sábado, 27 de novembro de 2010

Homem e mulher. Paixão e amor

Lá vem ela. Avassaladora e detentora das minhas emoções e carrasco dos meus pensamentos. Paixão que me leva à insanidade. Me fixa naquele olhar, me estremece na alegria daquele sorriso e me conforta na maciez daquela pele. Sentimento instável que me derruba na tua ausência e do mundo me distancia. Na esfera da paixão nós somos cúmplices e sacanas.

O círculo ardente da paixão ficou pequeno. Nossa insensatez entrou no túnel da plenitude. Embarcamos num amor profundo, até então eterno. E nesse caminho descobri que amar é sorrir, chorar, aprender. Amar é nunca pensar sozinho. É sempre ter você, não importa como, nem aonde. É o conforto do coração, a estabilidade da minha alma. Assim se fez o nosso amor, como dois corpos em um e ideais que se completam.

Depois de fortalecer o amor, o tempo quebrou o nosso encanto e aos poucos acalmou a agitação dos sentimentos. As dores congelaram meu coração e uma onda de desânimo me trancou num quarto. Estava escuro. Passou horas, dias, meses e anos. Você ainda estava em mim e eu em você. O ódio, que passamos a sentir, borrou a poesia do teu sorriso e ofuscou o brilho do teu olhar.

Agora, o medo me corrói. Como posso, mais uma vez, me entregar a outra pessoa? Jamais! De agora em diante vou me preservar. Se for para tanto sofrer, prefiro me aventurar nas turbulências, não de uma, mas de várias paixões. Mas que o amor não me surpreenda.

domingo, 21 de novembro de 2010

A história das coisas

Navegando pelo You Tube econtrei esse documentário chamado A história das coisas. Ao assistir percebi a importância do assunto e reparei o quanto tem coisas que eu não sabia.

O vídeo está dividido em duas partes. Posto agora a primeira parte e a segunda deverá aparecer automaticamente quando terminar de assistir a Parte 1.

Espero que gostem, abraço!

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Um desafio à noite de sexta


Na sexta-feira à noite estava conversando pelo MSN com uma amiga. Ela me dizia que havia gostado dos meus textos.

Grato com as palavras que chegaram, pedi para ela sugerir um tema para uma próxima crônica. Ela disse: “então quero que vc escreva sobre a diferença entre a paixão e o amor”.

Missão complicada. Perguntei a ela, o que era paixão. Ela respondeu com muita propriedade.

Perguntei o que era amor. Pela maneira como descreveu o sentimento, vi que ela falava com o coração.

Então, eu a desafiei, pedi que ela escrevesse algo, porque as palavras dela estavam carregadas
com verdade, sentimento e envolvimento. Enquanto ela escrevia, eu também precisei fazer minha crônica sobre o assunto (será publicada aqui na próxima semana).

O resultado foi brilhante. Vocês podem ler abaixo.

Rota da Paixão
Por Ana Carolina de Avila
Você está com a sua vida toda planejada, acertada, seguindo seu rumo tranquilamente...
Tudo indo de vento em popa... como é bom dominar a situação, a sua rotina, seu trabalho, seus problemas.. tem as rédeas da sua vida..que maravilha!!
Então, inesperadamente, quando você menos imagina, surge algo na sua vida capaz de te tirar os pés do chão... capaz de te deixar flutuando...
 Bom ou ruim? Sinceramente, agora não sei dizer... neste exato momento não sei se é bom ou ruim perder o “controle” da situação...
Mas do que estou falando afinal???
Falo da paixão, daquele sentimento avassalador que toma conta da gente (exatamente quando você não pretende se apaixonar!!!)  chega de repente, sem avisar, sem planejar e sem pedir permissão!! Que ousadia!!!
Não há nada mais perturbador, mais instigante, mais excitante que estar apaixonado... é o despertar de todos os sentidos, é o desejo aflorando na pele, é o sentir-se vivo, desejado, envolvido... mergulhado numa infinidade de sensações maravilhosas... e perigosas!! Sim, há perigo na paixão, porque não se sabe onde ela pode te levar... porque se perde o controle e perder o controle nessa altura do campeonato não é bom!!!
Deveria existir um meio termo, como estar “meio apaixonado”. Mas isso não existe, porque na paixão é tudo ou nada, ou você se entrega de corpo e alma ou não é para valer!!!
Com todos os riscos que a paixão traz, no fim vou confessar, tenho que admitir,  que é melhor ter vivido uma grande paixão do que jamais ter experimentado esse sentimento tão intenso..
Tantas pessoas que jamais viveram uma paixão... gente jovem, bonita, mas ao mesmo tempo carente de sentimentos, de emoções..
Bom mesmo é permitir-se a entrega... é olhar para trás e ver que sua vida não é uma página em branco..terá o que reviver, o que lembrar..nada terá sido em vão..
As paixões vividas serão guardadas na memória e no coração, e não disputam lugar com os seus amores... os amores são eternos, estão na sua vida e ali permanecerão... não te fazem correr nenhum risco... você não perde o rumo porque seus amores são o seu rumo, são o seu destino...
Enfim... paixões vêm e vão..e assim você segue a vida... ao lado daqueles que ama,  daqueles que você sabe que  farão parte da sua vida para sempre...

