domingo, 23 de maio de 2010

Saudade só de cheirar

Foto: Bernardo Bortolotto
Nem parecia ser, mas já era quinta-feira. Às vezes o ritmo alucinante de uma redação nos tira a noção do tempo. Já era quase cinco horas da tarde. O céu estava nublado e o vento era frio. Peguei um ônibus em direção ao centro de Santa Maria. A aula iniciava uma hora e meia mais tarde. Desci na parada, três quadras antes da faculdade. Nesse intervalo de uma hora, eu tinha que escrever para o Gazeta. Mas, o quê?

Farejei o assunto na primeira esquina que atravessei. Graças à padaria que estava do outro lado da rua. O pão quente e os outros lanches que eram servidos exalavam um aroma suculento pela porta. Eu não estava com fome. Contudo, a partir dali, passei a prestar atenção em cada cheiro que sentiria pelo caminho.

Do concreto ao mais doce perfume. Como provamos cheiros diferentes todos os dias. Aromas ou odores que tocam a lembrança ou provocam nossa imaginação e até revelam o perfil das pessoas.

Depois da padaria veio o cheiro de limpeza, de água sanitária. Olhei para o chão, a calçada ainda estava úmida. Logo à frente senti o cheiro de couro, não era pra menos, pois eu passava em frente a uma sapataria. Fumaça! Estava numa esquina esperando os carros passarem para atravessar. Tranquei a respiração, por cinco segundos.

Rua atravessada, veio o cheiro de uma planta ou era de uma árvore? Não sei, era agradável e breve também. Duas quadras depois, outra padaria. Com pouco cheiro, aliás, só o de pisos. Alguma parede acabara de ser pintada, o cheiro de tinta estava forte.

Entrando na faculdade, veio o corredor. Muitas pessoas, muitos cheiros. Cheiro de perfumes, masculinos e femininos. Um me chamou a atenção. Era ousado. Uma fragrância doce, forte e provocadora. Colocada em excesso? Logo identifiquei quem estava exalando aquele cheiro(odor?). Bem, não poderia ser de outra pessoa. Que estilo!

Já dentro do elevador, outros aromas se misturavam. Parei de dar tanta atenção ao nariz, já não me agradava mais. Foram apenas três quadras que andei do centro urbano de Santa Maria. Foram cheiros bons e cheiros ruins. Foi então que pensei (ou cheirei?): “Que saudade do interior!”.

Um comentário:

  1. Nada igual ao interior eheheh...
    Grande abraço meu primo ...Parabens pelos textos muito bons....Felicidades

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