segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Em slow



Às vezes cinco minutos parecem levar uma hora para passar. É como um efeito de câmera lenta, um slow. A morena de pele bronzeada e cabelo comprido, até metade das costas e ondulado. Diante de seu, aproximado, um metro e 75 centímetros de altura, ela põe os joelhos no assento almofadado do graviton (aparelho de musculação). Segura na barra de ferro, com os braços espaçados, no ângulo de 90 graus.

Ela veste uma calça de lycra preta, colada nas pernas, marcando suas perfeições. As curvas desenham os músculos posteriores das coxas e da panturrilha. Ah, se Oscar Niemeyer estivesse aqui, teria uma inspiração arquitetônica. O tórax veste uma regata preta, de alças finas e coladas ao corpo. A blusa, um lance de estratégia para expor a supremacia do decote, é curta e apertada o suficiente para destacar a cintura, mostrar a barriga e as nádegas.

De costas para o público da academia, de vagar, ela faz os movimentos. Puxa-se para cima, lentamente, como se o esforço fosse massagem ao corpo. Os músculos das costas formam linhas que parecem estradas. Para onde levam? Repete os gestos. Sobe, e depois desce. Abaixo da cintura, os nervos se contraem. Quando desce, parece estar em uma banheira de espumas e pétalas de rosa. Relaxa.

Pelo espelho é possível enxergar o rosto. Dele verte uma gota de suor, perto da franja, ao lado da testa. O pingo escorre pela face, embala pelo pescoço e mergulha na profundidade do decote. Leva alguns segundos para novamente aparecer e desaguar no umbigo.

Entre uma seqüência e outra, ela descansa. Pega uma toalha e leva até o rosto. Como se estivesse sendo filmada debaixo para cima, balança os cabelos e prende na altura da nuca. Devagar, ela volta ao aparelho, joelho por joelho e braço por braço. Sustenta o peso do corpo sobre a máquina. E recomeça o espetáculo.

Algo começa a ficar estranho. Surge um som agudo de pesos se chocando. Homens e mulheres forcejam. Conversas. Motores foram ligados? À frente, o som do jump sobrevoa o salão e volta a entrar nos tímpanos. Correria. Perdi a noção do tempo percorrendo as silhuetas daquela morena. Uma longa e desejada aventura. Estou atrasado! Que nada, recém foram sete minutos de esteira.

Um comentário:

  1. wooow!!!!
    mas escreeeve esse guri, hein?!
    hehehe
    por mais que nao seja assim, tão "apreciador" pra mulheres, adorei a minúcia dos detalhes desse texto! parabens, bê!!

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