Roedor de unhas

Pode ser um hábito considerado ruim, mas não sei viver sem roer as unhas. É como uma terapia. É quando situações tensas tomam conta que elas me salvam. Já levei tapa nas mãos, tentei parar. Me esforcei! Não consegui. Quando percebia já estava no segundo dedo.

            O costume de roer unhas inicia a partir dos três anos de idade. Toda vez que a criança se depara com algo novo leva a mão à boca. A turbulência na fase dos adolescentes aumenta a vontade de roer, graças ao nervosismo e a ansiedade.  Parece uma tradição do organismo.

As unhas compridas e pintadas de uma mulher me chamam a atenção pelo capricho. Dependendo a circunstância, elas são armas do desejo e do carinho. Parei para pensar como seria se tivesse que deixar as minhas unhas crescerem a tal ponto. Um desastre! Vejo homens pintando as unhas com base (esmalte transparente com brilho leve. É isso mesmo?). São parelhas, parecem desenhadas na ponta dos dedos, a união perfeita de unha e carne.

            As minhas não são assim. São ruídas e curtíssimas. Não tenho paciência para cortar (e nem coordenação na mão esquerda para segurar o cortador). Já fui incentivado a parar e alguém me disse para tirar as cutículas também. O que é isso? Na era da estética corporal eu sou um homem das cavernas.

Nesse mundo, as fêmeas sempre foram mais caprichosas e delicadas, principalmente com as mãos. As unhas ajudam na caça ao macho. É lindo, admirável, esplendoroso! Já os machos são desleixados. Faz pouco que esta cultura está mudando. Elas são responsáveis por revirar a cabeça do homem. Elas querem ser retribuídas em toda sua meticulosa organização corporal. Concordo com as mulheres! Precisamos dar atenção às suas belezas e retornar com mais capricho. Só não me peça que pare de roer as unhas.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Por onde ir?


Foto: Bernardo Bortolotto
A vida é feita de decisões. Algumas escolhas são mais fáceis que outras. Contudo, em alguns momentos devemos decidir entre o terreno do conforto ou a estrada da incerteza e das surpresas.

A estrada me atrai mais. Encarar novas aventuras e desafios, conhecer novos lugares e pessoas, aprender as lições da vida, "pegar mundo", como já disse meu pai.

Mas, o terreno da comodidade tem sombra, água fresca e companhias sempre prontas a me ajudar.

São momentos de reflexão, sobre a cerca das dúvidas, que determinam o que somos e iremos ser. Devemos imaginar horizontes antes de escolher um lado.

Não estamos livres de cometer erros nas escolhas, aliás sabemos que todo chão é desnivelado, com altos e baixos, mas sempre estaremos certos de ter feito o melhor para alcançar nossos objetivos.

É só lá na frente que podemos olhar pra trás e notar o quanto choramos, nos decepcionamos, conquistamos, rimos e amamos... porém, acho que o mais importante, é que teremos somado uma quantia valiosa de aprendizado e, aí sim, sentiremos orgulho das nossas decisões e escolhas.

Independente dos turbilhões da vida, sentiremos um conforto de espírito...

domingo, 14 de novembro de 2010

Meu calor em você

Van Gogh / Noite estrelada

Sem camisa encolhido, os braços cruzados tremem. O vento gélido corta frestas e rasga a pele. Os cabelos molhados pingam. O banho esfria o corpo, não apazigua os pensamentos. Abandonado num canto qualquer. Lembranças atravessam o peito, perfuram a consciência.

É noite e as estrelas estão escondidas. A lua é forte, faz sua parte. Levanta e caminha. Sai sem direção. Sabe aonde quer chegar, desconhece o caminho. Segue o instinto. A estrada está coberta por uma neblina de dúvidas. Faz frio!

O corpo treme, perde a cor. Há uma luz distante. É uma casa, é o lugar. De longe a pele sente o calor lá concentrado. Corre! Espera! Nesse quente pega fogo. Coloca toda vontade a queimar, perde a sensibilidade. Volta o inverno.

