segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Papai Noel usa vestido xadrez

O “Sara” jogava futebol. Na rua em frente a sua casa ele e os amigos montavam duas goleiras com oito pedras, duas em cada trave. O chão de terra batida parecia o gramado do Maracanã na imaginação dos meninos. Tênis para jogar era um luxo. Ah! Sara é o apelido do João Pedro Tavares, de 7 anos. “Sara” vem de “sara-cura”. Os colegas apelidaram na escola depois de ver o garoto sem camisa numa “pelada”.

A família de João era humilde e os pais suavam para dar aos três filhos (dois homens e uma mulher) alimento e estudo com um salário. A mãe era dona de casa e o pai pedreiro. Os irmãos de Sara: dois adolescentes, um de 14 e outra de 17 anos. A mais velha trouxe à família mais uma boca para alimentar. Ela engravidou de um jovem que lembra o nome, mas não sabe onde mora. O rapaz, o do meio, largou o estudo ainda na sétima série e foi ajudar o pai nas obras da cidade.

João Pedro ao contrário dos amigos, não sonhava em ser jogador de futebol. Era um goleador nas peladas do fim de tarde, mas, o pai lhe dissera da dificuldade para se tornar um jogador. O pai falou que o estudo estava em primeiro lugar. Então, o garoto se empenhou nos estudos. Ele tinha um lápis, uma borracha e um caderno. Portanto, pediu à mãe uma mochila, cadernos para dividir as matérias da escola e um estojo com caneta, lápis e borracha.

Os pais conversaram entre si e decidiram não dar os materiais. O valor sairia alto. A decisão partiu ao meio o coração da mãe. Na contramão do final de dezembro eles não teriam um bom décimo terceiro salário. A comida estava em primeiro lugar. Aliás, eram seis bocas para comer. E assim foi.

João Pedro sabia que o lápis quebraria e, assim como a borracha, terminaria. Então, ele resolveu escrever ao Papai Noel. Na carta explicou a situação da família: a mãe estava desempregada, cuidava dos filhos e do neto recém nascido e o pai sustentava a casa, com a ajuda do filho do meio. Na carta, João Pedro contou que jogava futebol e fazia muitos gols, mas que o seu sonho era estudar. “Preciso de material escolar. Uma mochila, um caderno, uma caneta, um lápis e uma borracha. Pense com carinho Papai Noel! Um beijo, João Pedro”, assinou e entregou para a mãe.
A mãe derramou algumas lágrimas. “O que eu vou fazer com esta carta?”, pensou. Minutos depois veio um estalo. Levou até uma agência dos Correios.

No dia 24, véspera do Natal, uma senhora, de aproximadamente uns 80 anos bateu a porta da família Tavares. Ela perguntou por João Pedro. Ele apareceu descalço, de bermuda em sem camisa mostrando as costelas. O menino estranhou aquela vó de óculos e usando um vestido xadrez. Só via figuras assim em desenhos animados. “Você que pediu material escolar ao Papai Noel?”, perguntou a Senhora. João acenou positivo com a cabeça, sem falar nada. “Então está aqui o que você pediu ao Papai Noel”. A velinha puxou uma mochila com cadernos, livros, estojo, canetas, lápis, calculadora, borracha.

Esta história é fictícia, porém, retrata muitas realidades. Você pode ser um Papai Noel para muitas crianças. Adote uma cartinha nos Correios e faça mais uma estrela brilhar neste Natal!

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