segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Assim é a natureza. Assim é o homem

Só comecei a reparar os danos, por volta das 10 horas, depois que o ônibus parou na Avenida Walter Jobim. Uma árvore derrubada pelo vento estava suspensa sobre fios da rede elétrica. O cobrador desceu para ajudar o motorista a balizar o veículo. Por pouco o teto do nosso transporte não bateu naquele caule suspenso e atravessado na pista de quem entra para a cidade. A partir dali, me dei conta que a mãe natureza não poupou a terra de São Pedro.

Ainda no trajeto até a rodoviária pude avistar pessoas em cima das casas mexendo em seus telhados. “O vento foi forte”, pensei. Bastou mais alguns metros, ainda na Av. Walter Jobim, próximo da “ponte seca”, para ver mais algumas árvores caídas. Depois da ponte olhei à esquerda, em uma rua havia dois postes caídos sobre uma mesma residência. A sensação era de curiosidade, apreensão e pavor.

Descemos na rodoviária e no caminho para casa vi uma praça diferente. Árvores estavam caídas, folhas e galhos espalhados sobre as calçadas. Um cenário de destruição. Por dever do ofício, a primeira coisa que fiz foi fotografar. Utilizei o celular. Do meio da praça avistei o padre na frente da Igreja Matriz. O semblante do homem já dizia que a noite anterior fora difícil. Conversamos e colhi algumas informações. Ele me contou sobre uma família de ciganos que escapou por pouco depois que uma árvore de eucalipto caiu em cima de sua barraca, às margens da BR 287. Por sorte, a família já havia saído a tempo.

Faltava ir para casa saber como uma residência com mais de 100 anos, de tijolo e barro, sobrevivera ao temporal. Apesar do medo, a ventania só levou água para dentro da cozinha. “Ufa!”. Cinco minutos depois eu já estava no Corpo de Bombeiros e ali tive uma dimensão mais ampla da destruição que o vendaval causou. O Sargento Roni Canabarro desabafou: “Em 30 anos de profissão nunca vi nada parecido”. Duas equipes, com quatro bombeiros estavam nas ruas trabalhando nos locais mais atingidos.

Mais de 180 árvores foram recolhidas das estradas. Matos fechados de eucalipto foram derrubados em propriedades do interior. Casas foram destruídas e famílias desalojadas. Um casal e duas crianças foram abrigados no Ginásio Municipal. Situação calamitosa.

No Rio Grande do Sul, 81 municípios decretaram situação de emergência (incluindo São Pedro do Sul) e oito pessoas morreram vítimas dos temporais. Muitas cidades ainda sofrem com o excesso das chuvas, com as cheias de rios e a destruição dos ventos. Pessoas passam fome e frio.

O vendaval passou e deixou o seu rastro de horror, em São Pedro do Sul. Agora, nada mais resta que recomeçar. E todo recomeço vem acompanhado de mudanças e novas perspectivas. Assim é a natureza. Assim é o homem.

domingo, 22 de novembro de 2009

Temporal em São Pedro do Sul deixa 4 famílias desabrigadas

Reportagem e fotos: Bernardo Bortolotto

Um temporal atingiu São Pedro do Sul por 40 minutos, na virada de sábado para domingo, entre meia-noite e 1h da madrugada. A ventania derrubou cinco postes da rede de energia elétrica na área urbana. Dezenas de árvores caíram e casas foram destelhadas.

Conforme o Corpo de Bombeiros (CB), quatro famílias ficaram desabrigadas. Uma delas está no ginásio municipal de esportes (um casal e duas filhas) e as outras três em casas de vizinhos. No interior, estradas ficaram interrompidas. Ninguém ficou ferido.

Árvore caiu na Praça Crescêncio Pereira, em frente à Casa de Cultura
Duas viaturas do CB saíram às ruas logo depois do término do temporal, por volta da 1h e 10min. Seis árvores de Eucalipto que interrompiam a BR 287, entre São Pedro e Santa Maria, foram removidas, na madrugada. Na Avenida Walter Jobim, por volta das 10h da manhã de domingo, uma Tipuana estava pendurada na fiação elétrica e levou mais tempo para ser retirada.

A cena também ficou assustadora na Praça Crescêncio Pereira, onde três árvores de grande porte caíram. O prédio do Fórum em construção, ao lado do campo municipal de futebol, teve as paredes internas de gesso destruídas.
No Passo das Taquaras, o vendaval destruiu telhados e derrubou matos de Eucalipto
O CB distribui lonas para os atingidos. Até o meio-dia de domingo, cerca de 400m² haviam sido distribuídos. A prefeitura deve doar telhas a partir de segunda-feira.

VRS 805

A estrada que liga São Pedro do Sul a Toropi também ficou bloqueada por árvores em diversos pontos, segundo os bombeiros. Um grupo de pessoas não conseguiu voltar de um baile que ocorria na localidade de Baltazar.


Homem observa estragos do vendaval
Números

Ainda não há um levantamento do total der residências atingidas. Estima-se que o interior da cidade foi mais atingido. No perímetro urbano, a Vila Santa Luzia registrou mais estragos, de acordo com o CB.

