sábado, 7 de maio de 2011

Quando a campainha tocar


Sábado, faltam pouco para as 10h. Raios de sol atravessam a vidraça, formam desenhos na parede. As atividades daquela manhã são as habituais de todo último dia da semana. Passa uma vassoura, arruma o quarto, tira o pó dos móveis, lustra aqui e um pouco lá. Em seguida, prepara o mate amargo.

A rotina seguia calma, seu percurso natural, como o tique-taque dos ponteiros do relógio. Até que, a campainha rompe o silêncio. Ela vai devagar, espia e abre a porta. O corpo gela, objetos e móveis parecem desaparecer. Ondas de emoções despertam os sentidos. Sente calor e frio ao mesmo tempo. O corpo treme com a visita inesperada.

Volta anos na memória. Lembra daquele choro. Sente o calor de um abraço úmido e minúsculo, de alguém que sequer sabe o que é um abraço. Recorda do primeiro dia de aula, de quantas vezes estudaram juntos. Quantas horas brincaram no chão da sala. Surge a imagem de um sorriso leve, doce e sincero. Risada de criança.

Não importa quantos anos passem, sempre será uma criança. Agora, com responsabilidades, querendo ensinar. Há anos deu um beijo, um abraço e adeus. O arco fez a flecha, a preparou e a lançou ao mundo. Por quantos lugares passou, obstáculos venceu e perdeu.

Hoje, tudo volta à cabeça, contemplando cada minuto doado de vida às crianças. Peito se enche de orgulho. O tempo passou e eles sobreviveram sozinhos. São estes homens e mulheres, chamados de filhos, que transbordam o coração da mãe de alegria, quando batem à porta, de volta para a casa.

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