Fonte: www.blogdapalavra.blogs.sapo.pt
Depois de três dias de chuva e tormenta, como se o céu debruçado sobre a terra não fosse parar de chorar, o vento surge carregado de lembranças e põe, novamente, o céu a sorrir. A alegria emanada das alturas expõe um cenário repleto de novas perspectivas aos habitantes da terra. O vento relembra momentos eternizados na memória que jamais serão revividos. E as lágrimas, antes derramadas, vão embora e levam consigo a tristeza e dor de quem se pôs a chorar.
O vento une o quebra-cabeça da vida. Torna presente a infância, o passeio, o encontro, a felicidade quebrada em fragmentos. O sopro, emitido dos céus, sabe-se lá quantas galáxias, quilômetros percorreu, massageia a pele, o rosto, desconserta levemente o cabelo e sem permissão remete os sentimentos de conforto e plenitude a todos que toca.
A tormenta provoca a chuva. A água insistente em cair transparece o não tão observado. Gotas espalhadas, e ao mesmo tempo unidas, dão nova vida às plantas já esquecidas e tidas por mortas. As árvores recebem o líquido precioso como um presente e, em forma de orvalho, dividem com toda a natureza. As gotas da chuva caem focadas e com o objetivo de purificar e lavar a alma terrena.
A chuva e o choro, as gotas e as lágrimas são princípios da renovação. É necessário para erguer o que há muito já tombou. Assim como as flores e as lembranças esquecidas, depois da chuva o jardim volta a florir e o vento cumpre o seu papel.
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