Vento derrubou árvores em vários pontos da praça
Rio Grande do Sul

No estado, 28 municípios decretaram situação de emergência. Até sábado, sete pessoas haviam morrido devido aos temporais que atingiram o Rio Grande do Sul. Durante a madrugada sábado para domingo, os ventos atingiram 104 km/h, em São Borja, na Fronteira Oeste.

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sábado, 21 de novembro de 2009

2012 mais próximo do que parece

Na última quinta-feira (19) fui ao cinema assistir 2012 que relata o fim do mundo. Leva para a telona a catástrofe prevista pelos Maias há milhares de anos atrás. Como o longa ainda está em cartaz (em Santa Maria) muitos leitores querem ir assistir e, por isso, não irei antecipar as cenas. O fato é que a realidade do nosso planeta, país e estado está próxima da ficção. O clima muda de forma brusca. Os temporais estão freqüentes. A cada dia o sol prejudica ainda mais a pele. E os seres humanos permanecem despreocupados.

Na mesma quinta-feira, o dia amanheceu com sol forte e sem nuvens no céu. À tarde, o tempo fechou, choveu e ficou abafado. A temperatura cercou a casa dos 40 graus. Pela noite, o ar mais fresco deixou a sensação térmica mais agradável. Mesmo assim continuava calor. Esta instabilidade do tempo, além do mal-estar que provoca, prejudica a saúde das pessoas.

Se não bastasse, o noticiário mostrava, pelo menos, cinco mortes causadas pela ventania no Rio Grande do Sul. Milhares de pessoas estavam sem energia elétrica. Aliás, um vendaval derrubou uma torre em Jaguari, no fim de semana passado e deixou muitas cidades sem energia e água, inclusive São Pedro do Sul, por mais de dez horas.

Que o clima está mudando, os agricultores já perceberam há mais tempo. Os efeitos começam a aparecer nas áreas urbanas e provocam pânico na sociedade. Um cinegrafista amador filmou um tornado em Caxias do Sul. Um tornado! Quem esperava por isso há 15, 20 anos atrás?

A terra apenas responde às atitudes do homem que polui, destrói e mata. Muitos já perceberam o que o futuro nos reserva e começaram a mudar de hábitos, a realizar campanhas em prol do meio ambiente. Outros, não fazem questão de saber, afinal, é perturbador.

Há algum tempo comecei a tomar algumas medidas, como por exemplo: pego o mínimo de sacolas plásticas quando for ao supermercado, poupo o máximo de energia em qualquer lugar que esteja, não permito que pessoas ao meu lado atirem o lixo no chão e procuro separá-los na hora de colocá-los na lixeira, apesar de não haver coleta seletiva. Dá para fazer bem mais que isso. Eu sei. Porém, se todos se preocuparem um pouco mais com o meio ambiente e, mais do que isso, cobrarem a responsabilidade do próximo ao seu lado, teremos, quem sabe, um futuro diferente daquele para qual nos encaminhamos.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

No mundo do deslumbramento tecnológico é evidente que as pessoas estão cada vez mais sozinhas. Para se comunicar com alguém é rápido, basta utilizar um telefone ou a internet e pronto. Para ir até a casa de um parente, amigo ou até mesmo um estabelecimento comercial somente se for necessário. As informações chegam a cada minuto. E a individualidade se sobressalta à convivência. E, quem substitui o afeto e a troca de carinho humano, tão em falta nos dias de hoje? Os animais.

Na revista Planeta, edição 445, na página 57, a jornalista Tereza Kawall descreve o comportamento humano, assim: “Trancados nas nossas cavernas virtuais domésticas, dentro de automóveis escuros e blindados, vamos em frente, vivendo a estranha ilusão de estarmos ‘plugados’, conectados com o mundo”.

Concordo plenamente. Muitos fatores influenciam este comportamento. A violência, por exemplo. Está difícil sair de casa, independente de horário, a sensação de intranquilidade é constante. Nas famílias, quando os filhos saem de suas casas e os pais necessitam preencher o vazio que fica. A própria degradação do meio ambiente torna a todos mais inseguros quanto ao futuro. Então, em um primeiro momento, os sites de relacionamento e outras tecnologias suprem falsamente a necessidade do contato entre as pessoas.

Por isso, os seres-humanos buscam adotar cães e gatos. Segundo a reportagem da revista Planeta, “quando pessoas brincam e trocam olhares com os seus cães os níveis do hormônio que estimula a sensação de afeto entre a mãe e o bebê são sempre maiores do que antes”. A revista também cita que casais estão adotando cães ao invés de ter seu próprio bebê.

Muitas residências são habitadas por caninos e felinos. Na maioria destes locais, os cães são tratados como uma criança, um ser humano. Já vi um cachorrinho que toma café preto depois do almoço. De acordo com especialistas, as manifestações dos animais, a troca de olhares e vê-los satisfeitos traz um retorno positivo ao seu dono.

