sábado, 8 de janeiro de 2011

Um povo esperto não é bem educado

 Charge do blog Panorama Garanhuns

Seu João tem 46 anos e nas últimas eleições votou no Palhaço. Ele acredita que o povo seria mais feliz com um profissional do riso no governo. Dona Maria, de 40, votou no Analfabeto, pois ele seria capaz de entender as necessidades dos excluídos. Já a bela Eulália, de 25, escolheu o radialista carismático da cidade. Além de ser um voraz defensor do povo pelas ondas do rádio, ele tem bom gosto musical.

Seu Zé, aos 32, está reformando a casa. Ele é esperto. Votou num candidato que nem lembra mais o nome, em troca de um muro novo nos fundos da casa. Cansado das baboseiras políticas, sem acreditar em mudanças no país, Seu Mário, na altura de seus quase 60 anos, deu seu voto por obrigação. Nem assistiu a propaganda na televisão e na hora de apertar o botão verde juntou um santinho, dessas propagandas espalhadas aos montes pelas calçadas e ruas próximas das seções eleitorais.

Almejando um cargo, nem que por alguns meses de auxiliar numa secretaria qualquer, o Fabrício apoiou um candidato que prometia erguer hospitais e criar milhares de empregos. O dele já estava garantido. O Jovem Marcelo, de 18 anos, votou no candidato a favor da liberação da maconha. Saiu por aí dizendo que a erva é medicinal e que cigarro e álcool prejudicam bem mais o organismo.

E assim, mais um grupo de políticos foi eleito para comandar o país. E, logo na primeira oportunidade, antes mesmo do recesso de final de ano, antes de assumir os cargos, os não-eleitos se deram um aumento salarial de apenas 90%. Sim, de 10 mil reais passou para 19 mil.

Dona Maria, Seu João, o Jovem Marcelo e mais um coro de vozes reclamaram nas rodas de conversas. Esbravejaram a revolta e a injustiça com o povo, que há muito não recebe aumento significativo. Gritaram “bando de ladrão”, mas não lembraram como tinham escolhido os votos, nas eleições passadas.

Enquanto isso, um professor tentava explicar um assunto de história. A sala de aula estava uma bagunça. Desestimulado, o mestre ficou em silêncio. Pensou no salário. Logo comparou os reajustes dos professores com os dos governantes. A classe havia recebido 6% de ajuste salarial em três anos. Na sua mente estava claro, que o ensino não podia ter estímulos, pois os políticos estavam satisfeitos com a educação do povo.

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