sábado, 19 de setembro de 2009

Conquistar e amar na guerra e na peleia

Foto: minisérie A Casa das 7 Mulheres

Aos 14 anos Anita Ribeiro se casava com um sapateiro, na cidade de Laguna, em Santa Catarina. A adolescente precisou se dedicar ao sustento da família após a morte do pai. À época pregar solas de sapatos não arrecadava tanto lucro, mas, garantia a estabilidade financeira. A garota se mantinha quieta. Os traços do olhar transmitiam insatisfação com o destino. Com aquela idade não podia se impor perante a mãe e o marido. Ela esperou até completar 18 anos.



Em setembro, do mesmo ano do casamento de Anita (1835), desembarca um aventureiro italiano no Brasil. Um capitão dos mares destinado a lutar por suas convicções e pela província de São Pedro do Rio Grande do Sul.



Anita permaneceu quieta por cinco anos, até conhecer Giuseppe Garibaldi. Ela encontrou o revolucionário ainda em Santa Catarina, no porto de Laguna, em uma das tomadas do italiano. A jovem deixou a família. E carregou o filho recém nascido de Garibaldi. Foi em busca da honra e da aventura. Um filho no braço e no outro um fuzil. Na mente um ideal e no coração um homem.



Anita esteve ao lado de Garibaldi na Revolução Farroupilha e em outras tantas, como em Santa Catarina, Uruguai e Itália. Mulher forte, guerreira, idealista fez o que muitas outras não fariam na época. Tornou-se um símbolo da Guerra dos Farrapos e da independência feminina. Lutou e morreu por milhares de pessoas que jamais veria. Não sabia do dia de amanhã. Talvez nem quisesse saber. Os campos de batalha reservavam surpresas desagradáveis para todos os dias.



O casal não era gaúcho para guerrilhar nestes solos. O verdadeiro local de nascimento de Anita ainda causa discussão e incerteza. Seriam eles loucos de entrar em brigas em terras desconhecidas? Por quê? Pelo amor a aventura ou de um pelo outro? Pela dedicação ao próximo? Não se sabe. Havia ideal, união e a crença de uma república melhor. Havia o amor pela bandeira verde, amarela e vermelha. Pela cultura deste povo. Valores, estes, lançados por Anitas e Garibaldis que escreveram a história do nosso Rio Grande do Sul.



A bravura, a fé e o amor destes homens e mulheres são lembrados todos os dias ao sorver um mate, ao assar uma carne, ao dizer um “tchê”. Os exemplos de Anita e Garibaldi foram levados adiante por este povo gaúcho: o amor pela bandeira, pelo povo e o sucesso campo a fora deste Rio Grande.

E-mail: colunabbb@gmail.com


Publicado no jornal Gazeta Regional do dia 19 de setembro de 2009

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