Bate a porta. Abre um sorriso. Não sente mais frio, nem calor. Pensamentos, lembranças e consciência são extirpados pelo brilho da janela azul. Instinto e sensibilidade ardem noutra pele. A insanidade salta no cheiro. A leveza voa, o céu abre e as estrelas brilham.

Noite de reviver

Foto: Bernardo Bortolotto
“Tu nasceu no ano errado”, muito já ouvi essa frase. Concordo, também acho que poderia ter nascido nos anos 60 ou 70. Mesmo chegado ao mundo em 87, sou um amante das músicas das décadas anteriores. Gosto do ritmo dos instrumentos, da inteligência das letras e da identificação social.

            Na metade do mês passado, estava comemorando o aniversário de um amigo ao som dos clássicos do rock anos 60, 70 e 80. Outro aspecto tornou o clima ainda mais característico. Ouvíamos as músicas em toca disco. Antes de começar a canção, ouvia-se o estouro da agulha ao tocar o vinil. Todos da mesma faixa etária, nem eram nascidos em 60 e 70, mas lembramos das atitudes das épocas e da sociedade embalada por gêneros musicais.

            Nesses primeiros dez anos do século 21 a música sofreu impacto profundo. A internet ajudou a difundir novas bandas, músicas e tribos. A liberdade de expressão artística aumentou a produção na web. Inclusive, a venda de CD’s caiu no mundo inteiro. Qualquer música está ao alcance de um clique.

            Talvez, seja por isso que não cultuamos mais uma banda como antigamente. Quem sabe, também seja por isso, que as músicas das décadas passadas ainda estejam presentes. Hoje nós temos bons músicos, boas bandas, ótimos trabalhos, mas não fenômenos como Beatles e Cazuza, para citar dois.

            Os embalos dos anos 60, 70 e 80 são muito mais que os sons de baterias, guitarras, contrabaixos e violão. As canções são a superfície de um contexto histórico. A música foi fundamental para conquistar a liberdade de expressão, à luta contra a ditadura. Foi responsável pelas mudanças sociais, pela construção do futuro. É o presente da criação livre, independente e abundante.

            Canções que jamais serão esquecidas. O difícil primeiro beijo, os namorados que prometiam casar e a roda de amigos de todos os dias tem suas trilhas. Recordações que serão revividas e recontadas num “embalo de sábado à noite”, no Clube do Comércio.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

O meio amargo da paixão


Um pedaço de chocolate está na boca. Os lábios não mexem. Ele derrete no calor daquele pequeno espaço. Sente-se a composição de açúcar, cacau e leite se espalhar sobre a língua abaixo de um céu salivante. Aos poucos o meio amargo também toca o paladar. Ele escorre pela boca e a saliva escoa pela garganta. Saboreie cada centésimo de milésimo enquanto o chocolate abusa de você. Sinta o prazer com um suspiro prolongado. Lembre-se, daqui um pouco ele será consumido e deixará de existir. Você ficará com o gosto na lembrança, entranhado na língua, mas não poderá senti-lo ou tê-lo novamente.

Desejo. Só mais um pedaço. Pequena parte recheada de provocações. O amargo sutil fica preso à língua e você o sente. Vontade de voltar àqueles instantes de sensações intensas. É impossível provar um tablete, sempre se deseja mais do chocolate meio amargo. A textura vira líquida na boca, é provocante, causa overdose de prazer e parece sob controle.

Fogo. O chocolate é como chamas causadoras de incêndios destruidores que insistem acesas enquanto um batalhão luta contra elas. Arde em pequena escala até que se revolta e põe a língua a salivar. Basta lembrar do último pedaço. Há segundos sua respiração emanava o delicioso aroma ao leite.

Descontrole. Você se dá conta que o controle foi perdido na prova, no primeiro pedaço quando não passava de uma vontade insignificante. Tudo começa aos poucos, com o sabor do novo, diferente. O chocolate acaba. Foi tão rápido. E você quer sentir novamente as sensações que escorriam pela boca, passavam pela respiração. O desejo arde em descontrole. Você procura, revira e não encontra. Nada está ao alcance do meio amargo.

A paixão é um pedaço de chocolate meio amargo. Derrete na boca, escorre pela garganta e deixa o gosto na língua, no suspiro e na memória. É provocante, percorre as vias respiratórias, prova teu sabor como se você estivesse com o controle. São chamas que não se apagam. É a vontade expelida no suor. A paixão, assim como o chocolate, vai embora e deixa o desejo de só mais uma vez em seu lugar.