“Ao lado de nossos companheiros caninos ou felinos, podemos mostrar sem pudor nossa fraqueza, nosso desamparo, nossa dor. Podemos demonstrar, da mesma forma, nossa força e coragem. Podemos ter certeza de que somos importantes na vida de alguém ou, simplesmente falando, de que somos amados”, conclui Tereza.
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Texto publicado no jornal Gazeta Regional do dia 14 de novembro de 2009

sábado, 7 de novembro de 2009

Nem o guarda-chuva resolve

O preço da passagem sobe e os transportes públicos estão cada vez piores. Neste sábado chuvoso, 7 de novembro, o que todos queriam era chegar em seus destinos o mais seco possível.

No horário das 12h, os ônibus passam na locomotiva (parada na Avenida Presidente Vargas, em Santa Maria) quase lotados e todos buscam entrar com pressa para garantir os melhores lugares.

Sentei no banco do corredor, com uma amiga, que estava ao lado da janela. Durante a viagem, no meio do caminho, começou a chover dentro do ônibus. Sim, havia uma goteira em cima de nós. A água escorria pela placa dos números das poltronas. Nada agradável.
Fotos: Bernardo Brotolotto

Goteira molhou passegeiros em ônibus durante viagem SM - SPS

Já não bastasse a passageira ao meu lado me contar que sentou em um banco molhado (justificado pela goteira). Agora, se você nunca fez o trajeto, Santa Maria (SM) – São Pedro do Sul (SPS), imagine o cheiro de um banco sujo e antigo molhado. Terrível.

Diante da situação abrimos um guarda-chuva. Não adiantou, porque as gotas escorriam pelo pano do guarda-chuva e molhavam o outro lado.

Compartimento interno de bagagens estava encharcado

Ouvimos alguns gritos de protesto. Nas poltronas atrás de nós, números 25 e 26, também havia uma goteira. Parecia até que escorria mais água. Todos estavam cobrando um serviço descente por parte da empresa responsável pelo transporte. Aliás, o valor da passagem está salgado.

O que podíamos fazer naquela ocasião? Nada! Eu até aparei alguns pingos de água com a mão. No corredor também tinha goteira.

Lamentavelmente os passageiros são desrespeitados. É um abuso! É o único comércio que o cliente não tem razão nunca. Nem sequer é ouvido. E esse problema (e muitos outros também) é antigo. O preço da passagem aumenta e a qualidade do transporte piora. E a culpa é sempre do combustível.

É bem como disse minha amiga ao descer do ônibus. “Tu paga quase R$ 6 e sai toda molhada”.

Você já sabe que este ônibus tem goteira. Chove no corredor e, pelo menos, nas poltronas 21, 22, 25 e 26

Previna-se!


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Santa Maria incentiva São Pedro

O município de Santa Maria incluiu São Pedro do Sul em rota turística religiosa. Santos Caminhos da Fé terá roteiro que passará por 10 cidades com nomes de santos. O projeto será lançado no final do mês, no 21º Festival do Turismo de Gramado. É a oportunidade para nossa cidade se lançar no cenário turístico estadual, nacional e mundial, por que não?

O projeto santa-mariense inicia com visitação à Basílica da Medianeira, em Santa Maria, no sábado. Durante uma semana os turistas irão visitar templos e atrativos culturais dos municípios com nome de santo, incluindo São Pedro. Depois destas visitações, o grupo retorna à Santa Maria para receber o certificado de Peregrino dos Santos Caminhos da Fé.

Santa Maria já pensa no retorno econômico ao município e à divulgação aos fiéis que participam e/ou ainda vão participar da Romaria (ocorre neste domingo, dia 08). A iniciativa também vai gerar renda nos municípios que receberão os turistas. Aqueles que souberem aproveitar esta oportunidade podem alavancar o turismo em sua região. É o caso de São Pedro do Sul que dispõe de potencial histórico invejável.

Para isto ocorrer será necessário conscientização da comunidade deste potencial. Como, por exemplo, as madeiras petrificadas com cerca de 200 milhões de anos. O governo também deverá fazer a sua parte. O comércio também deve estar preparado para receber os visitantes. Num primeiro momento, o roteiro destes turistas deve ser restrito, porém, nada impede uma parceria para ampliar o mapa de visitação, incluindo locais, como Cerro do Itaquatiá, Ermida, Pedra Grande, entre tantos outros.

São Pedro pode crescer no cenário mundial turístico devido a grande quantidade de fósseis. Basta utilizar de forma correta esta riqueza que está abaixo do nosso solo. O turismo em São Pedro do Sul exige mudanças de comportamento social, investimentos público e privado e muita organização. Vejo aí um começo. Lembro que o município ingressou na rota do Caminho das Origens. É um avanço importante. O turismo exige investimentos altos e o retorno é para médio e longo prazo. Com a força da Santa aqui do lado, São Pedro pode chegar ao progresso mais cedo do que o imaginável.

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Texto publicado no jornal Gazeta Regional do dia 07 de novembro de 2009