje. O ser humano sonha com uma vida melhor. Os cães só pensam nos ossos do peru após a ceia de Natal. As flores aguardam calmamente o orvalho da manhã seguinte. Os pássaros se acalantam à noite, em galhos de árvores, para cantar durante o dia. Os seres naturais da terra vivem um dia de cada vez. Exceto o homem.

Os seres racionais dividem dois ou três dias em 24 horas. Esperam com ansiedade o amanhã. Um dia que pode nem chegar. Facilmente um pacote de expectativas e sonhos pode se tornar um saco de pressão e preocupações excessivas. Esperar muito pelo dia da realização, o amanhã vindouro, é deixar de viver o hoje. É tão fácil e gostoso flutuar sobre a nuvem das realizações. É tão difícil encarar o chão batido da estrada da verdadeira consumação. Da vida real.

Por isso, nesse novo ano, vou me ater aos pequenos estímulos da natureza. À ternura das flores, árvores, animais. A contemplar o belo e o simples da vida. Quero me inspirar no entusiasmo das crianças. Buscar a humildade dos desfavorecidos e enriquecer a paz de espírito. Quero me decepcionar, chorar e ficar triste com as desigualdades. Vou embarcar na montanha-russa das emoções. Vou ser consolado e consolar. Assim, tenho a certeza da felicidade.

Pretendo enriquecer minha sabedoria e trabalhar para o bem coletivo. São sonhos simples, pouco acima do chão. Por vezes difíceis de aceitar e até de por em prática. Estas convicções me tornarão mais terno e me ensinarão a lidar com as frustrações da vida. Lições escassas no mundo e que não se aprendem na escola, na faculdade ou se compram no supermercado em liquidação de fim de ano. É nas turbulências do dia-a-dia da vida que vou encontrar a paz da alma e concretizar sonhos.

Um comentário:

  1. Baita texto, baita sensibilidade, Be! Parabéns.
    E o blog ficou bem lindão assim!

    Beijo

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