domingo, 6 de fevereiro de 2011

Antes de dormir

Nesta noite fui dormir diferente. Mais cansado que de costume. Quis ouvir músicas clássicas, enquanto o pensamento tocava guitarras numa banda de rock. Resolvi virar, erguer os pés e escorar parede, deixar o sangue pesar na cabeça. O mundo pareceu virado. Às vezes é bom enxergar tudo ao contrário. A sensação no crânio, que depois de alguns minutos, parecia se esmagar, era relaxante. As pernas formigaram. Numa cambalhota, estava de bruços.

As pernas deslizavam sobre o lençol. De um lado, para o outro. Não era seda, mas cada centímetro do movimento aumentava a metragem do conforto. Ah, o colchão. Como pode ser duro e macio, ao mesmo tempo? O corpo surfou nas ondas da sua superfície. Lençol e colchão, um feito para o outro. Os dois a dar prazer às panturrilhas, coxas e costas.

E o travesseiro a guardar segredos. Todos os pensamentos circulando sobre um estofado de penas. Passam lembranças, alegrias, angústias e perdões. Também desfila a saudade nesta passarela. Um olhar escapa para um canto vazio. De um lado da face, a fronha gelada refresca o calor do dia que passou. A mão escorre por de baixo e abraça com carinho esse penacho confidente.

Tudo era perfeito, ou melhor, quase. O sono acanhado não apareceu. Numa noite de extremo cansaço físico, os pensamentos flutuaram horas e horas antes de se distanciarem. A empolgação do dia manteve uma dose de adrenalina circulando pelas veias. E nessa aventura de reviravoltas num colchão, que parecia missão de vida, desvendei os mistérios da minha cama. A sonolência bateu de repente, enquanto estava atravessado na diagonal, e levou a mente e o corpo, agora relaxados, a flutuar sobre o terreno dos bons sonhos.

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