sábado, 24 de abril de 2010

O legado do fim

A vida tem recomeço? “Não podemos voltar atrás e fazer um novo começo, mas podemos recomeçar e fazer um novo fim”, disse o espírita Chico Xavier. Simples e eficaz.

Certa vez perguntaram ao monge budista, Dalai Lama o que mais lhe surpreendia nesta vida. Ele respondeu: “O que mais surpreende é o homem, pois perde a saúde para juntar dinheiro, depois perde o dinheiro para recuperar a saúde. Vive pensando ansiosamente no futuro, de tal forma que acaba por não viver nem o presente, nem o futuro. Vive como se nunca fosse morrer e morre como se nunca tivesse vivido”.

São respostas dadas por dois sábios com desenvolvimento espiritual avançado. Cometer erros é um ato comum entre os seres humanos, reconhece-los nem tanto e repara-los é raro. O homem está envolto de orgulho, arrogância, prepotência e ganância. Os problemas que envolvem o planeta se acumulam e são poucos os que pensam em um novo fim. O “novo fim” requer mudanças de comportamento e isso dá medo.

Também dá medo pensar em não acumular dinheiro. Quem vive bem sem? O difícil está em consegui-lo. Trabalhamos cada vez mais e ganhamos cada vez menos, não é isso? Tem pessoas que acham que não. Ganham o suficiente para viver e são mais felizes que muitos que têm cinco carros na garagem. São como mochileiros: arrumam dinheiro só para a próxima viagem e saem a conhecer as delícias do mundo. E acumulam experiência e adquirem sabedorias.

A sabedoria está nos gestos de olhar, de ouvir, de tocar, de sentir. O prazer da vida é vivê-la. Viver com a humildade de quem erra e acerta. Com o saber de que a fortuna da existência está na simplicidade. Que a humanidade é repleta de incertezas e inverdades e é capaz de corrigi-las. Que o homem nasce, vive e morre em pouco tempo. E se não é possível recomeçar e sim fazer um novo fim, pense no legado que fica.

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