sábado, 16 de outubro de 2010

Folga temperada

O que fazer quando se está de folga? No meu caso, geralmente, descanso e só. Nada além de um sofá ou uma cama e um controle remoto na mão. Aliás, tem coisa melhor que ficar zapeando na TV? Massagear o cérebro com imagem, luz e blá blá blá? Comunicação com o ‘mundo exterior’ somente pela internet ou celular. Aliás, tenho escutado muito de outras pessoas: “quando consigo parar, estou tão cansado que não faço nada”. Faz sentido. E quando se chega tarde em casa, no final da noite depois de um dia exaustivo, e a geladeira está vazia? Ainda há pique para cozinhar? A solução é lanche.

            A correria é tanta que perdemos alguns prazeres da vida. Às vezes, um passeio em volta da quadra, uma corrida até o trevo, um chimarrão na praça, uma roda de amigos embaixo de uma sombra de árvore. Eu já tinha perdido a noção de quanto é bom cozinhar. Fazer a janta sem pressa, saboreando o fatiar dos temperos e a combinação que podemos fazer com eles.

            Na última segunda-feira, surgiu uma folga à noite e resolvi preparar a janta. Um prato exclusivo para mim. E quais eram os ingredientes em casa? Guisado de carne, massa caseira, ervilha e diversos outros temperos. Macarrão a Bolonhesa (nome bonito) acompanhado de um vinho tinto seco. O sangue italiano favoreceu a escolha da comida. Uma ligação para tirar uma dúvida e confirmar a mistura de água e óleo de soja para ferver a massa. Mãos à obra!


            Com colher de pau e muitos temperos a janta foi ganhando forma. Sem receita ou fórmula exata testei tempero aqui, outro lá. Sente o cheiro desse e daquele para descobrir qual vai ficar melhor. Os dois, por que não? Louro e manjericão na panela. Extrato de tomate com azeitonas e algumas colheres de ervilha.

            O macarrão ficou ótimo. Melhor que o resultado foi construí-lo. A preparação dos alimentos, a estratégia na mistura de temperos, o suspense de “como vai ficar isso?” e, o melhor de tudo, sem o compromisso de errar ou acertar para alguém. Num dia de cansaço cheguei direto para a cozinha, foi bom, foi relaxante e delicioso. Até me esqueci do controle remoto e redescobri um prazer fundamental e simples para a vida e auto-estima. Bom apetite!

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