quarta-feira, 7 de abril de 2010

A visita do Coelho

Um dia acordei e ainda sonolento estranhei o quarto. As luzes estavam acesas. Senti algo estranho no rosto. Ouvi passos do lado de lá da porta. Fui levantar e quando virei os pés para o chão vi pinturas. Ou melhor, pegadas com cores diversas, azul, amarelo e vermelho também. Segundos depois percebi as marcas nos móveis e nas paredes.

Segui as pistas e me deparei com ovos de galinha pintados. Estavam em cima de uma cômoda. As cores eram as mesmas que tinha visto no chão, móveis e parede. Pelo espelho vi meu rosto colorido também. Senti o coração bater mais rápido. Eu tinha certeza, o Coelinho da Páscoa havia me visitado naquela noite.

Gritei para mãe, para avó, para todos que pudessem ouvir. A porta se abriu e todos surpresos concordaram que o Coelinho tinha me aprontado. Os adultos geraram a expectativa de o danado ainda estar por volta da casa. Saí correndo para vê-lo. A pontinha das orelhas já me servia. Mas, era tarde demais e o Coelho apressado tinha outros ninhos para visitar.

É difícil lembrar ao certo a minha idade naquele dia. Devia de ter uns cinco anos. Lembro da emoção, da sensação, das patinhas marcadas em cores no meu quarto. O tempo passou e um dia fui obrigado a ouvir que Coelho da Páscoa e Papai Noel não existiam. Como assim? Que bobagem é essa? Eles já me visitaram! Eu já os vi! É, foi difícil de acreditar.

Apesar da frustração, o encanto pelas datas permanece vivo. É a magia em torno do Natal e da Páscoa que torna as pessoas sensíveis. A surpresa da chegada de alguém maior, de um símbolo repleto de novidade, como um ovo de chocolate, um presente ou um quarto todo pintado, deixa uma criança em êxtase e mantém a crença e a fé vivas pelo resto da vida. A visita do Coelho é a ressurreição de Jesus. É a reflexão e o renascer do homem.

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