domingo, 11 de abril de 2010

O quê aconteceu?

Nesta semana, uma família de São Pedro do Sul, que a poucos dias acabara de enterrar um ente querido, foi pega de surpresa. Uma mulher, de 66 anos, foi vítima de um atropelamento na BR 287, próximo a localidade de Carpintaria, no primeiro dia deste mês. A Polícia Civil (PC), que investiga a circunstância da morte, pediu a exumação do corpo para que seja realizada a autopsia, que não foi pedida pelo médico que atendeu a idosa. Isto quer dizer que, o corpo deve ser desenterrado para o Departamento Médico Legal (DML) analisar e atestar a causa da morte.


A necropsia é realizada em casos de mortes acidentais, violentas ou suspeitas. Dentro destas situações ela é obrigatória, está na lei, por tanto, é realizada automaticamente. Neste caso que me refiro foi morte acidental. O corpo da vítima deveria ser encaminhado ao DML. Se a necropsia é padrão nestas circunstâncias, por que ela não foi realizada?


Conversei com o delegado que pediu a exumação do corpo, na última quinta-feira (08). Segundo Sandro Meinerz, não há suspeita ou evidência de algum erro no atendimento ao paciente. Claro que, alguma suspeita pode surgir depois do atestado do DML. “Não é normal (corpo) não ser levado à necropsia”, questiona o delegado.


Também conversei com uma filha da vítima. Ela conta que no dia do acidente, sua mãe foi levada ao Pronto Atendimento Municipal (PAM), pouco depois das 9h e foi encaminhada ao Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM) em torno de meio-dia. Ela morreu no caminho ao HUSM. Não foi possível conversar com o médico que atendeu a ocorrência para revelar mais detalhes.

Neste momento não se procuram culpados para a morte. Porém, existe um fato concreto de negligência nessa história: o corpo não foi encaminhado ao DML para realização da necropsia como deveria ter sido. A família, que já chora a perda, sofre ainda mais com tudo isto.


O agravante é: se a PC não estivesse atenta ao caso, alguém iria fazer alguma coisa? Há pouco menos de um mês uma leitora da Gazeta reclamava da demora para o transporte de pacientes a Santa Maria. Neste caso, a vítima também foi fatal. O poder executivo nega haver falha no sistema. Ora! Todos sabem que a saúde no Brasil é um caos. Não é exclusivo de um município ou de outro. Em nossa cidade até temos motivos para elogiar.


Todavia, situações como estas devem ser discutidas por nossos representantes. E justificativas não bastam. É necessário identificar o problema para tomar uma atitude e solucioná-lo. Por que enterrar um ente querido é horrível. Por duas vezes, é ainda pior.

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