terça-feira, 1 de junho de 2010

O vento, a sintonia, o descontrole

Uma pipa desgovernada no ar, apesar do vento calmo. A armação de varetas frágeis e papel seda estão sem controle. Fora do alcance das mãos. O pensamento tenta mudar sua direção, mas não tem sucesso, é em vão. Metros de altura separam a pipa e seu companheiro. Um barbante fino e quase no fim conecta os dois. O vento, a sintonia, o descontrole e alguns metros de barbante.

A pipa está cada vez mais longe, ganha o céu. Está livre e com vontade de voar. O barbante no fim. Será que nunca mais a pipa e seu companheiro estarão juntos? Quantos vôos alçados, quanta alegria, quantos sorrisos. O vento aliado de tantas outras situações aumenta sua força. Está impiedoso. A cordinha desliza entre os dedos. Uma conspiração!

Agonia! Em desespero um puxão no barbante pode ser a decisão errada. O papel pode rasgar, talvez, as varetas não resistam. Um suspiro. Um respiro profundo. A calma está mantida. Parece que o vento está mudando a direção e perdendo força. Um jogo de paciência, habilidade e precisão. Concentração e alguns centímetros de barbante são ganhos. Um início. Uma reaproximação.

Ninguém por perto percebe a aflição, o sofrimento que é a distância proposital, incerta e indesejada. E o pior, a proximidade escorrega pelas mãos sem controle. Parece fácil. Não é! O vento pode decidir se pipa e companheiro voltarão a estar juntos. Ventos fortes e fracos exigem controles diferentes. O segredo é saber manejar conforme os ares sopram. Mas se a pipa não quiser, deixe ela voar.

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